O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno neurodesenvolvimento. Isso quer dizer que os sintomas se manifestam cedo no desenvolvimento da pessoa, em geral antes de a criança ingressar na escola. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), as características essenciais do TEA podem ser organizadas em dois grupos (Critérios A e B):
Esses sintomas precisam estar presentes desde o início da infância (Critério C) com frequência e intensidade que limitam e prejudicam o bom funcionamento da pessoa no seu cotidiano (Critério D). Além disso, deve-se investigar se essas alterações não são melhor explicadas por outra condição (Critério E).
O TEA pode ser classificado em diferentes níveis. Esses níveis são avaliados considerando os prejuízos vivenciados pela pessoa na comunicação social e em padrões de comportamento rígido e restrito, sendo classificados em Nível 1 (exigindo apoio), Nível 2 (exigindo apoio substancial) e Nível 3 (exigindo muito apoio substancial).
Os casos em que os prejuízos podem ser classificados como de gravidade menor, considerando os três níveis existentes, normalmente são diagnosticados mais tardiamente. Algumas pessoas podem chegar à idade adulta sem o diagnóstico de TEA, ainda que tenha passado por dificuldades importantes nos processos de comunicação e interação social (por exemplo: uma pessoa que consegue se envolver na comunicação, embora apresente falhas na conversação com os outros e comumente não obtenha sucesso nas tentativas de fazer amizade). Essas pessoas também podem passar por dificuldades no processo de desenvolvimento de independência, uma vez que a inflexibilidade no comportamento causa interferência no funcionamento em um ou mais ambientes (por exemplo: dificuldade em trocar de atividades, problemas para organizar e planejar atividades).
Considerando as possibilidades de apresentação do TEA, o processo de diagnóstico do TEA Nível 1 (com menor necessidade de suporte) é o mais desafiador, especialmente quando realizado tardiamente. Isso porque a condição pode ser confundida com outros transtornos ou passar despercebida, já que muitos indivíduos com níveis menores de prejuízo podem apresentar boa capacidade de independência. Além disso, muitos adultos utilizam estratégias compensatórias para mascarar suas dificuldades em público. Entretanto, é importante destacar que essas pessoas podem carregar um sentimento frequente de inadequação ou podem se sentir esgotadas pelo esforço constante de se adequar socialmente. Assim, é comum que o TEA esteja associado a quadros depressivos e ansiosos (fobias específicas, ansiedade social e agorafobia são exemplos mais comuns).
Abaixo serão apresentados alguns sintomas e comportamentos comuns do TEA na fase adulta.
1) Prejuízos na comunicação e na interação social:
2) Padrões restritos e repetitivos de comportamento:
A presença desses comportamentos e sintomas (ou a maioria deles) é um sinal de alerta, mas não representa o diagnóstico de TEA. Para o diagnóstico de TEA, todos os critérios citados no início deste texto precisam ser preenchidos (Critérios A, B, C, D e E). Por isso, é necessária uma investigação cuidadosa, que normalmente é realizada por mais de um profissional.
Diante da dúvida, a busca por profissionais especializados é o caminho mais indicado. O psiquiatra e o neurologista (áreas da medicina) e o psicólogo especialista em avaliação neuropsicológica (neuropsicólogo) são exemplos de profissionais capacitados para esse tipo de avaliação.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – 5 ed., texto revisado. (DSM-5-TR). Porto Alegre: Artmed, 2023.
CONSTANTINO, J; GRUBER, P. C. SRS-2 – Escala de Responsividade Social. 2. ed. São Paulo: Hogrefe, 2020.