Dia do Psicólogo

Ser psicólogo me ensinou a acreditar no potencial que existe dentro de cada um de nós. O que implica em reconhecer com consciência, amor e coragem, que junto de nossos melhores ou piores momentos…

* Por Prof. Dr. Leonardo Martins

Ser psicólogo me ensinou a acreditar no potencial que existe dentro de cada um de nós. O que implica em reconhecer com consciência, amor e coragem, que junto de nossos melhores ou piores momentos, sempre temos um convite para seguirmos em direção à melhor versão de nós mesmos. A história de cada um, junto do contexto atual a que estamos submetidos, invariavelmente faz com que obstáculos em nosso caminho diminuam a clareza com que enxergarmos nossa própria potência. Ainda assim, mesmo diante deste véu que surge frente aos obstáculos que nos limitam, sempre será possível que a angústia resultante nos convide a desafiar o que parece sem solução – seja mudando por completo nossa direção, seja aceitando de forma compreensiva que alguns limites podem fazer parte de nossa história, sem que isso remova a possibilidade de seguirmos adiante.

Um guia que se mostra sempre à mão diante deste convite surge da imagem que cada que podemos construir ao pensarmos cuidadosamente sobre uma vida que possa valer à pena ser vivida. Do lugar em que nos encontramos, até os arredores deste lugar que desejamos chegar, uma série de possibilidades emergem, ainda que em meio a um sem fim de obstáculos e incertezas. Não é raro desejarmos uma linha reta, direta e sem interrupções que seguiria de onde estamos até onde queremos chegar. Apesar de ser válido desejarmos que nossas vidas sejam assim, poucas histórias seguem essa linearidade. Atalhos impensados, curvas, serras, descidas e subidas tornam-se muitas vezes as únicas opções disponíveis para seguirmos em frente. Não é raro ainda que voltar ao começo ou seguir na direção que parece contrária, possa ser na verdade nossa única forma de seguirmos mais adiante. Até mesmo esperar parado por um tempo, pode ser o mais sensato para nos recuperarmos e irmos adiante.

Com maior ou menor clareza, e a depender de como estão os dias, é bem assim que vejo uma parte da vida. Partimos de algum lugar que não conhecemos tão bem quanto gostaríamos, e seguimos para algum outro que por mais difícil que seja acreditarmos, estará sempre aberto em possibilidades. O caminho que fizemos é o que caminho que caminhamos; e guarda nossas dores e delícias, ambas em proporções particulares e nem sempre tão bem divididas quanto gostaríamos. Assim seguimos, carregando em nós um pouco destes lugares em que passamos. Ao seguir também guardamos sempre em potência a possibilidade dos lugares por onde ousaremos passar.

Dessa forma, conectando cada um destes lugares visitados e por visitar, vamos vendo a trajetória que escolhemos ou que nos foi imposta contingências que não prevíamos. Ao olhar onde estamos, vemos vestígios de onde passamos e o vislumbre da direção e sentido que podemos buscar. Não é raro que deste esforço consciente surjam uma multiplicidade de possibilidades, algumas mais reais do que as outras, mas todas compartilhando a essência que guarda cada destino possível. A cada caminho escolhido por mais beleza que possamos encontrar, temos que lidar sempre com o fato de termos renunciado a tantos outros. Não é raro que a nossa história e nosso contexto atual nos faça refletir sobre o assunto, colocando à mesa as possibilidades perdidas ou múltiplos das que podem ainda ser vividas. Raramente este exercício é por si só bem-sucedido, é o comum que o múltiplo do possível ou do deixado para traz possa nos fazer sentir sem rumo na estrada. Ao nos depararmos com esta sensação, é comum que fiquemos paralisados, que ignoremos a questão ou que sigamos por um caminho que não era de fato nosso. Como consequência, ao invés de resolvermos o que nos aflige, mais hora menos hora a ausência de sentido grita por meio do desânimo, da falta de motivação, ansiedade, compulsões e outras manifestações que se dão no corpo e na mente.

É difícil saber a razão ou o momento exato, mas como psicólogo invariavelmente meu caminho se cruza com alguém que está experimentando um desafio nesta caminhada que vai de onde estamos para onde queremos chegar. Cada qual, diante de sua história única, busca algo que é por princípio especial. Às vezes, uma intenção é encontrar uma direção mais clara, por vezes o objetivo é buscar uma direção menos óbvia. Por outros momentos é voltar pelo caminho já conhecido, mas talvez com um novo ritmo, passando pelas dificuldades que negligenciamos. Independente do motivo ou do desafio, acreditar no potencial de desenvolvimento inerente a cada um de nós me ensinou que de um ponto ao outro, seja da forma que for, sempre será possível buscarmos um sentido e um ritmo que nos leva pela a estrada de uma vida que possa valer a pena.

Por falar no assunto, uma vida que vale à pena ser vivida, por mais que seja planejada e que receba toda nossa atenção e esforço, invariavelmente apresentará barreiras, obstáculos, perdas ou mesmo paisagens que não gostaríamos de ter presenciado. Muitos destes desafios estão completamente fora de nosso controle, tal como fatalidades ou mesmo a pandemia que vivemos em 2020. A clareza em estarmos seguindo de forma coerente com nossos valores e com o que de fato nos importa, não elimina muitos destes obstáculos, mas pode fazer com que cada um destes desafios seja tomado diante do tamanho que possuem, mas sobretudo como parte de nossas histórias e não como pontos finais. Nesse sentido, descobrir nossa potência envolve por vezes aceitar tais condição e limites para seguirmos em frente. A sabedoria em aceitar o que não podemos mudar e o que está fora de nosso controle, não elimina a dor de uma perda ou seus prejuízos, mas nos liberta para seguirmos em frente ao invés de seguirmos paralisados tentando mover do caminho uma montanha que lá sempre esteve e que por lá sempre permanecerá. Despertar potência é reconhecer tal montanha e mover-se apesar dela. Aqui não se trata de um otimismo ingênuo, mas talvez exatamente o contrário disso. Trata-se de perdermos a esperança em resolver nossos destinos insistindo nas soluções ou caminhos que não nos tem ajudado, para então seguirmos em direção a uma nova alternativa.

No dia do psicólogo(a), meu depoimento atravessa o caminho deste texto, que por sua vez atravessa parte dos caminhos que percorro em meu exercício profissional ao lado de quem acompanho. Para terminar, reforço o convite cotidiano que Proust nos faz e que costumo refazer aos meus pacientes, clientes, supervisandos, alunos de mestrado e doutorado. O convite considera tudo que já escrevi acima, mas reconhece que o início da verdadeira viagem de descobrimento não precisa começar pela busca de caminhos ou paisagens ainda não vistos, mas sim por vermos a nós mesmos com novos olhos. A minha profissão pode ser descrita de diferentes maneiras e constituir-se de um sem fim de intervenções baseadas no melhor conhecimento disponível, mas confesso que quase sempre começo por esse convite e sigo por essa história.

Quando suspeitar de um transtorno alimentar?

Clique aqui para ler quais são os principais sinais de quem está com transtorno alimentar.

* Por Anelisa Rezende

Quando suspeitar de um transtorno alimentar?

De acordo com a nutricionista e pesquisadora Sophie Deram: “antigamente, acreditava-se que os transtornos alimentares só aconteciam com meninas adolescentes. Este não é mais o caso. Mais homens, mulheres, meninos e crianças cada vez mais jovens, estão procurando tratamento para dificuldades ou transtornos alimentares”.

Por isso a importância de conscientizar a população sobre os transtornos alimentares e os problemas de imagem corporal para que possamos identificar possíveis sinais de alerta para a presença ou risco de um transtorno alimentar e buscar ajuda profissional.

SINAIS DE TRANSTORNO ALIMENTAR:

  • Perda de peso rápida ou flutuações drásticas de peso
  • Preocupação com peso, alimentos, rótulos dos alimentos — e dietas
  • Evita refeições e situações que envolvam alimentos
  • Ingestão excessiva de líquidos ou negação de fome
  • Atividade física excessiva ou muito rígida
  • Isolamento dos amigos e das atividades usuais
  • Mudança no estilo de se vestir, como excesso de roupas para cobrir o corpo ou roupas reveladoras para ostentar a perda de peso
  • Vômitos autoinduzidos ou abuso de laxantes, diuréticos ou pílulas dietéticas

Se você perceber em pessoas próximas a presença de alguns desses sintomas converse com a mesma sem julgamento, podendo fazer perguntas como: “eu notei que você não tem comido sobremesa recentemente. Há uma razão para você estar fazendo isso?”. “Eu percebi que você está fazendo exercícios extenuantes nos últimos dias. Com qual objetivo?”… Caso não consiga ter acesso a essa pessoa de forma direta e confortável, pergunte à amigos próximos, familiares e parceiros(as) se perceberam os  comportamentos citados acima nos últimos tempos.

Prestar atenção nos discursos associados à alimentação pode ajudar muito os pais, tios, tias, avós, maridos, namorados e profissional na prevenção e/ou suspeita de um transtornos alimentar, como, por exemplo, se na mesa de refeições a conversa gira em torno das dietas, das calorias, do “isso engorda”, “isso não pode”, “vou comer, mas depois queimo tudo na corrida”…

Atitudes solidárias como esta pode ser de grande valia para despertar a consciência de quem está acreditando que ninguém está percebendo o que está se passando e auxiliar tanto na prevenção quando no tratamento de transtornos alimentares, por isso, fiquem atentos.

Referências:

https://www.genta.com.br/sera-que-meu-filho-tem-um-transtorno-alimentar/

http://www.euvejo.vc/na-prevencao-dos-transtornos-alimentares-somos-todos-responsaveis/

Por que ir ao psiquiatra?

Porque ir ao psiquiatra? Acreditamos que você já tenha se feito essa pergunta ao menos uma vez.

* Por Fabrício de Oliveira

Por que ir ao psiquiatra? Acreditamos que você já tenha se feito essa pergunta ao menos uma vez.

Por que ir ao psiquiatra?

Cresci escutando a frase: “Psiquiatra é médico de louco”. Na realidade, psiquiatra é um médico que trabalha, sobretudo, com problemas emocionais, sendo que estes podem ser de vários tipos: transtornos ansiosos, depressivos, do sono, psicóticos, entre outros. O que as pessoas não sabem é que 80% dos pacientes que procuram meu consultório apresentam problemas relacionados à ansiedade, irritabilidade, tristeza e cansaço físico e mental.

Atualmente, quem pode dizer que não apresenta alguma dessas queixas em maior ou menor grau? Não poderia ser diferente. É raro quem não enfrenta problemas cotidianos de insegurança, dificuldade de sobrevivência, falta de trabalho (ou ameaça de sua perda), incerteza quanto ao retorno positivo dos esforços profissionais, competitividade profissional e social, compromissos sempre mais exigentes, perspectivas negativas para o futuro, e assim por diante.

Quer dizer que todos que sofrem de estresse devem procurar um psiquiatra?

Não, mas todos deveriam procurar medidas que diminuam o impacto do estresse diário. A realização de atividades físicas de forma adequada e regular e uma alimentação saudável podem trazer muitos benefícios. A prática de atividades religiosas já é comum e, cada vez mais, estudos científicos estimulam que essas sejam feitas.

Infelizmente é frequente que se encontre quem esteja tão exausto que a mudança do estilo de vida lhe pareça impossível. Algumas das pessoas que passam por isso, podem estar, por exemplo, com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Sintomas típicos associados ao TAG são: medo; ansiedade e preocupação generalizados; cansaço físico e mental; dificuldade de concentração; tensão muscular; irritabilidade; sono de baixa qualidade.

Todos nós podemos apresentar sintomas ansiosos e depressivos, sem que esses representem necessariamente um transtorno psiquiátrico. Mas se os mesmos estiverem ocorrendo de forma muito intensa ou por longo período, é recomendado que procure seu médico de confiança. Caso ele o encaminhe para o psiquiatra, não estranhe tal atitude, pois saiba que um tratamento bem conduzido pode trazer diminuição significativa do sofrimento emocional.

Algumas considerações antes que Janeiro termine

Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

* Por Vivian Hauck

Janeiro Branco: Algumas considerações antes que o mês termine. Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

Devido à campanha do Janeiro Branco, um pouco mais se falou nesse mês sobre a importância da saúde mental. Mas o que, afinal, chamamos de “saúde mental”?  Saúde mental é somente não ter nenhum tipo de doença mental? Será que o que define saúde mental para uma pessoa é o mesmo que a define para todas as outras pessoas? Existe prescrição que dê conta de dizer a todos os sujeitos o que eles deveriam fazer para, enfim, possuírem saúde mental?

Saúde mental e singularidade

Cada sujeito tem uma história, a sua história. Nasceu em um determinado lugar, em uma determinada família, foi cercado por determinadas possibilidades, fez e faz diferentes escolhas na vida que o levaram e levam a outras possibilidades e novas escolhas. Não há como prever onde esse caminho levará. Quando a realidade se impõe, quando se há desejo e escolhas em jogo, não há garantias. E vão ser essas escolhas que irão nos construir, dia a dia. É como disse Clarice Lispector em um de seus livros: “[…] Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes.” (2009, p. 176).¹

Entretanto, apesar de não possuirmos qualquer tipo de garantia, talvez possamos dizer que nenhuma trajetória será livre de dificuldades, conflitos e algumas pedras no meio do caminho. E talvez “saúde mental” seja justamente a possibilidade de um sujeito, diante dos impasses da vida, de se transformar, de recriar, de mudar a trajetória quando for preciso e de se reconstruir a seu modo. E se, em um determinado momento, esse mesmo sujeito se der conta de que não consegue instaurar tamanho movimento sozinho, que ele possa pedir ajuda a um outro. Talvez isso também seja indício de saúde mental.

O sofrimento psíquico do outro

E quando é o outro que sofre? O que é possível oferecer? Como é possível ajudar? Colocar-se disponível para escutar o que outro sujeito tem a dizer sobre seu sofrimento psíquico pode não ser fácil nem resolutivo, mas é um começo. Escutar verdadeiramente, sem se prender a uma ilusão de que já se sabe do que aquele outro sofre antes mesmo que ele possa dizer algo sobre isso. Ou à ilusão de já se ter certeza de como solucionar tal sofrimento, talvez por haver vivenciado experiência parecida.

Quanto a isso, cito aqui uma passagem de Freud que reli recentemente, na qual ele diz que “[…] as impressões e experiências externas podem fazer exigências de intensidade diferente a pessoas diferentes e aquilo que é passível de ser manejado pela constituição de uma pessoa pode ser uma tarefa impossível para a de outra.” (1938/1940, p. 103).² Há singularidade no sofrimento psíquico e singularidade na trajetória de cada um, que não nos esqueçamos disso. É somente a partir dessa concepção e posição que poderemos efetivamente nos colocar à disposição para dar suporte a alguém que sofre.

Saúde mental para além de Janeiro

Janeiro finda, porém desejo que os efeitos da campanha de conscientização da saúde mental possam perdurar. Que Janeiro tenha podido ser semente para que as mais diversas temáticas que envolvem a saúde mental estejam presentes em muitas outras discussões e reflexões ao longo do ano. E que possamos acolher de fato, sem muitos julgamentos e pré-conceitos, nosso próprio sofrimento e o sofrimento do outro.

Leia também sobre Família e Saúde Mental clicando aqui. 

¹ LISPECTOR, C. A Paixão Segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

² FREUD, S. Um exemplo de trabalho psicanalítico. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol23, pp. 102-109). Rio de Janeiro: Imago, 1938/1940.

 

Como está sua relação com a comida?

Quando você pensa em comida ou no seu apetite, costuma se sentir triste ou culpado? Tem medo de escolher uma comida considerada “ruim”, que “engorda”, ou comer algo que chamam de “besteira” e “porcaria”?

* Por Dra. Juliana Ferreira

Como está sua relação com a comida? Já parou para pensar nisto?

Quando você pensa em comida ou no seu apetite, costuma se sentir triste ou
culpado? Tem medo de escolher uma comida considerada “ruim”, que “engorda”, ou comer algo que chamam de “besteira” e “porcaria”? Detesta quando sente fome, pois acredita que não deveria ter tanta vontade de comer… Então você inicia uma dieta restritiva. E aí, pare para pensar: Como está sua relação com a comida?

Porém, entre nutrientes, horários, quantidades, pesos e regras, o foco principal das dietas sempre é nos dizer o que não comer. Muitos de nós, de tanto ouvir e ler sobre isso, já temos bem claro na mente quais são os alimentos “bons/certos” e os “ruins/errados”, o que “pode” e o que “não pode”.

Privação dos alimentos

Mas a verdade é que nós também queremos comer aquilo que a dieta proíbe! A lógica das dietas faz com que a gente acredite que não sabe o que comer, que só conseguimos fazer escolhas “erradas” e, então, nós acabamos por julgar nossas vontades como erradas também, evitando atendê-las. O nome disso é privação.

E a privação, infelizmente, anda de mãos dadas com o exagero e a culpa.
Quando estamos de dieta e resolvemos comer algo que não se encaixa nas regras, ficamos com a ideia: “ah, já estraguei tudo mesmo, então tanto faz”. Com isso, acabamos comendo em excesso todo tipo de alimento que a dieta exclui.

Este comportamento de comer em excesso leva a uma grande culpa no dia
seguinte, todos os pensamentos de fracasso voltam e a tendência é entrar numa dieta ainda mais rígida e restritiva. As vontades e os desejos reprimidos voltam com força total ao menor sinal de deslize e permissão, e o corpo novamente quer comer em excesso tudo aquilo de que foi privado.
Talvez você não perceba, mas isso tudo pode estar acontecendo agora mesmo na sua vida.

Pare para pensar na sua alimentação

Quando foi a última vez que você parou para realmente pensar na sua
alimentação? Não para descobrir uma dieta nova ou considerar o quanto de carboidrato estava comendo, mas realmente refletir sobre a sua relação com os alimentos?

Dicas:

Bom, como nós só podemos mudar aquilo de que temos consciência, tem um experimento abaixo com o objetivo de fazer com que você pense melhor em tudo isso!

A proposta é a seguinte:

  • Faça uma lista de comidas que você adora, mas que evita ou sente culpa ao
    comer.
  • Selecione uma dessas comidas para fazer essa atividade. Esteja atento aos seus desejos e vontades reais – que alimento você realmente gostaria de comer agora? É doce, salgado, quente, frio, crocante, cremoso…? Essa comida lhe traz alguma memória ou sentimento? É algo que você já não se permite comer há muito tempo?
  • Fique atento para o caso de surgirem pensamentos lhe dizendo que sua escolha é de uma “comida ruim”, ou se começar a julgar detalhes como calorias, quantidade de carboidratos ou de gorduras. Não siga esses pensamentos, permita-se escolher o que você realmente tiver vontade.
  • Aguarde o momento em que realmente estiver com vontade e compre ou prepare uma porção individual da comida que você escolheu.
  • Escolha comer num ambiente calmo, sem distrações, e sozinho. Dê a este momento sua atenção total.
  • Quando estiver com a comida, dedique um tempo a admirá-la, aproveitando sua aparência, seu aroma, sua textura ao toque.
  • Tente pensar nas razões pelas quais você escolheu esse alimento. Existe algum pensamento de culpa ou proibição envolvendo ele? Tem muito tempo desde que você o comeu? Ou você tende a exagerar quando escolhe comer algo assim? Reflita sobre sua relação com essa e outras comidas de que gosta.
  • Então, dê a primeira mordida e mastigue lentamente, observando com atenção os aromas e sabores do alimento. A cada mordida, faça novamente este exercício e fique atento à sua vontade de continuar comendo e ao prazer obtido com esta experiência.
  • Quando terminar, observe como está se sentindo. Aconteceu como você estava imaginando? Você ficou feliz em comer este alimento? A última mordida foi tão saborosa quanto a primeira? Você estava com vontade de comer a porção inteira? Você gostaria de comer este alimento mais vezes? Notou alguma diferença entre esta experiência e a forma com que come normalmente alimentos “proibidos”? Está se sentindo mal depois por não poder comer sempre os alimentos que gosta? Pense sobre todas as percepções que teve com este exercício, boas e ruins.
  • Se teve alguma dificuldade, ou mesmo se não conseguiu realizar o experimento,pense nas razões para isso ter acontecido. Quais pensamentos você teve em relação à comida? Sentiu culpa por suas vontades ou preferências? Sentiu culpa quando estava comendo? Teve vontade de comer mais do que escolheu ou mesmo de exagerar? Fique à vontade para aplicar este exercício com outros alimentos da lista que você fez, prestando atenção em como seus pensamentos e reações se comportam em cada momento.

Leia também sobre Alimentação na Ansiedade e Depressão.

Alimentação na ansiedade e depressão

falar sobre a importância da alimentação na prevenção e tratamento da ansiedade é algo extremamente essencial, pois sabemos que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e que tanto a depressão quanto a ansiedade têm crescido de maneira alarmante!

* Por Anelisa Rezende

Alimentação na ansiedade e depressão: falar sobre a importância da alimentação na prevenção e tratamento da ansiedade é algo extremamente essencial, pois sabemos que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e que tanto a depressão quanto a ansiedade têm crescido de maneira alarmante (1)!

PRIORIZE A ALIMENTAÇÃO REGULAR

Muitas vezes o nosso apetite se altera em momentos mais delicados da caminhada e acabamos não nos alimentando bem (seja em quantidade ou qualidade), isso faz com que nossa energia, disposição, digestão, sono, etc fiquem ainda mais alterados! Então, sempre que possível, priorize a alimentação regular e através de comida de verdade, respeitando sua satisfação e colocando em preparações mais atrativas, práticas e de fácil digestão!

 

DICAS SOBRE ALIMENTAÇÃO E SAÚDE MENTAL

 

ALIMENTOS RICOS EM NUTRIENTES

O primeiro ponto que precisamos ter atenção é a produção equilibrada de neurotransmissores (dopamina, serotonina, GABA, noroadrenalina) que têm um papel fundamental na saúde mental! Para isso, ingerir alimentos ricos em nutrientes que são precursores dessa produção podem contribuir muito, são eles: vegetais verdes escuros, nozes, sementes, cacau (são ricos em magnésio), banana, grãos de bico, aveia, ovos (são ricos em triptofano), feijões, cereais integrais, lentilha, brócolis (ricos em vitaminas do complexo B), cogumelos, chá verde (ricos em L teanina), etc.

SAÚDE MENTAL E INTESTINAL

O segundo ponto é a relação direta da saúde intestinal com a saúde mental! Nós sabemos que nosso intestino já é considerado o “segundo cérebro” e que quando as bactérias intestinais estão em equilíbrio nós temos uma melhor produção e recepção de neurotransmissores! Então pra isso, água, probióticos (Keffir, iogurtes, manipulador, sachês, kombuchas etc) e fibras prebióticas (verduras, legumes, frutas etc) são excelentes para a saúde intestinal e consequentemente mental

PLANTAS MEDICINAIS

O terceiro aspecto importante é a utilização de plantas medicinais como adjuvantes na prevenção e tratamento de depressão e ansiedade, como a camomila, melissa, passiflora, etc!

ALIMENTOS ANTIOXIDANTES

O quarto ponto importante é consumo de alimentos antioxidantes, para que possamos evitar a oxidação dos neurotransmissores que estão sendo produzidos, exemplos desses alimentos são: açafrão, gengibre, azeite, abacate, linhaça (omega 3), cacau, etc!

RELAÇÃO ENTRE CORPO E COMIDA

O quinto aspecto é a relação que temos com o corpo e a comida, muitas vezes nosso compartimento alimentar é alterado pelas cobranças exagerada em relação a padrões estéticos e alimentastes, que muitas vezes são gatilhos para o aumento da depressão e da ansiedade! Então, fazer as pazes com o corpo e comida, comer alimentos que te dão satisfação, que sejam práticos, que façam sentido pra você, buscar autocuidado de maneira gentil e humanizada são caminhos que nos levam a uma construção de saúde mais sustentável e tranquila! Treinar o comer com atenção plena (mindful eating) também é uma excelente ferramenta para vivenciar o momento presente, com calma e tranquilidade!

EVITAR CERTOS ALIMENTOS

Por último, evitar alimentos que agitem mto como termogênicos, excesso de café, excesso de manipulados que agitam, etc!

FONTE:

  1. https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-e-o-pais-mais-ansioso-do-mundo-segundo-a-oms,70002856254

Leia também o primeiro post sobre Janeiro Branco, aqui.

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental?

Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental? Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

Há alguns anos foi lançada a Campanha Janeiro Branco com o objetivo de convidar a  todos a refletirem e se conscientizarem de como estão cuidando de sua Saúde Mental. Portanto, é uma campanha destinada a que as pessoas pensem na forma como estão lidando com suas emoções e relacionamentos, no quanto estão valorizando o sentido e o propósito das suas vidas.

DADOS SOBRE SAÚDE MENTAL

Para falarmos de Janeiro Branco, o mês da conscientização da Saúde Mental, primeiramente vamos citar alguns dados.

Pontualmente, 12% das pessoas em geral necessitam de algum
atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual (1) . Dados de um relatório global recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontaram que o número de pessoas com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015 (2) . Num levantamento realizado na região metropolitana de São Paulo foi observado que aproximadamente 30% dos entrevistados
preenchiam critérios para um transtorno psiquiátrico nos 12 meses anteriores. Os transtornos mais comuns foram os ansiosos (19,9%), do humor (11%), do impulso (4,3%) e aqueles associados ao abuso de substâncias (3,6%) 3 . Segundo dados do mesmo relatório da OMS
supracitado, na população brasileira a prevalência de depressão é de 5,8% e 9,3% a de ansiedade (2).

No entanto, 73,5% dos adultos com transtornos mentais moderados e graves ao redor do mundo não recebem tratamento. Em relação à depressão, 65% das pessoas com esse transtorno não recebem nenhum tipo de intervenção adequada. A depressão já é a principal causa de incapacidade em todo o mundo (2).

VAMOS FALAR SOBRE COMO CUIDAR DA NOSSA SAÚDE MENTAL?

Diante de dados tão alarmantes, a grande questão que nos intriga é: como cuidar da nossa Saúde Mental, ter uma vida emocional equilibrada e prevenir o aparecimento de transtornos mentais? Certamente, não são perguntas fáceis de serem respondidas. Isso porque os determinantes da Saúde Mental envolvem múltiplos fatores, tais como: características individuais (a forma como administramos nossas emoções e comportamentos, como lidamos com os desafios da vida contemporânea, como estabelecemos as relações com as outras pessoas). Mas também os fatores sociais e ambientais são muito importantes (baixa renda, desemprego, violência urbana), assim como aqueles de ordem cultural e política.

Para aquelas pessoas já acometidas por algum transtorno mental, devemos pensar que a identificação precoce desse transtorno e o manejo apropriado dessa condição pode ser fundamental para o processo de recuperação, ou seja: redução dos fatores estressores, fortalecimento do suporte social, acesso a intervenções psicossocias adequadas, incluindo psicoeducação, tratamentos psicológicos e acesso às medicações indicadas. Para tanto, é
essencial a realização de campanhas para se reduzir o estigma e a discriminação em relação aos transtornos mentais (4) . As pessoas em geral precisam compreender a verdadeira natureza do adoecimento psíquico para reduzirem o preconceito em relação a essa situação, também em relação à busca pelo tratamento mais adequado.

COMO EVITAR QUE SEJAMOS ACOMETIDOS POR UM TRANSTORNO MENTAL

Mas uma pergunta ainda persiste: como evitar que sejamos acometidos por um transtorno mental (o que chamamos de prevenção primária)? Novamente, eis um grande desafio. Mas gostaríamos de trazer algumas orientações e sugestões para uma melhor Saúde Mental:

  • Conheça a si mesmo! Busque o autoconhecimento, seus valores e propósitos, o sentido da sua vida. Se necessário, procure uma psicoterapia.
  • Preocupe-se mais com você! Procure fazer coisas que lhe tragam prazer, deseje estar sempre que possível próximo às pessoas que você ama e que lhe querem bem.
  • Cuide do seu corpo! Procure se alimentar de maneira equilibrada, reserve um tempo para fazer atividade física e tente dormir bem. Evite o uso exagerado de álcool e de outras drogas.
  • Procure acreditar em algo! Se isso fizer sentido para você, não tenha receio de desenvolver sua fé, cultivar sua dimensão espiritual. Isso inclui também ajudar o próximo.
  • Cuidado com as expectativas! É necessário ser mais realista, grande parte do nosso sofrimento vem de esperar para além da conta, até mesmo sobre os relacionamentos interpessoais.
  • Seja otimista! Uma visão negativa das coisas é fonte geradora de angústia e de sofrimento. Procure sempre que possível enxergar o lado bom dos fatos.

Referências bibliográficas:

1. Thornicroft G, Atalay G, Alem A, Santos RA, Barley E, Drake RE et al. WPA guidance on steps, obstacles and mistakes to avoid in the implementation of community mental health care. World Psychiatry 2010; 9(2):67-77.
2. World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates. Geneva: WHO, 2017.
3. Andrade LH, Wang YP, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, Siu ER et al. Mental disorders in megacities: findings from the São Paulo megacity mental health survey, Brazil. PLoS One 2012; 7(2):e31879.
4. Associação Brasileira de Psiquiatria. Diretrizes para um modelo de atenção integral em Saúde Mental no Brasil. Rio de Janeiro: 2014.

Leia também sobre Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental, clicando aqui.

O cuidado multidisciplinar.

O trabalho organizado com equipe multidisciplinar surge como possibilidade de integrar os vários conhecimentos específicos, enriquecendo a compreensão de quem é atendido por esse tipo de abordagem e assim ampliando a eficácia interventiva.

* Por Diana Lopes

O cuidado multidisciplinar tem se tornado cada vez mais importante para melhores resultados dos pacientes. Leia esse texto e entenda um pouco sobre o cuidado multidisciplinar.

A crescente especialização no campo da ciência e tecnologia exigiu que profissionais de todas as áreas aprofundassem em áreas ainda mais particularizadas. Extremamente importante para aprofundar o conhecimento e as intervenções do saber específico de cada profissão, isto gerou respostas eficazes e, podemos dizer, conhecimentos mais
precisos. Como consequência natural desse movimento também gerou fragmentação do saber e em ações isoladas nas mais diversas áreas. Neste ponto é necessário nos apropriar de um dilema sobre essa evolução no campo cientifico e tecnológico: como integrar todos conhecimentos específicos?

Cuidado multidisciplinar e a área de saúde

Tá, e o que área de saúde tem com isto?
Bem, nas áreas de maquinarias e tecnologia vimos uma crescente tendência a prestação de serviço entre as instituições como forma de resolver a fragmentação de conhecimentos. Esta lógica também se aplicou na área de saúde e é uma pratica comum. Temos consulta com cardiologista, com neurologista, com psicólogo, com nutricionista, com fisioterapeuta, etc.

Especialidades

Ok, mas qual o problema de ter varias especialidades?
Quando esta prática é utilizada na área de saúde nos deparamos com um detalhe importante: O SER HUMANO. A complexidade humana exige consideração de um modo mais integral de olhar para a saúde. Estes conhecimentos especializados tão importantes nos faz , por exemplo, tomar medicação do cardiologista, mais medicações do neurologista, mais adoção de novos comportamentos a partir do trabalho com psicologo,
mais dieta prescrita por nutricionista, mais o conjunto de exercícios sugeridos pelo fisioterapeuta, e assim por diante. Será que isto resultaria em uma sobreposição de abordagens? Sobreposições de prescrições medicamentosas? Interferências e incongruências entre as várias condutas clínicas? Resposta, bem provável.

O trabalho da Equipe multidisciplinar

Humm, o que isto tem a ver com equipe multidisciplinar? O trabalho organizado com equipe multidisciplinar surge como possibilidade de integrar os vários conhecimentos específicos, enriquecendo a compreensão de quem é atendido por esse tipo de abordagem e assim ampliando a eficácia interventiva. Uma equipe que trabalha deste modo admite que o ser humano, cujo processo de vida envolve diversas dimensões  complementares, necessita mais que as especializações isoladas. Assume
que a especificidade profissional não consegue dar resposta a uma multiplicidade de fatores intrínsecos associados a situações de doença e de que é preciso somar saberes para dar respostas efetivas e eficazes aos problemas complexos que envolvem a perspetiva de qualidade aos pacientes.

O cuidado multidisciplinar na prática

A equipe multidisciplinar mantém as suas atuações específicas, mas reúnem-se periodicamente para a troca de informações dentro de áreas de interseção, articulando-se, tendo como base a consciência que emerge no “confronto” com as práticas. O trabalho considera o paciente como um todo, numa atitude humanizada e uma abordagem mais ampla e resolutiva do cuidado. Através do estudos dos casos constrói-se caminhos que visam abarcar a eficácia e a qualidade na área da saúde, desta forma,
pode emergir condutas mais apropriadas aos atendimentos e maior organização do trabalho interventivo.

E realmente funciona o cuidado multidisciplinar?

Sim, vários estudos têm demonstrado significativas limitações na abordagem unidirecional e fragmentada de qualquer vertente, ressaltando a importância dos múltiplos fatores envolvidos e de uma visão global e integral, seja na prevenção, no diagnóstico, na intervenção/tratamento, seja na reabilitação dos doentes. Mas um alerta é importante, existem muitas clínicas que oferecem varias especialidades em um mesmo espaço, mas
isto não quer dizer que tenham uma estruturação do serviço de modo multidisciplinar.

Orientamos que busque conhecer bem a proposta e os profissionais da clínica como um todo e o que caracteriza a prática oferecida.

E agora um recado final: destacamos que a importância deste tipo de abordagem tem sido documentada cientificamente, evidenciando melhor serviço aos pacientes, beneficiando estes mais quando os profissionais de saúde trabalham em conjunto. Na Clínica Rezende a incorporação desse novo modelo no atendimento em saúde capacita o profissional a ter
uma percepção mais abrangente, dinâmica, complementar, integrada e humanizada, que retrata uma realidade necessária para se oferecer ações que visam melhorar a qualidade de saúde e de vida das populações em geral.
Essa é uma inovação que propomos e temos profissionais que tem experiencia em envolver múltiplos saberes e ações de saúde que dizem respeito aos conhecimentos e práticas de diversos profissionais: enfermeiros, médicos, psicólogos, nutricionistas, etc.
Estamos atentos as tendências em saúde de acordo com as necessidades e a
complexidade humana.

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Referências bibliográficas:

ARAÚJO, M.; ROCHA, P. (2007) – Trabalho em equipe: um desafio para a consolidação da estratégia de saúde da família. Revista Ciência e Saúde Colectiva, (12) 2.

COSTA, R. (2007) – Interdisciplinaridade e equipes de saúde: concepções. Barbacena: Revista Mental, (5) 8.

PEDUZZI, M. (2001) – Equipe Multiprofissional de Saúde: Conceito e Tipologia. São Paulo: Revista de Saúde Pública, (35) 1.