Obesidade e Coronavírus.

A Dra. Juliana, endocrinologista da Clínica Rezende, disponibilizou um texto sobre o assunto. Clique aqui.

* Por Juliana Costa

Você sabia que a obesidade é fator de risco para coronavírus?

No Brasil, mais da metade da população tem sobrepeso e a obesidade atinge um a cada cinco brasileiros, de acordo com dados da pesquisa publicada em 2019. A obesidade é considerada um fator de risco para diversas doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares e complicações pulmonares, doenças que também determinam um maior risco de desenvolver um quadro grave de COVID-19.

IMUNIDADE

A obesidade, hipertensão, diabetes ou qualquer doença que diminua a imunidade pode ser fator de risco para desenvolver forma grave de COVID-19. Se uma pessoa obesa tem a doença causada pelo novo coronavírus, seu corpo passa a lutar contra dois quadros diferentes. A obesidade , por si só,
causa um estado de inflamação crônica no corpo. Isso afeta o funcionamento de algumas células que têm a função de barreira protetora no nosso organismo . Além disso, o processo inflamatório crônico, causa uma redução da imunidade. Dessa forma, a gravidade da infecção por COVID – 19 pode ser maior para esse paciente.

A obesidade também pode prejudicar a capacidade respiratória, que é fortemente afetada em pacientes com a doença causada pelo novo coronavírus. Quando se expande, o pulmão se esforça muito para empurrar o peso do tórax de uma pessoa obesa, causando fadiga da musculatura respiratória. No mesmo sentido, o diafragma também precisa fazer uma força muito maior para vencer a pressão intra-abdominal.

Além de respeitarem as orientações de isolamento e higiene para evitar o vírus, as pessoas devem continuar se alimentando de forma saudável e se possível, praticando exercícios dentro de casa.
Ajuda a fortalecer a imunidade e a manter o melhor controle das comorbidades. Se você é obeso, também pode começar hoje. Minha recomendação é que você procure a orientação de profissionais que
estão atendendo online, via telemedicina, regulamentada recentemente pelo CFM.

Síndrome de Burnout

Síndrome de Burnout, você sabe o que é? 

* Por Fernanda Rezende

Síndrome de Burnout, você sabe o que é?

SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Burnout, também chamada de Síndrome do Esgotamento
Profissional, é considerada como um evento psicossocial ligado diretamente à situação laboral, em que o sujeito busca a realização pessoal através do seu trabalho. Portanto, é tida como uma doença de trabalho.

O termo “burn” significa queima e “out” significa exterior, sugerindo que a
pessoa com esse tipo de estresse se consome física e emocionalmente, passando muitas vezes a apresentar um comportamento agressivo.
A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.

Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como professores, médicos, enfermeiros, policiais, jornalistas dentre outros.

A Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações
em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidade suficiente para os cumprir.

OS PRINCIPAIS SINTOMAS SÃO:

 Nervosismo;
 Sofrimentos psicológicos;
 Problemas físicos (dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas). O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes,
podem indicar o início da doença.

Para o diagnóstico, deve-se levar em conta as características individuais de cada um, associadas às do ambiente e às do trabalho, que propiciam o aparecimento dos fatores multidimensionais da síndrome: exaustão emocional, distanciamento afetivo e a baixa realização profissional.

A prevalência do Burnout nos vários países ainda é incerta, mas dados apontam acometimento significativo que justifica mais estudos a respeito dessa patologia com fatores de risco multifatoriais (indivíduo, trabalho, organização).

TRATAMENTO

O tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver o uso de medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilo de vida (atividade física e de relaxamento, dieta equilibrada, etc.) são fundamentais.

PREVENÇÃO

Principais formas de prevenção:
 Defina pequenos objetivos na vida pessoal e profissional;
 Faça atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em
restaurantes ou ir ao cinema;
 Evite contato com pessoas negativas, principalmente quando o assunto for relacionado ao trabalho;
 Converse com alguém de confiança sobre o que está sentindo;
 Não se automedique.

Para mudanças positivas, as decisões nas instituições têm de ser baseadas em evidências científicas sobre a abordagem e o tratamento que  mantenham a saúde mental para, só assim, alterarem as políticas de benefícios e os recursos humanos direcionados.

Fonte: Ministério da Saúde: www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/sindrome-de-burnout

Algumas considerações antes que Janeiro termine

Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

* Por Vivian Hauck

Janeiro Branco: Algumas considerações antes que o mês termine. Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

Devido à campanha do Janeiro Branco, um pouco mais se falou nesse mês sobre a importância da saúde mental. Mas o que, afinal, chamamos de “saúde mental”?  Saúde mental é somente não ter nenhum tipo de doença mental? Será que o que define saúde mental para uma pessoa é o mesmo que a define para todas as outras pessoas? Existe prescrição que dê conta de dizer a todos os sujeitos o que eles deveriam fazer para, enfim, possuírem saúde mental?

Saúde mental e singularidade

Cada sujeito tem uma história, a sua história. Nasceu em um determinado lugar, em uma determinada família, foi cercado por determinadas possibilidades, fez e faz diferentes escolhas na vida que o levaram e levam a outras possibilidades e novas escolhas. Não há como prever onde esse caminho levará. Quando a realidade se impõe, quando se há desejo e escolhas em jogo, não há garantias. E vão ser essas escolhas que irão nos construir, dia a dia. É como disse Clarice Lispector em um de seus livros: “[…] Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes.” (2009, p. 176).¹

Entretanto, apesar de não possuirmos qualquer tipo de garantia, talvez possamos dizer que nenhuma trajetória será livre de dificuldades, conflitos e algumas pedras no meio do caminho. E talvez “saúde mental” seja justamente a possibilidade de um sujeito, diante dos impasses da vida, de se transformar, de recriar, de mudar a trajetória quando for preciso e de se reconstruir a seu modo. E se, em um determinado momento, esse mesmo sujeito se der conta de que não consegue instaurar tamanho movimento sozinho, que ele possa pedir ajuda a um outro. Talvez isso também seja indício de saúde mental.

O sofrimento psíquico do outro

E quando é o outro que sofre? O que é possível oferecer? Como é possível ajudar? Colocar-se disponível para escutar o que outro sujeito tem a dizer sobre seu sofrimento psíquico pode não ser fácil nem resolutivo, mas é um começo. Escutar verdadeiramente, sem se prender a uma ilusão de que já se sabe do que aquele outro sofre antes mesmo que ele possa dizer algo sobre isso. Ou à ilusão de já se ter certeza de como solucionar tal sofrimento, talvez por haver vivenciado experiência parecida.

Quanto a isso, cito aqui uma passagem de Freud que reli recentemente, na qual ele diz que “[…] as impressões e experiências externas podem fazer exigências de intensidade diferente a pessoas diferentes e aquilo que é passível de ser manejado pela constituição de uma pessoa pode ser uma tarefa impossível para a de outra.” (1938/1940, p. 103).² Há singularidade no sofrimento psíquico e singularidade na trajetória de cada um, que não nos esqueçamos disso. É somente a partir dessa concepção e posição que poderemos efetivamente nos colocar à disposição para dar suporte a alguém que sofre.

Saúde mental para além de Janeiro

Janeiro finda, porém desejo que os efeitos da campanha de conscientização da saúde mental possam perdurar. Que Janeiro tenha podido ser semente para que as mais diversas temáticas que envolvem a saúde mental estejam presentes em muitas outras discussões e reflexões ao longo do ano. E que possamos acolher de fato, sem muitos julgamentos e pré-conceitos, nosso próprio sofrimento e o sofrimento do outro.

Leia também sobre Família e Saúde Mental clicando aqui. 

¹ LISPECTOR, C. A Paixão Segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

² FREUD, S. Um exemplo de trabalho psicanalítico. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol23, pp. 102-109). Rio de Janeiro: Imago, 1938/1940.

 

Família e Saúde Mental

A importância da família na promoção, prevenção e tratamento da Saúde Mental.

* Por Diana Lopes

Família e Saúde Mental: A importância da família na promoção, prevenção e tratamento da Saúde Mental.

A importância da família na formação do indivíduo

Em reconhecimento da importância da família em nossa formação como seres humanos, nós da Clínica Rezende decidimos abordar este tema em nossa campanha do Janeiro branco. Não pretendemos esgotar o assunto dada a complexidade do papel da família na formação do indivíduo, temos como principal objetivo informar e incentivar para que as pessoas pensem mais sobre suas vidas e como ajudar os entes queridos que atravessam um momento difícil. Quando abordamos a família queremos propor a reflexão e a busca pela qualidade nos relacionamentos que tem impacto direto na promoção, prevenção e tratamento no âmbito da saúde mental.

Família e Saúde Mental

Segundo o pesquisador britânico John Bowlby, que se dedicou aos estudos dos vínculos, as relações parentais são determinantes na construção do estilo afetivo de seus membros, funcionam como regulador emocional e são centrais na estruturação da identidade pessoal. Nas abordagens mais atualizadas em psicologia e psiquiatria (estudos atualizados sobre vínculos humanos) trabalha-se com a perspectiva de que a maioria dos transtornos psicopatológicos podem ter relação direta com as características e estilo dessa dinâmica familiar. No final deste artigo citaremos alguns estilos afetivos resultantes da pesquisa e estruturação de Bowlby*.

De qualquer modo, os transtornos mentais na maioria dos casos possuem tratamentos que amenizam sintomas ou até mesmo sanam os problemas. Em busca de um resultado efetivo é imprescindível que se inicie dentro do próprio lar por meio de supervisão, suporte e compreensão à saúde das pessoas afetadas. Essa relação e a implicação da família no provimento de cuidados com o portador de sofrimento psíquico passam por diferentes etapas e varia de acordo com a realidade de cada grupo familiar e contextos aos quais estão inseridos.

Como estratégia na construção do sucesso do tratamento destacamos a busca de informações, envolvimento, acolhimento e a escuta por parte da família à pessoa em tratamento. Nossa equipe prioriza e sugere o fortalecimento de ações que possam criar espaços de interação, apoio e suporte afetivo por acreditarmos que é por meio do vínculo e no cuidado que se desenvolve intervenções singulares, personalizadas e mais efetivas. Isto por representar uma maior garantia de respeito à subjetividade dos
sujeitos envolvidos e para esta abordagem é indispensável a participação da família.

Como alertar a família a lidar com a pessoa em sofrimento

Sob este aspecto alertamos sobre o modo como a família lida com a pessoa em sofrimento. Em vários estudos sobre o papel da família no tratamento detectamos alguns pontos importantes de serem considerados, como por exemplo, a infantilização do portador de sofrimento psíquico. Essa  infantilização, além de dificultar a autonomia do paciente, o tira do lugar de um sujeito que tem sua história, sua individualidade, suas vontades, desejos e, principalmente, o destitui como principal agente para o enfrentamento do próprio sofrimento. Além disso, é importante alertar de que a família também pode ter seus ganhos secundários com o adoecimento, pois pode fazer do portador de transtorno mental o “bode expiatório” para os problemas da família e assim esta não precisar olhar para o próprio funcionamento.

Por outro lado, salientamos que há sobrecarga familiar de um modo geral a respeito da dor e sofrimento causados por se ter um parente nessas condições, desde aspectos relacionados as expectativas dos
familiares em relação ao tratamento, gastos financeiros, lida da rotina do ente em sofrimento, sentimento de culpa, falta de informação sobre o quadro clínico, para citar alguns fatores que transformam desde as
relações afetivas até a dinâmica familiar.

Propomos para amenizar a sobrecarga familiar e alcançar o cuidado em saúde mental a construção uma rede de cuidados articulada em que todos sejam envolvidos, não deixando o indivíduo somente como responsabilidade da família ou dos profissionais de saúde, mas integrando estratégias possíveis para atendê-lo de forma integral e humanizada. Incentivamos a interação dessas pessoas com a sociedade, a criação de
laços de amizade, atividades culturais, de comunidade, de trabalho ou de estudo, que se constituem como importantes bases de apoio ao indivíduo e à família em momentos de crise. O filme “Coringa” ilustra esse ponto de um modo crítico e impactante sobre como toda a sociedade pode influenciar na saúde mental do indivíduo em diversos aspectos, e, para mudar este panorama, precisamos nos posicionar de maneiras alternativas e mais integradoras.

Na perspectiva da promoção e prevenção de saúde, sugerimos que as famílias também se coloquem disponíveis para serem cuidadas e ouvidas por profissionais e instituições que favoreçam tanto a reflexão
sobre o próprio funcionamento como grupo – questões do cotidiano, conflitos, comportamentos, relacionamentos, estilo afetivo, dinâmica familiar, etc. – quanto ao fortalecimento pessoal diante do momento que enfrentam. Afinal, perceber a família constituída como a reunião de pessoas que sofrem, que enfrentam momentos desestabilizadores, como separação, luto, perda de emprego, carência afetiva, dificuldades financeiras entre outros problemas cotidianos é a via de acesso para se obter capacidade de
superação, restabelecimento emocional e efetividade também quando se está em tratamento.

Dessa forma, propomos o modo como avançar na atenção à saúde mental uma abordagem voltada à integração entre profissionais, as famílias e toda sociedade. Por isto uma boa equipe de assistência clínica se disponibiliza e considera a família como recurso e estratégia de intervenção, estimula a sociedade em geral a se construir como lugar de convivência do portador do sofrimento e funciona como importante auxílio para a família. Sim, aquela frase clichê das redes sociais tem razão de ser: “Juntos somos mais fortes”.

Confira algumas dicas para família:

  • Assegurar-se que a pessoa seja avaliada por uma equipe especialista em saúde mental;
  • Evitar preconceito através da revisão de como percebe o sofrimento da pessoa;
  • Informar-se para compreender a doença, através de leituras, pesquisas, entre outros meios;
  • Compreender que o indivíduo não escolheu estar ou ser assim;
  • Saber ouvir e dar atenção necessária;
  • Oferecer companhia neste momento difícil;
  • Observar atentamente mudanças de comportamento;
  • Respeitar cada momento do paciente, incentivando atividades, mesmo na recusa;
  • Lembre-se que em situações difíceis um abraço pode ser a melhor solução;
  • Apresentar a família e a comunidade como suporte fundamental para que o sujeito crie vínculos;
  • Na medida do possível envolver amigos, grupos e rede de apoio;
  • Família buscar auxílio profissional;

Estilos de apego de John Bowlby:

Segundo as teorias mais atualizadas sobre a condição humana o estilo de apego é estruturante da personalidade e influencia nas relações afetivas durante todo o ciclo de vida.

Apego Seguro

Tendem a ter opiniões positivas sobre si mesmas e sobre seus parceiros. Elas tendem, também, a ter opiniões positivas sobre seus relacionamentos. Muitas vezes elas relatam maior satisfação e harmonia em seus relacionamentos do que pessoas de outros estilos de apego. Pessoas seguramente apegadas sentem-se confortáveis tanto com a intimidade quanto com a independência. No padrão seguro o relacionamento
cuidador-criança é provido de uma base segura, na qual a criança pode explorar seu ambiente de forma entusiasmada e motivada e, quando estressadas, mostra confiança em obter cuidado e proteção das figuras de apego, que agem com responsabilidade. As crianças seguras incomodam-se quando separadas de seus cuidadores, mas não se abatem de forma  exagerada

Apego Evitante

Desejam um alto nível de independência. O desejo de independência, frequentemente, aparece como uma tentativa de evitar o apego. Eles veem a si mesmos como auto-suficientes e invulneráveis a sentimentos associados com estarem intimamente ligados a outros. Eles muitas vezes negam necessitar de relações íntimas. O padrão evitativo brinca de forma tranqüila, interage pouco com os cuidadores, mostra-se pouco inibido com estranhos e chega a se engajar em brincadeiras com pessoas desconhecidas durante a separação dos cuidadores. Quando são reunidas aos cuidadores, essas
crianças mantêm distância e não os procuram para obter conforto.

Apego Ambivalente

Buscam por altos níveis de intimidade, aprovação, e receptividade de seus parceiros. Elas, muitas vezes, valorizam a intimidade a tal ponto que se tornam excessivamente dependentes de seus parceiros. Elas, frequentemente, duvidam de seu valor como parceiras e culpam-se pela falta de receptividade de seus parceiros. O padrão resistente ou ambivalente é caracterizado pela criança que, antes de ser separada dos cuidadores, apresenta comportamento imaturo para sua idade e pouco interesse em
explorar o ambiente, voltando sua atenção aos cuidadores de maneira preocupada.
Após a separação, fica bastante incomodada, sem se aproximar de pessoas estranhas. Quando os cuidadores retornam, ela não se aproxima facilmente e alterna seu comportamento entre a procura por contato e irritação/raiva.

Apego Desorganizado

Têm sentimentos mistos sobre relacionamentos íntimos. Por um lado, elas desejam ter relações emocionalmente íntimas. Por outro lado, elas tendem a se sentir desconfortáveis com a intimidade emocional. Estes sentimentos mistos são combinados com, às vezes inconscientemente, opiniões negativas sobre si mesmas e seus parceiros. Elas geralmente veem a si mesmas como indignas da receptividade de seus parceiros, e não confiam nas intenções deles. Composto por crianças que tiveram experiências negativas para o desenvolvimento infantil adaptado apresentavam
comportamento contraditório para lidarem com a situação de separação. Na presença dos cuidadores, antes da separação, essas crianças exibem um comportamento constante de impulsividade, que envolve apreensão durante a interação, expressa por brabeza ou confusão facial, ou expressões de transe e perturbações.

Fonte: http://actinstitute.org/blog/teoria-do-apego-entenda-o-que-e-conheca-os-4-tipos-de-vinculo/

Leia também sobre Alimentação na ansiedade e depressão.

Textos e leituras utilizados:

Balbi, Juan. (2011). La dimensión emocional humana y psicopatología. Disponível em http://juanbalbi.com/es/Articulo13.pdf

Bowlby, John. (1982). Formação e rompimento dos laços afetivos. São Paulo:Martins fontes.

Dalbem, J. X.; Dell’aglio, D. D.(2005) Teoria do apego: bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 57, n. 1, p. 12-24.

Mielke Fb, Kohlrausch E, Olschowsky A, Schneider JF. (2010). A inclusão da família na atenção psicossocial: uma reflexão. Rev. Eletr. Enf. 2010 out/dez;12(4):761-5.

Rey, Fernando González. (2011). Subjetividade e saúde: superando a clínica da patologia. São Paulo: Cortez.

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental?

Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental? Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

Há alguns anos foi lançada a Campanha Janeiro Branco com o objetivo de convidar a  todos a refletirem e se conscientizarem de como estão cuidando de sua Saúde Mental. Portanto, é uma campanha destinada a que as pessoas pensem na forma como estão lidando com suas emoções e relacionamentos, no quanto estão valorizando o sentido e o propósito das suas vidas.

DADOS SOBRE SAÚDE MENTAL

Para falarmos de Janeiro Branco, o mês da conscientização da Saúde Mental, primeiramente vamos citar alguns dados.

Pontualmente, 12% das pessoas em geral necessitam de algum
atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual (1) . Dados de um relatório global recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontaram que o número de pessoas com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015 (2) . Num levantamento realizado na região metropolitana de São Paulo foi observado que aproximadamente 30% dos entrevistados
preenchiam critérios para um transtorno psiquiátrico nos 12 meses anteriores. Os transtornos mais comuns foram os ansiosos (19,9%), do humor (11%), do impulso (4,3%) e aqueles associados ao abuso de substâncias (3,6%) 3 . Segundo dados do mesmo relatório da OMS
supracitado, na população brasileira a prevalência de depressão é de 5,8% e 9,3% a de ansiedade (2).

No entanto, 73,5% dos adultos com transtornos mentais moderados e graves ao redor do mundo não recebem tratamento. Em relação à depressão, 65% das pessoas com esse transtorno não recebem nenhum tipo de intervenção adequada. A depressão já é a principal causa de incapacidade em todo o mundo (2).

VAMOS FALAR SOBRE COMO CUIDAR DA NOSSA SAÚDE MENTAL?

Diante de dados tão alarmantes, a grande questão que nos intriga é: como cuidar da nossa Saúde Mental, ter uma vida emocional equilibrada e prevenir o aparecimento de transtornos mentais? Certamente, não são perguntas fáceis de serem respondidas. Isso porque os determinantes da Saúde Mental envolvem múltiplos fatores, tais como: características individuais (a forma como administramos nossas emoções e comportamentos, como lidamos com os desafios da vida contemporânea, como estabelecemos as relações com as outras pessoas). Mas também os fatores sociais e ambientais são muito importantes (baixa renda, desemprego, violência urbana), assim como aqueles de ordem cultural e política.

Para aquelas pessoas já acometidas por algum transtorno mental, devemos pensar que a identificação precoce desse transtorno e o manejo apropriado dessa condição pode ser fundamental para o processo de recuperação, ou seja: redução dos fatores estressores, fortalecimento do suporte social, acesso a intervenções psicossocias adequadas, incluindo psicoeducação, tratamentos psicológicos e acesso às medicações indicadas. Para tanto, é
essencial a realização de campanhas para se reduzir o estigma e a discriminação em relação aos transtornos mentais (4) . As pessoas em geral precisam compreender a verdadeira natureza do adoecimento psíquico para reduzirem o preconceito em relação a essa situação, também em relação à busca pelo tratamento mais adequado.

COMO EVITAR QUE SEJAMOS ACOMETIDOS POR UM TRANSTORNO MENTAL

Mas uma pergunta ainda persiste: como evitar que sejamos acometidos por um transtorno mental (o que chamamos de prevenção primária)? Novamente, eis um grande desafio. Mas gostaríamos de trazer algumas orientações e sugestões para uma melhor Saúde Mental:

  • Conheça a si mesmo! Busque o autoconhecimento, seus valores e propósitos, o sentido da sua vida. Se necessário, procure uma psicoterapia.
  • Preocupe-se mais com você! Procure fazer coisas que lhe tragam prazer, deseje estar sempre que possível próximo às pessoas que você ama e que lhe querem bem.
  • Cuide do seu corpo! Procure se alimentar de maneira equilibrada, reserve um tempo para fazer atividade física e tente dormir bem. Evite o uso exagerado de álcool e de outras drogas.
  • Procure acreditar em algo! Se isso fizer sentido para você, não tenha receio de desenvolver sua fé, cultivar sua dimensão espiritual. Isso inclui também ajudar o próximo.
  • Cuidado com as expectativas! É necessário ser mais realista, grande parte do nosso sofrimento vem de esperar para além da conta, até mesmo sobre os relacionamentos interpessoais.
  • Seja otimista! Uma visão negativa das coisas é fonte geradora de angústia e de sofrimento. Procure sempre que possível enxergar o lado bom dos fatos.

Referências bibliográficas:

1. Thornicroft G, Atalay G, Alem A, Santos RA, Barley E, Drake RE et al. WPA guidance on steps, obstacles and mistakes to avoid in the implementation of community mental health care. World Psychiatry 2010; 9(2):67-77.
2. World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates. Geneva: WHO, 2017.
3. Andrade LH, Wang YP, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, Siu ER et al. Mental disorders in megacities: findings from the São Paulo megacity mental health survey, Brazil. PLoS One 2012; 7(2):e31879.
4. Associação Brasileira de Psiquiatria. Diretrizes para um modelo de atenção integral em Saúde Mental no Brasil. Rio de Janeiro: 2014.

Leia também sobre Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental, clicando aqui.

Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental

Você sabe o impacto da Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental? Estamos vivenciando as festas de final de ano, então, podemos nos questionar de que maneira a Religiosidade e a Espiritualidade podem influenciar nossa Saúde Mental.

* Por Alexandre de Rezende

Você sabe o impacto da Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental?  Estamos vivenciando as festas de final de ano, acabamos de comemorar o Natal, que para os cristãos é a celebração do nascimento de Jesus. Então, podemos nos questionar de que maneira a Religiosidade e a Espiritualidade (R/E) podem influenciar nossa Saúde Mental.

RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE

Para iniciarmos essa discussão, é necessário trazermos os conceitos de Religiosidade e Espiritualidade. Segundo os principais estudiosos no mundo sobre o tema, a Espiritualidade poderia ser definida como a busca pessoal para entender as questões finais sobre a vida, sobre seu significado e suas relações com o sagrado e o transcendente. Já a Religiosidade seria um
sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos designados para a aproximação com o sagrado (1) .

Durante muito tempo, a comunidade científica, sobretudo psiquiatras e psicólogos, acreditava que as vivências religiosas eram prejudiciais, muito influenciada pela posição antirreligiosa de alguns autores, que propunham que a Religião exercia uma influência irracional e primitiva, portanto negativa, no psiquismo das pessoas.

No entanto, nas últimas quatro décadas, pesquisas científicas mais rigorosas foram realizadas e publicadas nas principais revistas médicas e psicológicas do mundo, encontrando uma associação positiva entre envolvimento religioso e Saúde Mental. Essas pesquisas mostram que indivíduos com taxas mais altas de R/E possuem melhores níveis de bem-estar e qualidade de vida. Em geral, pessoas com maiores vivências religiosas e espirituais têm menos depressão, ansiedade, comportamento suicida e uso e abuso de substâncias. Além disso, os recursos de R/E podem ser úteis tanto como fatores de proteção no desenvolvimento de
transtornos mentais, como no processo de enfrentamento desses problemas (2,3) .

Por outro lado, apesar desses aspectos positivos da R/E, existem também evidências mostrando que a Religião pode ser negativa. As práticas religiosas e espirituais podem ser fonte de conflitos e estresse para muitas pessoas, tais como o coping religioso-espiritual negativo. Por exemplo, indivíduos podem se sentir injustiçados por Deus, considerar sua
depressão como fruto de um castigo divino. Podem, ainda, se magoar pelos comportamentos de outros companheiros de fé ou, até mesmo, não concordarem com algumas atitudes de seus líderes religiosos (4) .

IMPACTOS SOBRE A SAÚDE MENTAL

Diversos mecanismos têm sido estudados e propostos para explicar o impacto da Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental. Então, podemos citar: proposição de comportamentos e estilos de vida saudáveis, fornecimento de uma comunidade de suporte social para contribuir na redução do isolamento e da solidão, construção de um sistema de crenças que influenciam na forma de lidar com o sofrimento e aceitação dos problemas da vida, assim como uma visão mais otimista e esperançosa do mundo 2 . Ou seja, de maneira geral, a R/E podem ter um impacto positivo sobre a Saúde Mental.

No entanto, temos que ter o cuidado para não “prescrevermos” Religião. O Brasil possui uma população muito religiosa: dados do último censo revelaram que 92% da população brasileira possuem alguma religião (5) . E há outros estudos apontando que 87% dos pacientes gostariam
que fossem abordados aspectos da R/E em seus tratamentos de saúde (6) . Então, os profissionais de saúde em geral devem ficar atentos em coletar informações acerca da vivência religiosa e espiritual dos pacientes, a chamada História Espiritual.

Questionar se o paciente acredita em algo, se tem alguma religião, se é membro de alguma comunidade religiosa e se esse grupo lhe dá algum suporte. Avaliar sobre a importância dos valores religiosos e espirituais na sua vida e se a R/E influenciam na forma como aquela pessoa lida com as dificuldades da vida. Ao identificarmos que se trata de alguém que dispõe desse recurso, devemos incentivá-lo a buscar essa dimensão, como forma de complementar os tratamentos de saúde tidos como formais.

Referências:

1. Koenig HG, McCullough M, Larson DB. Handbook of religion and health: a century of research reviewed. New York: Oxford University Press, 2001.
2. Moreira-Almeida A, Lotufo Neto F, Koenig HG. Religiouness and mental health: a review.
Revista Brasileira de Psiquiatria 28 (3): 242-50, 2006.
3. Bonelli RM, Koenig HG. Mental Disorders, Religion and Spirituality 1990 to 2010: a systematic evidence-based review. Journal of Religion and Health 52(2):657-73, 2013.
4. Weber SR, Pargament KI. The role of religion and spirituality in mental health. Current Opinion in Psychiatry 27:358-363, 2014.
5. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo Demográfico, 2010. Rio de Janeiro, 2010.
6. Lucchetti G, Lucchetti AG, Badan-Neto AM, Peres PT, Peres MF, Moreira-Almeida A et al. Religouness affects mental health, pain and quality of life in older people in an outpatient rehabilitation setting. Journal of Rehabilitation Medicine 43(4):316-22, 2011.

Leia também sobre o cuidado multidisciplinar aqui.

O cuidado multidisciplinar.

O trabalho organizado com equipe multidisciplinar surge como possibilidade de integrar os vários conhecimentos específicos, enriquecendo a compreensão de quem é atendido por esse tipo de abordagem e assim ampliando a eficácia interventiva.

* Por Diana Lopes

O cuidado multidisciplinar tem se tornado cada vez mais importante para melhores resultados dos pacientes. Leia esse texto e entenda um pouco sobre o cuidado multidisciplinar.

A crescente especialização no campo da ciência e tecnologia exigiu que profissionais de todas as áreas aprofundassem em áreas ainda mais particularizadas. Extremamente importante para aprofundar o conhecimento e as intervenções do saber específico de cada profissão, isto gerou respostas eficazes e, podemos dizer, conhecimentos mais
precisos. Como consequência natural desse movimento também gerou fragmentação do saber e em ações isoladas nas mais diversas áreas. Neste ponto é necessário nos apropriar de um dilema sobre essa evolução no campo cientifico e tecnológico: como integrar todos conhecimentos específicos?

Cuidado multidisciplinar e a área de saúde

Tá, e o que área de saúde tem com isto?
Bem, nas áreas de maquinarias e tecnologia vimos uma crescente tendência a prestação de serviço entre as instituições como forma de resolver a fragmentação de conhecimentos. Esta lógica também se aplicou na área de saúde e é uma pratica comum. Temos consulta com cardiologista, com neurologista, com psicólogo, com nutricionista, com fisioterapeuta, etc.

Especialidades

Ok, mas qual o problema de ter varias especialidades?
Quando esta prática é utilizada na área de saúde nos deparamos com um detalhe importante: O SER HUMANO. A complexidade humana exige consideração de um modo mais integral de olhar para a saúde. Estes conhecimentos especializados tão importantes nos faz , por exemplo, tomar medicação do cardiologista, mais medicações do neurologista, mais adoção de novos comportamentos a partir do trabalho com psicologo,
mais dieta prescrita por nutricionista, mais o conjunto de exercícios sugeridos pelo fisioterapeuta, e assim por diante. Será que isto resultaria em uma sobreposição de abordagens? Sobreposições de prescrições medicamentosas? Interferências e incongruências entre as várias condutas clínicas? Resposta, bem provável.

O trabalho da Equipe multidisciplinar

Humm, o que isto tem a ver com equipe multidisciplinar? O trabalho organizado com equipe multidisciplinar surge como possibilidade de integrar os vários conhecimentos específicos, enriquecendo a compreensão de quem é atendido por esse tipo de abordagem e assim ampliando a eficácia interventiva. Uma equipe que trabalha deste modo admite que o ser humano, cujo processo de vida envolve diversas dimensões  complementares, necessita mais que as especializações isoladas. Assume
que a especificidade profissional não consegue dar resposta a uma multiplicidade de fatores intrínsecos associados a situações de doença e de que é preciso somar saberes para dar respostas efetivas e eficazes aos problemas complexos que envolvem a perspetiva de qualidade aos pacientes.

O cuidado multidisciplinar na prática

A equipe multidisciplinar mantém as suas atuações específicas, mas reúnem-se periodicamente para a troca de informações dentro de áreas de interseção, articulando-se, tendo como base a consciência que emerge no “confronto” com as práticas. O trabalho considera o paciente como um todo, numa atitude humanizada e uma abordagem mais ampla e resolutiva do cuidado. Através do estudos dos casos constrói-se caminhos que visam abarcar a eficácia e a qualidade na área da saúde, desta forma,
pode emergir condutas mais apropriadas aos atendimentos e maior organização do trabalho interventivo.

E realmente funciona o cuidado multidisciplinar?

Sim, vários estudos têm demonstrado significativas limitações na abordagem unidirecional e fragmentada de qualquer vertente, ressaltando a importância dos múltiplos fatores envolvidos e de uma visão global e integral, seja na prevenção, no diagnóstico, na intervenção/tratamento, seja na reabilitação dos doentes. Mas um alerta é importante, existem muitas clínicas que oferecem varias especialidades em um mesmo espaço, mas
isto não quer dizer que tenham uma estruturação do serviço de modo multidisciplinar.

Orientamos que busque conhecer bem a proposta e os profissionais da clínica como um todo e o que caracteriza a prática oferecida.

E agora um recado final: destacamos que a importância deste tipo de abordagem tem sido documentada cientificamente, evidenciando melhor serviço aos pacientes, beneficiando estes mais quando os profissionais de saúde trabalham em conjunto. Na Clínica Rezende a incorporação desse novo modelo no atendimento em saúde capacita o profissional a ter
uma percepção mais abrangente, dinâmica, complementar, integrada e humanizada, que retrata uma realidade necessária para se oferecer ações que visam melhorar a qualidade de saúde e de vida das populações em geral.
Essa é uma inovação que propomos e temos profissionais que tem experiencia em envolver múltiplos saberes e ações de saúde que dizem respeito aos conhecimentos e práticas de diversos profissionais: enfermeiros, médicos, psicólogos, nutricionistas, etc.
Estamos atentos as tendências em saúde de acordo com as necessidades e a
complexidade humana.

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Referências bibliográficas:

ARAÚJO, M.; ROCHA, P. (2007) – Trabalho em equipe: um desafio para a consolidação da estratégia de saúde da família. Revista Ciência e Saúde Colectiva, (12) 2.

COSTA, R. (2007) – Interdisciplinaridade e equipes de saúde: concepções. Barbacena: Revista Mental, (5) 8.

PEDUZZI, M. (2001) – Equipe Multiprofissional de Saúde: Conceito e Tipologia. São Paulo: Revista de Saúde Pública, (35) 1.

O consumo problemático de álcool

O consumo problemático de álcool é mais comum que imaginamos. O seu uso é feito nos mais variados contextos, indo desde o religioso e ritualístico, até na celebração de eventos especiais, quanto em situações cotidianas.

* Por Dr. Leonardo Martins

O consumo problemático de álcool é mais comum que imaginamos. Você sabia que existem registros do consumo de álcool ao longo de milhares de anos da história da humanidade?

Você saberia dizer qual é o padrão de consumo que os estudos apontam como podendo ser considerado um consumo problemático?

Registros arqueológicos apontam que o consumo de bebidas alcoólicas está presente na história da humanidade há mais de 13 mil anos. A sua produção pode inclusive ter iniciado mesmo antes do desenvolvimento das primeiras técnicas agrícolas, necessárias ao cultivo de cereais presentes em
bebidas fermentadas.

Álcool presente em diversos contextos

Com diferentes apresentações, variando em ingredientes, gradação alcoólica, modos de produção e consumo, o álcool está presente na cultura de diversos povos. O seu uso é feito nos mais variados contextos, indo desde o religioso e ritualístico, passando pelo seu uso recreativo presente tanto
na celebração de eventos especiais, quanto em situações cotidianas.

Contudo, o uso de bebidas alcoólicas, em qualquer destes cenários, pode estar associado com episódios de intoxicação, apresentando riscos para a saúde física e mental, assim como consequências sociais relevantes.

O uso problemático de álcool pode ser caracterizado por aquele que está associado com riscos aumentados e prejuízos em qualquer área da vida. Quanto maior a frequência e maior a dose consumida, maior a exposição a fatores que podem levar a tais problemas. A despeito desta relação, elementos contextuais podem alterar a gravidade destas consequências, gerando em alguns casos, recomendações expressas de redução do consumo ou mesmo abstinência.

Riscos do consumo de álcool

O consumo de álcool durante a gravidez é um exemplo, uma vez que neste contexto, todo e qualquer consumo envolve risco para o bebê, sendo expressamente recomendado a não ingestão desta substância. Em um outro contexto, mesmo um único episódio de intoxicação, quando associado com
maiores riscos, pode inclusive envolver desfechos fatais, tais como no caso de acidentes automobilísticos oriundos da associação entre o consumo de álcool e a condução de veículos automotores.

Apesar destes contextos específicos serem muito importantes, evidências apontam de forma clara que o consumo de álcool, mesmo em doses consideradas baixas, não melhora nenhuma condição de saúde, sendo que o seu consumo problemático está relacionado com mais de 200 tipos de problemas de saúde. Neste grupo inclui-se quadros graves, como alguns tipo de câncer, além do desenvolvimento da própria dependência de álcool.

Álcool e saúde mental

Não só a nossa saúde física, mas também nosso bem-estar e saúde mental podem ser afetados pelo consumo problemático de álcool. Estudos consistentes apontam para problemas que muitas vezes nem imaginávamos.

Um exemplo comum, são os prejuízos com o sono, uma vez que o seu consumo prejudica a qualidade e as funções reparadoras do mesmo. O mito da automedicação também segue na mesma direção, já que estudos indicam que é errôneo considerar o uso de álcool como recurso para lidar com tensões do dia-a-dia, uma vez que o mesmo pode tornar-se um gatilho que conduz a experiências de maior tensão, pior humor, aumentando a chance de uma autoadministração futura.

A própria ressaca envolve um conjunto de prejuízos relacionados ao desempenho em tarefas que exigem tanto esforço físico como cognitivo.

Padrões de consumo considerados problemáticos

Mesmo que estejamos cada vez mais conscientes sobre os riscos associados com o consumo exagerado de algumas substâncias, podemos afirmar que o uso problemático de bebidas alcoólicas é amplamente negligenciado. De uma forma geral, tendemos a associar problemas relacionados ao seu
consumo apenas aos casos mais graves, especialmente àqueles relacionados à dependência.

Contudo, o que sabemos que a maior parte dos problemas mencionados aqui, têm seu risco aumentado ou surgem entre pessoas que não são dependentes, mas que fazem um consumo pesado de álcool.

Essas pessoas são também chamadas de usuários de risco e incluem desde pessoas que exageram nos finais de semana, até quem passa por anos bebendo em padrão pesado, mas que ainda não experimentou os prejuízos relacionados. Pensar que somente os casos mais graves correm risco, seria análogo a considerarmos que o consumo exagerado de açúcar pudesse ser um problema apenas para pessoas com diabetes ou com um quadro de obesidade.

Assim como prevenimos problemas de saúde ficando atentos à nossa alimentação e prática de atividades físicas, também podemos prevenir
problemas importantes ao estarmos atentos ao nosso consumo de álcool e seus riscos associados.

Quando procurar ajuda de um profissional

Você consome álcool ou convive com alguém que faz o seu consumo de forma problemática?

Quer saber mais sobre os riscos específicos relacionados à cada condição de saúde ou receber  orientações sobre como diminuir seu consumo ou parar de beber?

Recomendamos que caso tenha respondido sim para alguma destas perguntas, procure a ajuda de um profissional de saúde capacitado.

Ao longo dos anos, acumulamos um conjunto importante de evidências científicas que apoiam tratamentos e estratégias de prevenção para os diversos níveis de gravidade associados com o consumo de álcool, incluindo à própria dependência. O papel de um profissional qualificado que conheça essas diferentes estratégias é fundamental para o apoio à pessoa
que vem apresentando problemas ou que possui risco de apresentar no futuro.

Alguns recursos adicionais, apesar de não dispensarem a consulta de um profissional de saúde, podem até ser úteis para que você conheça mais sobre o seu consumo e tenha informações sobre tais problemas. Um exemplo são os sites de informações sobre o assunto desenvolvidos por grupos de
pesquisa, tais como o www.informalcool.org.br (UNIFESP/UFJF/UFPR) e o www.alcoolesaude.com.br desenvolvido por pesquisadores da UFJF.

Leita também sobre transtorno alimentar, clicando aqui.

FONTE: National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA).

Casswell, S. (2019). Will alcohol harm get the global response it deserves?. The Lancet, 394(10207), 1396-1397.

Liu, L., Wang, J., Rosenberg, D., Zhao, H., Lengyel, G., & Nadel, D. (2018). Fermented beverage and food storage in 13,000 y-old stone mortars at Raqefet Cave, Israel: Investigating Natufian ritual feasting. Journal of Archaeological Science: Reports, 21, 783-793.

Steward, J., & Oppenheim, L. A. (1953). Symposium: Did man once live by beer alone. Am Anthro, 55, 515-526.

O que é uma equipe multidisciplinar?

Vamos falar um pouco sobre a importância deste trabalho e porque acreditamos neste formato aqui na Clínica Rezende.

Você já se perguntou o que é uma equipe multidisciplinar? Vamos falar um pouco sobre a importância deste trabalho e porque acreditamos neste formato aqui na Clínica Rezende.

Trabalhando com uma equipe multidisciplinar, nós, profissionais, ao invés de cuidarmos de problemas isolados, trabalhamos coletivamente com outras especialidades para que assim possamos ajudar na análise do caso individualmente e em vários parâmetros da saúde, considerando o paciente como um todo.

A nossa equipe é composta pelas seguintes áreas: enfermagem, psiquiatria, psicologia, nutrição e endocrinologia. E com estes profissionais altamente capacitados em suas áreas, temos uma abordagem mais completa e humanizada alcançando resultados efetivos, principalmente em relação aos transtornos alimentares e dependência química, com uma abordagem ampla e personalizada a cada indivíduo.

Outra preocupação da nossa equipe é ter profissionais para podermos discutir os casos do dia a dia, novos olhares, conhecimentos individuais fortalecendo os resultados coletivos. A equipe multidisciplinar é um formato de parceria que promove a troca de experiências, trazendo benefícios e conhecimento para cada profissional, e resultados para o paciente.

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