Um relato sobre depressão.

Caro/a você,
Uma das poucas coisas que nunca imaginei na vida (e olha que eu sou uma serzinha das mais imaginativas) é que eu estaria aqui hoje te contando como tudo aconteceu comigo.

* Por Monalisa Vasconcelos

– O que é a coisa mais corajosa que você já disse na vida?

– Me ajuda.

Caro/a você,

Uma das poucas coisas que nunca imaginei na vida (e olha que eu sou uma serzinha das mais imaginativas) é que eu estaria aqui hoje te contando como tudo aconteceu comigo. E provavelmente jamais faria isso se não acreditasse integralmente no poder que reside em partilhamos as nossas histórias. É quando a gente se abre e se ouve que a gente reconhece a nossa humanidade, que a gente se sente menos sozinho, menos vazio, menos distante do que acontece lá no canto mais profundo da gente. Então, o meu único objetivo aqui hoje é que a gente se veja e se toque, sem filtros.

Meu nome é Monalisa. Em 2020 fui diagnosticada com depressão pelo Dr. Alexandre. Depois de dois anos de tratamento, recebi alta da medicação. E, em dezembro de 2022, ele me fez o convite de escrever um depoimento pro blog da clínica. “Pensei em você porque sua experiência foi super exitosa e pode servir de exemplo para outras pessoas”: essas foram as palavras dele. Sem pensar muito (o que também é bem incomum pros meus padrões), resolvi aceitar. Mas não pelas mesmas razões que impulsionaram o convite. Sabe, eu acho que a gente já ostenta demais da conta a partilha dos nossos êxitos (ou da imagem que cultivamos do que eles significam) e isso só tem piorado o quadro das nossas dores internas – que ficam cada mais exiladas no quartinho escuro das nossas grutas mais obscuras. Até que um dia elas nos implodem e desmoronamos diante dos nossos próprios olhos. Foi assim comigo, pode ser que isso esteja acontecendo com você agora e te prometo: não tenho a menor intenção de ser exemplo ou de mostrar como fui bem-sucedida nessa jornada. Não vou dar dicas de superação e espero escapar de frases motivacionais. Na maior das minhas esperanças, o que eu quero é poder te dar a mão no seu pior momento trazendo à tona o meu pior também. Que nada nos afaste.

Assim, descarada e despida, começo te contando o que rolou na nossa primeira consulta. Depois de, sei lá, uma hora, uma hora e meia de “conversa”, veio o diagnóstico: Monalisa, o quadro que você está apresentando é de uma depressão grave e precisaremos iniciar um tratamento. Aquele momento pra mim soou como uma sentença. Olhei bem nos olhos do médico e do meu abismo mais horroroso saiu uma voz que disse assim: “Doutor, o que senhor está me dando é um atestado de falência como ser humano”. Ele deve se lembrar disso. Eu, da minha parte, acho difícil esquecer. Tanto pela dor que eu senti quanto por tudo que eu enxerguei sobre mim mesma por causa dessa frase. Mas não foi logo de cara. Isso ainda demoraria mais algumas semanas.

Saí do consultório com uma receita de antidepressivo nas mãos. Guardei e jurei que jamais usaria aquilo. É preciso fazer um parênteses aqui pra dar uma pequena dimensão do meu contexto de vida naquele momento: nascida e criada em Juiz de Fora, depois de formar em jornalismo, me mudei pra São Paulo em 2009 com o sonho de me tornar atriz. Em 2020, quando a pandemia estourou, eu tinha um cargo público como coordenadora de um teatro da secretaria municipal de cultura, estava em cartaz com duas peças de teatro, vinha de um 2019 com reconhecimentos super bacanas no âmbito do meu ofício, desenvolvia meus trabalhos espirituais e sociais… tinha toda uma vida estruturada na cidade nesses dez, onze anos depois da minha chegada totalmente às cegas nesse lugar. Esses anos de São Paulo sempre foram uma luta indescritível, muito solitária, cheia de revezes e não foram poucas as vezes em que eu havia pensado em “desexistir”. Mas, com o passar do tempo, e as conquistas (internas e externas) sendo delineadas palmo a palmo, naquele momento eu tinha um certo sentimento de que estava, por fim, conseguindo construir algo de concreto, duradouro e próprio. Durante os primeiros meses da pandemia, o trabalho aumentou, me envolvi em várias campanhas de auxílio às famílias mais carentes, criei novos projetos artísticos, fiz um monte de live pro teatro… até que, sem perceber como, de um dia pro outro, entre as paredes daquele meu studio de 30m², eu comecei a perder a memória, a perder força (literalmente) de ficar em pé, me vi a dormir e acordar chorando ininterruptamente por semanas e completamente sem vontade de continuar vivendo. Pouco tempo depois, na segunda tentativa da minha família de me resgatar desse estado, eu me vejo de volta a Minas, com 36 anos, completamente devastada emocionalmente, tendo que virar as costas pra tudo, com o pensamento oscilando num paradoxo entre “eu não construí nada de válido” e “vou perder tudo o que eu construí”. Outro fator era a minha mediunidade. Do que jeito que eu estava era como se tivesse aberto um portal cavalar à toda sorte de perturbações e obsessões que agravaram muito essa situação.

Aí, quando eu escuto “depressão” foi como se aquilo chancelasse o sentimento de que apesar de todo esforço, renúncia e dedicação, no fim das coisas eu “dei errado”, “não consegui”, “falhei”, “voltei pior do que quando fui embora”. Sentia vergonha de estar na casa dos meus pais de volta, vergonha da minha fraqueza, da minha agora indisfarçável vulnerabilidade. Quem, ainda mais nos dias de hoje, quer ser vista como um fracasso? Calma, muita calma. Eu não estou dizendo que a depressão seja isso. Eu quero dizer (e essa é a grande questão) que, dominada por ela, isso era tudo o que eu conseguia enxergar. E é nesse ponto que o jogo começa a virar.

O Dr. Alexandre não sabe, vai saber quando ler esse texto, eu demorei semanas pra começar a tomar o remédio. Eu tinha muito medo do que ele poderia me causar e uma birra homérica da psiquiatria, da extensa medicalização presente em nossos tempos. Além disso, anos atrás, escrevi uma peça de teatro inspirada no dilacerante livro “Holocausto Brasileiro” (da também juizforana, a maravilhosa Daniela Arbex) e na ocasião eu estudei muito sobre o marketing da loucura pra poder falar daquele universo dos manicômios enquanto calabouços de eugenia social e crueldade assistida. Então, na minha cabeça eu tinha sido capturada pelo inimigo. Logo, me recusei drasticamente à medicação.

Acontece que meu quadro só piorou. Eu tinha cada vez menos força pra viver, pra comer, pra sair da cama, os ataques espirituais (sobretudo a noite) cada vez mais severos. Eu realmente fui até a última gota na tentativa de conseguir sair daquela situação com as minhas próprias forças e eu não consegui. Até que chegou o dia em que eu vi que realmente precisava de ajuda, precisava tentar alguma coisa que me desse força pelo menos pra sair da cama. Foi aí que comecei a tomar a medicação. E foi aí que eu comecei a perceber que a partir da ação da medicação no meu corpo era como se o meu cérebro tivesse começado a fabricar novas substâncias, ou velhas substâncias há muito paralisadas. Aos poucos, eu comecei a perceber que diante das “mesmas perguntas” estava sendo capaz de “dar respostas diferentes”. Algum tipo de padrão cíclico estava sendo rompido.

Alguns dias depois, a tempestade interior começou a dar os primeiros sinais de estiagem. Com meu céu interno menos nebuloso, me lembrei do que havia dito na primeira consulta e comecei a me perguntar: Meu Deus, se alguém me dissesse que tem depressão e me pedisse ajuda, a última coisa que eu diria a essa pessoa é que ela falhou como ser humano. Se fosse essa pessoa um amigo, um familiar ou mesmo um desconhecido, eu acolheria a sua dor e moveria mundos pra ajudá-la. Por qual razão, se é comigo, sou tão cruel e impassível? Por que me acredito menos merecedora de compaixão e auxílio? E mais: se qualquer um de nós está sujeito a adoecer do que quer que seja, por que eu acredito que quando é com o outro “tudo bem”, mas quando é comigo “não”? Quão melhor eu estou me julgando ser em relação a qualquer outro ser humano?

E é por isso que eu te disse que gostaria de te mostrar o meu pior. Porque foi também através dele que comecei a – aí sim – a ter condições de me movimentar internamente e voltar a viver. Na queda do meu Olimpo, da segurança da imagem que havia feito de mim mesma, fui obrigada a encarar que caminhava junto à toda aquela dor e desmoronamento, uma trinca fatal pra qualquer processo de cura e autoconhecimento: orgulho, vaidade e um extenso combustível de autodestruição. Não estou dizendo que essa seja o seu caso, estou dizendo que foi o meu. E que eu precisei enxergar isso.

E é também exatamente por isso que comecei esse texto com um trechinho de uma animação que vi esses dias no Instagram. Um menino caminha em um cenário coberto de neve com três animais. Ele pergunta “qual foi a coisa mais corajosa que você já disse?”. E um deles responde: “help”, ou “me ajuda”. E o que aconteceu comigo, meus amigos, é que eu me expus a ir longe demais na dor pra conseguir ter a coragem de dar esse passo. Pedir e aceitar ajuda. A verdade é que depois desse movimento, eu vi que provavelmente eu fui depressiva a vida inteira. A verdade é que apesar de extrovertida, comunicativa, alegre, a melancolia sempre me acompanhou. Eu caminhei a vida inteira encobrindo com elogios, notas altas, perfeccionismo, performance impecável e excesso de produtividade o rombo horrível que eu carrego no peito, o flerte constante com o suicídio. Eu fui me tornando “imparável”, acreditando fazer isso em nome da construção de mim mesma, do meu legado, do meu quinhão de sucesso (material e espiritual). Mas isso era só metade da verdade. Essa metade encobriu por tempo demais o medo absurdo que eu tinha de em algum momento ter que lidar com aquela sombra insondável dentro de mim. E isso tem um preço muito alto. Muito alto.

Durante o período do tratamento, muitas coisas aconteceram na minha vida, outros tantos ganhos e perdas. E eu poderia ter seguido nesse texto os caminhos das coisas que eu fiz nesse processo pra “dar a volta por cima”, mas acredito que incorreria no mesmo erro em que estamos insistindo de só editar o enredo das nossas vidas no campo das experiências externas, quando na verdade é dentro da gente que o bicho pega. Eu realmente sinto que a gente precisa começar a olhar pra nossa vida interior muito mais carinho, honestidade e humanidade. Até porque, quanto melhor e mais amplamente nós fizermos esse movimento, mais vamos perceber que a saúde mental precisa ser vista para além do indivíduo e da sua dor. Ela é de todo mundo. É tão humana quanto fome. Porque ninguém está imune e talvez seja através dela – da dor – que a gente consiga descobrir um novo jeito de ser e de existir nesse planeta. Tem um filósofo indiano que me toca profundamente, Jiddu Krishnamurti. E concordo em absoluto quando ele diz que: “não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente”. Parte da nossa dor é, sim, um sinal claro de que precisamos dar novos rumos coletivos ao modo como encaramos o que se passa dentro da gente e o quanto a vida que a gente vem aceitando viver é corrosiva, venenosa e opressora. Os dados de depressão, suicídio, ansiedade… no Brasil e no mundo gritam por si e não estamos olhando pra isso com a atenção devida. Isso tem um preço muito alto. Muito alto. E estamos todos pagando por ele.

Bom, fiz todo o tratamento psiquiátrico, entrei na terapia, fiz uma série de coisas, mas não há um dia sequer que essa luta pela integridade do meu ser não esteja me esperando pro café da manhã. O rombo no meu peito não diminuiu, a diferença é que agora ele tem tanto espaço pra ser ouvido quanto o meu riso frouxo, que eu adoro. Custou e custa todos os dias querer e saber que existe sim uma forma melhor de viver nesse mundo. Mas realmente acredito que o verdadeiro salto dessa conquista só pode ser dado no compromisso de cada individualidade nessa causa que é sim tão coletiva quanto urgente.

Então, com tudo isso, caro/a você, eu espero que você não siga meu exemplo. Que você não espere se ferir como eu me feri (e permiti que me ferissem) até ter a coragem de pedir ajuda, de dar um tempo, de dizer “chega, eu não aguento mais”. Eu espero que você possa ter mais compaixão com seus sentimentos do que tive pelos meus até hoje. Eu espero que você consiga identificar seus limites antes de violá-los completamente. Eu espero que você sinta que pode conversar com alguém sobre suas fraquezas e que não precise se obrigue a ser incrivelmente foda o tempo todo pra se sentir amado ou amada. Eu espero que nem você, nem ninguém que você ame, tenha passado ou precise passar por tudo isso. Mas se for esse o caso, só saiba que você não está sozinho/a. Peça e aceite ajuda. E recomece. Estamos todos – uns mais, outros menos cientes disso – estamos todos renascendo nesse momento.

Um abraço carinhoso pra você,

Mona.

(@mona.vasconcelos)

Depressão em crianças e adolescentes

Entenda as particularidades da doença nessa faixa etária e saiba qual é o momento de procurar ajuda profissional.

* Texto por Helen Lima em entrevista ao Dr. Lucas Magalhães, Psiquiatra Infantil.

Depressão em Crianças e Adolescentes

Entenda as particularidades da doença nessa faixa etária e saiba qual é o momento de procurar ajuda profissional.

Humor triste, alterações no ciclo do sono, perda de energia e desinteresse pela maioria das atividades durante um período maior do que duas semanas são algumas das manifestações mais comuns da depressão. Segundo um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP, 36% das crianças e adolescentes apresentaram sintomas da doença durante a pandemia. O levantamento foi realizado virtualmente com cerca de 6.000 voluntários entre 5 e 17 anos. Os pais devem ficar atentos aos sinais específicos que a depressão apresenta nessa faixa etária.

De acordo com o Dr. Lucas Magalhães, Psiquiatra infantil da Clínica Rezende, uma diferença significativa é que a irritabilidade pode ser um sintoma mais evidente em crianças e adolescentes no lugar da tristeza. Ele também reforça o alerta quando os pequenos deixam de ganhar peso, já que esse aumento é esperado durante a fase de crescimento.

Impactos da depressão em crianças e adolescentes

A depressão afeta de forma global a vida do paciente e de seus familiares, impactando diversos núcleos como a escola, as amizades, a igreja, entre outros. O Dr. Lucas conta que é comum os pais se preocuparem em maior grau com os efeitos da doença no desempenho escolar dos filhos, o que é esperado, já que esse distúrbio causa a redução da capacidade de concentração.

Ele explica que esse problema pode ser revertido com o tratamento adequado e reforça que outras repercussões merecem mais cuidado, como o prejuízo emocional e a perda de vínculos afetivos desencadeada pela depressão. “Por vezes, a falta de entendimento da família vai enfraquecendo as relações de uma maneira que pode levar a complicações da doença no lugar de favorecer o paciente”.

O psiquiatra diz que a recuperação das relações sociais de uma criança ou adolescente com depressão depende de um esforço mútuo, reforçando o papel fundamental da família na tarefa de restabelecer a saúde mental do paciente, com muita resiliência e generosidade.

O momento certo de buscar orientação médica

Crianças e jovens depressivos passam por uma mudança de hábitos e comportamentos. A convivência, antes normal, se torna tediosa e por vezes turbulenta nos mais diversos ambientes. É sobre essa alteração da rotina que o Dr. Lucas Magalhães faz sua principal observação: os pais que estabelecem boas relações conseguem perceber mais facilmente quando os filhos estão em sofrimento.

“Os pais devem se preocupar em criar um bom canal de diálogo, de forma que seus filhos se sintam ouvidos. É preciso que os familiares sejam capazes de reconhecer os sinais da doença menos no que os médicos dizem e mais no que os filhos manifestam”.

O psiquiatra conclui afirmando que o melhor caminho para a recuperação de crianças e adolescentes com depressão é a abordagem precoce e humana, realizada de forma integrada entre profissional de saúde e familiares.

Se você está percebendo algum desses sinais em seu filho e possui dúvidas de como proceder com o tratamento, conte com o auxílio de um profissional especializado em saúde mental.

Fonte: https://jornal.usp.br/atualidades/pandemia-e-responsavel-por-cerca-de-36-dos-casos-de-depressao-em-criancas-e-adolescentes/

Esquizofrenia

A Esquizofrenia é um transtorno mental crônico, com início mais comum no final da adolescência ou início da vida adulta. Apresenta como principais características os chamados sintomas psicóticos, divididos em positivos e negativos.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

O que é Esquizofrenia?

A Esquizofrenia é um transtorno mental crônico, com início mais comum no final da adolescência ou início da vida adulta. Apresenta como principais características os chamados sintomas psicóticos, divididos em positivos e negativos.

Os sintomas ditos positivos da Esquizofrenia são os delírios e as alucinações. As alucinações são experiências em que o indivíduo tem percepções na ausência de estímulos sensoriais, sendo que as mais comuns são as auditivas. Ou seja, nesse caso, ele pode ouvir coisas que as demais pessoas não percebem. Já os delírios são definidos como juízos falsos da realidade, isto é, pensamentos ou ideias com conteúdos que não correspondem com a lógica dos fatos.

Há, também, os chamados sintomas negativos, em que se observa um empobrecimento do afeto e da vontade, e incapacidade de expressar emoções. O paciente com Esquizofrenia pode evoluir também com perdas cognitivas, principalmente com déficit na capacidade de abstração e prejuízo das funções executivas.

A prevalência da Esquizofrenia na população geral ao longo da vida gira em torno de 1%, sendo que o pico de aparecimento dos primeiros sintomas normalmente ocorre para os homens entre 15 e 25 anos e para as mulheres entre 25 e 35 anos de idade.

Apesar do tratamento farmacológico ser fundamental nesse tipo de transtorno mental, parte dos pacientes tem dificuldades em seguir esse tratamento de forma contínua. Muitas vezes deixam de tomar os remédios aconselhados por seus psiquiatras ou negligenciam o manejo do problema, reduzem por conta própria a dosagem da medicação, se esquecem dos horários estabelecidos ou fazem uso de substâncias psicoativas. Esses comportamentos contribuem não só para um atraso no tratamento, assim como também proporcionam o aparecimento de prejuízos, ou seja, a pessoa encontra cada vez mais dificuldades para interagir e torna-se menos capaz para desempenhar tarefas do dia a dia.

Como os pensamentos influenciam na Esquizofrenia?

Um paciente com o diagnóstico de Esquizofrenia pode se sentir “confuso” com seus próprios pensamentos. Eles podem lhe tirar a atenção em boa parte do tempo e, às vezes, podem surgir como vozes que dizem coisas sobre si, e que não são boas de ouvir ou são temidas como verdadeiras. Esses pensamentos são percebidos como reais, são bastante perturbadores e podem aumentar bastante o nível de estresse, o que deixa o paciente ainda mais vulnerável a crises. Assim sendo, é de grande importância que, aliada à medicação, o paciente tenha a ajuda de uma psicoterapia, pois assim, num viés cognitivo-comportamental, poderá identificar e modificar seus pensamentos, percebendo o que é “real” e o que tem relação com a Esquizofrenia.

Como o problema pode estar sendo mantido?

A Esquizofrenia é um transtorno mental que, de maneira geral, requer tratamento continuado pelo resto da vida. Nesse sentido, é de extrema importância a correta utilização da medicação prescrita pelo psiquiatra. Qualquer efeito colateral ou reação desagradável a essa medicação deve ser relatada ao médico, e nunca se deve fazer a suspensão por conta própria.

Alguns fatores que podem interferir na piora do quadro ou na não melhora:

  1. Interrupção do tratamento ou não dar o seguimento conforme orientação;
  2. Estressores familiares;
  3. Má alimentação;
  4. Uso de drogas;
  5. Não engajamento em hobbies e outras atividades de lazer.

Como lidar com a Esquizofrenia?

Para além do tratamento farmacológico, é necessário acrescentar intervenções psicossociais, como a psicoterapia. A terapia cognitivo-comportamental é considerada uma das abordagens com boa eficácia utilizada no tratamento da Esquizofrenia. Assim, será possível que o paciente possa encontrar novas alternativas para seu modo de pensar, não levando tanto em conta o conteúdo das alucinações e dos delírios, diminuindo, assim, o impacto deles na vida do paciente.

É importante normalizar as alucinações do paciente. Diversas outras condições, como depressão grave, luto e uso de substâncias podem gerar esses sintomas. Muitas vezes as vozes são reações a pensamento automáticos. Ao saber que outras pessoas podem apresentar isso, a experiência pode se tornar menos perturbadora.

Em relação aos delírios, a terapia cognitivo-comportamental propõe intervenções que permite que o paciente, utilizando áreas intactas do seu psiquismo, possa encontrar novas alternativas para a sua crença delirante e, com isso, diminuir o impacto do pensamento disfuncional em sua vida, a partir de uma aliança terapêutica bem estabelecida. Deve-se tomar o cuidado para não se desafiar os delírios.

Para uma melhor compreensão, citamos a seguir algumas estratégias utilizadas em psicoterapia:

  • Psicoeducação: deve-se informar ao paciente e familiares sobre as características da Esquizofrenia, seus sintomas, como é realizado o tratamento e as dificuldades associadas a esse diagnóstico.
  • Adesão medicamentosa: o tratamento farmacológico tem papel decisivo no controle dos sintomas da Esquizofrenia. Assim, a administração correta dos remédios é essencial para a eficácia do tratamento, evitando-se pausas, atrasos, diminuição ou aumento de dosagens por conta própria. Modificações inadequadas na medicação podem influenciar no aparecimento e gravidade dos sintomas psicóticos.
  • Identificação do pensamento: como já dito, na Esquizofrenia os pensamentos podem se manifestar por meio de conteúdo delirante. Algumas explicações alternativas podem ser sugeridas e talvez elas façam o paciente ver a situação de outro modo, contribuindo para que se sinta melhor.
  • Treino em habilidades sociais: um dos principais objetivos é possibilitar maior autonomia para que o paciente seja capaz de gerir sua vida com os menores danos possíveis. Deve-se desenvolver formas de se lidar com situações sociais diversas, principalmente aquelas de maior estresse, como problemas no âmbito familiar e sua reinserção na comunidade. Deve-se trabalhar intervenções que procurem preservar o contato com a realidade por meio da criação e manutenção de vínculos afetivos, com a família e amigos.
  • Resolução de problemas: tem como finalidade a criação de estratégias que visem resolver problemas específicos pelos quais o paciente possa passar.

 

É importante destacar a importância de se aprender a conviver com a Esquizofrenia, de forma a compreender suas características e saber como lidar com cada uma delas. A melhor forma de enfrentar um problema é conhecendo esse problema.

Sugestão de filme:

Uma mente brilhante. Filme de 2001, dirigido por Ron Howard, conta a história do matemático John Forbes Nash e sua luta contra a Esquizofrenia.

 

Referência bibliográfica:

Este texto foi baseado na seguinte referência:

HIRATA, H.P.; PAIXÃO, J.E. Capítulo 11 – Esquizofrenia. In: CARVALHO, M.R.; MALAGRIS, L.E.N.; RANGÉ, B.P. Psicoeducação em Terapia Cognitivo-Comportamental. – Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.

Procrastinação

A procrastinação pode ser definida como um atraso voluntário e desnecessário de uma tarefa que se pretendia realizar… clique para ler mais.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

O que é Procrastinação?

A procrastinação pode ser definida como um atraso voluntário e desnecessário de uma tarefa que se pretendia realizar, apesar de estar consciente das consequências desagradáveis desse adiamento, resultando em um significativo sofrimento subjetivo. Ou seja, é um atraso contrário à intenção inicial do indivíduo. Isso resulta em um aumento do nível estresse, com acúmulo de tarefas, menor produtividade, sensação de fracasso por não cumprir com as suas responsabilidades e compromissos.

A procrastinação crônica pode ser um sinal de problemas psicológicos ou fisiológicos. Mais do que um comportamento, a procrastinação tende a ser um traço de personalidade, atuando tanto como um fator preditor quanto mantenedor de outros transtornos, como os ligados a ansiedade e humor.

Quais são os motivos que levam uma pessoa a procrastinar? Aquele que adia uma tarefa tem uma dificuldade para regular processos relacionados aos pensamentos, emoções e comportamentos. Por exemplo, ao experimentar uma emoção de ansiedade ou medo frente à realização de uma atividade, pode não conseguir manejar essa situação de forma adequada, foca excessivamente no desconforto sofrido no momento, fazendo com que evite ou fuja daquela situação.

 

Como os pensamentos influenciam na procrastinação?

O comportamento procrastinatório é uma estratégia para regular, em curto prazo, emoções negativas que acompanham a avaliação de uma tarefa. Isso porque a maneira como interpretamos determinadas situações tem um enorme poder de provocar reações emocionais e comportamentais.

Em linhas gerais, a procrastinação está associada a fatores cognitivos e emocionais, dentre eles o desconforto na realização de uma tarefa e o medo do fracasso.

  • Desconforto com uma tarefa: o grau de incômodo com uma tarefa (difícil, tediosa, cansativa) vai mediar a possibilidade de se engajar num comportamento procrastinatório.
  • Medo do fracasso: adia-se com frequência as atividades a fim de prevenir avaliações negativas acerca do seu próprio desempenho, ligado à ideia de que os outros esperam o melhor do indivíduo. Nesse sentido, a pessoa pode adotar pensamentos sabotadores, do tipo “hoje não haverá tempo suficiente”, “estou cansado, amanhã terei mais energia para fazer isso” ou “eu já passei por muitas dificuldades essa semana, mereço fazer algo relaxante agora”.

 

Como o problema pode estar sendo mantido?

A procrastinação, em muitos momentos, parece funcionar, apesar dos danos, por isso acaba sendo um comportamento sustentado. Quando se procrastina, a pessoa se vê com menos tempo e maior pressão para realizar uma tarefa conforme o prazo de entrega se aproxima. Assim, ativamos um estado de alerta, que aumenta a capacidade de atenção e produtividade.

Apesar de poder funcionar de modo imediato, não é adequado manter esse modo de funcionamento, pois em alguns casos, pode-se não finalizar o afazer ou gerar uma grande sensação de exaustão.

Pessoas que procrastinam podem apresentar uma certa dificuldade relacionada ao controle de impulsos e costumam priorizar prazeres imediatos. Então, outro motivo pelo qual a procrastinação parece funcionar é porque ela pode trazer um alívio momentâneo de seu estado de desconforto emocional. Ao se sentir medo, ansiedade ou tristeza por ter que realizar uma tarefa específica, o adiamento da mesma quase que imediatamente reduz todo esse sofrimento.

Como lidar com a procrastinação?

  • Autoconhecimento e psicoeducação: entender a razão de se agir dessa maneira é essencial para estabelecer a forma de enfrentar o problema. Há pessoas que “ruminam” preocupações, são perfeccionistas e se cobram muito, temem uma má avaliação, são desorganizadas ou tendem a se entregar a prazeres imediatos.
  • Identificar e questionar os pensamentos sabotadores: identificar e questionar, e até mudar, os pensamentos distorcidos (não realistas, pouco úteis, não pragmáticos).
  • Ativação comportamental: a verdade é que nos motivamos à medida que agimos. Ao longo do tratamento é possível aprender a se engajar nas tarefas e por onde começar.
  • Regulação das emoções: a falta de habilidade em lidar com as próprias emoções é um dos fatores que envolvem a procrastinação. Ao contrário de evitar as emoções, é necessário aprender com elas, entendê-las e aceitá-las.

 Referência bibliográfica:

Este texto foi baseado na seguinte referência:

COSTA, R.T.; TALASK, G. Capítulo 23 – Procrastinação. In: CARVALHO, M.R.; MALAGRIS, L.E.N.; RANGÉ, B.P. Psicoeducação em Terapia Cognitivo-Comportamental. – Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.

Transtorno do pânico

O que você precisa saber sobre Transtorno do Pânico.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

O que é transtorno do pânico?

O Transtorno do Pânico se caracteriza pela ocorrência de sintomas intensos de ansiedade (ataques ou crises de pânico), que geram bastante medo e desconforto, e podem acontecer de repente, em qualquer local ou situação.

Características do DSM-5*

O Transtorno do Pânico se refere à ocorrência de ataques de pânico inesperados e recorrentes, definidos como um surto abrupto de medo ou desconforto intensos que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem sintomas físicos e mentais associados à ansiedade e medo.

Sintomas físicos:

Palpitações, sudorese, tremores, sensação de falta de ar, desconforto torácico, náuseas, sensação de tonteira ou desmaio, calafrios ou ondas de calor, sensação de formigamento.

Sintomas mentais:

Sensação de morte iminente, medo de sofrer um ataque cardíaco, de perder o controle ou enlouquecer.

Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou ambas as seguintes características:

  1. preocupação persistente sobre a possibilidade de ter novos ataques ou sobre suas consequências;
  2. mudanças comportamentais significativas.

Após o início, os sintomas atingem um pico em até 10 minutos e tem duração autolimitada, geralmente menos de uma hora, muitas vezes alguns minutos.

Por conta de todo esse desconforto, a pessoa começa a evitar alguns lugares e situações, por medo de ter novas crises de pânico. A principal informação para quem teve uma crise de pânico é a certificação de que, apesar de muito desagradáveis desconfortáveis, as crises não são tão perigosas como a pessoa chega a imaginar.

As manifestações de um ataque de pânico fazem parte da ativação de um sistema de defesa do organismo para lidar com situações de risco, serve para nos alertar e proteger, ou seja, tem uma função que preza pela nossa sobrevivência. No Transtorno do Pânico esse sistema parece estar “desregulado”, sendo ativado sem uma real necessidade, como se fosse um “alarme falso”.

O tratamento do Transtorno do Pânico se baseia no uso de medicações e em abordagens psicoterápicas. O objetivo do tratamento não é apenas suprimir as crises de pânico, mas também reduzir as evitações fóbicas, a ansiedade antecipatória e a hipervigilância em relação aos sintomas corporais de ansiedade.

Como os pensamentos influenciam no Transtorno do Pânico?

Diante de um evento da nossa vida, a maneira como avaliamos essa situação influencia diretamente na forma como sentimos, nos comportamos e como nosso corpo reage por meio de reações fisiológicas.         No entanto, se por algum motivo fazemos uma interpretação não adequada das situações, ou até de nossas sensações, teremos reações emocionais, comportamentais e fisiológicas coerentes com essa avaliação errônea, ou seja, sofremos sem ter uma real necessidade.

No Transtorno do Pânico há uma tendência de direcionar a atenção para as sensações, e os pensamentos que se costuma ter sobre as sensações geralmente são catastróficas, antecipando os piores desfechos possíveis, tais como “estou morrendo”, “não vou aguentar”. Essas interpretações sobre perigo aumentam ainda mais a ansiedade, gerando um ciclo de pensamentos negativos, embora as situações temidas nunca se concretizem.

Como o problema pode estar sendo mantido?

A experiência de ansiedade intensa e as ideias de morte, loucura ou perda de controle de uma crise de pânico geram grande desconforto. Assim, a repetição das crises gera uma ansiedade antecipatória e medo das consequências de novas ocorrências, o que pode levar a diversas evitações (como não sair de casa). No entanto, esse comportamento traz um conforto apenas imediato, mas isso reforça ainda mais o transtorno, pois você aprende que se livrar das situações é a maneira com que pode se pode lidar com as sensações, além de se sentir cada vez mais incapaz de enfrentar o problema.

Um outro fator que também contribui para a manutenção do quadro é a forma como se interpreta as sensações corporais. Se a interpretação for de perigo, o corpo irá reagir provocando as manifestações de ansiedade como mecanismo de proteção, e aí uma crise de pânico pode acontecer.

Não aceitar ou entender que as sensações podem acontecer é o que faz com que você tente evitar qualquer ocorrência de ansiedade. Mas viver sem ansiedade é impossível, pois ela faz parte das características dos seres humanos.

Como lidar com o Transtorno do Pânico?

Durante o tratamento com base cognitivo-comportamental, você aprenderá algumas estratégias de como lidar com o Transtorno do Pânico:

 

  • Aceitação da ansiedade: deve-se aceitar as próprias sensações, não tentando afastá-las. Ao resistir, haverá uma tendência de prolongar ainda mais o desconforto.
  • Manejo dos sintomas: deve-se aprender estratégias para lidar com os sintomas, ou seja, treinar seu corpo para tentar diminuir a ativação provocada pela ansiedade. Por exemplo, utilizando técnicas de respiração.
  • Questionar pensamentos: deve-se relativizar a maneira como você pensa acerca das sensações, questionando a validade dos seus pensamentos, buscando se basear em evidências. Você já parou para se perguntar se tudo o que você teme realmente acontece?
  • Enfrentamento: deve-se desenvolver estratégias para lhe ajudar a enfrentar as situações que costuma evitar, de forma gradual e no seu tempo. Vai descobrir que o enfrentamento é o que realmente diminui o seu medo e não a evitação.

Muitas pessoas acreditam que nunca mais conseguirão ficar bem dos sintomas do Transtorno do Pânico. De fato, é muito difícil vivenciar sensações e medos tão desconfortáveis, mas o tratamento ocorre de forma gradual, de acordo com os limites que você determinar e, aos poucos, você ganhará mais autoconfiança para permanecer em constante melhora, sentindo-se cada vez mais capaz.

Sugestão de leitura: Vencendo o pânico – Manual do cliente. Autores: Bernard Rangé e Angélica Borba. Editora Cognitiva, 2019.

* DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders): Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – 5ª edição, publicado em 2013, é um manual elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria para auxiliar no diagnóstico dos transtornos mentais.

Referência bibliográfica:

Este texto foi baseado na seguinte referência:

CARVALHO, M.R.; DIAS, T.R.S. Capítulo 1 – Transtorno de pânico. In: CARVALHO, M.R.; MALAGRIS, L.E.N.; RANGÉ, B.P. Psicoeducação em Terapia Cognitivo-Comportamental. – Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.

Pandemia de medo e covid-19: impacto na Saúde Mental e possíveis estratégias.

Para entender as repercussões psicológicas e psiquiátricas de uma pandemia, as emoções envolvidas, como medo e raiva, devem ser consideradas e observadas.

* Por Fernanda Rezende

“PANDEMIC FEAR” AND COVID-19: MENTAL HEALTH BURDEN AND STRATEGIES.

Para entender as repercussões psicológicas e psiquiátricas de uma pandemia, as emoções envolvidas, como medo e raiva, devem ser consideradas e observadas. O medo é um mecanismo de defesa animal adaptável que é fundamental para a sobrevivência e envolve vários processos biológicos de preparação para uma resposta a eventos potencialmente ameaçadores. No entanto, quando é crônico ou desproporcional, torna-se prejudicial e pode ser um componente essencial no desenvolvimento de vários transtornos psiquiátricos. Em uma pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e intensifica os sintomas daqueles com transtornos psiquiátricos pré-existentes.

Durante as epidemias, o número de pessoas cuja saúde mental é afetada tende a ser maior que o número de pessoas afetadas pela infecção. Tragédias anteriores mostram que as implicações para a saúde mental podem durar mais tempo e ter maior prevalência que a própria epidemia e que os impactos psicossociais e econômicos podem ser incalculáveis se considerarmos sua ressonância em diferentes aspectos.

Outro estudo relatou que pacientes infectados com COVID-19 (ou suspeita de infecção) podem sofrer intensas reações emocionais e comportamentais, como medo, tédio, solidão, ansiedade, insônia ou raiva, como já foi relatado em situações semelhantes no passado. Tais condições podem evoluir para transtornos, sejam depressivos, ansiedade (incluindo ataques de pânico e estresse pós-traumático), psicóticos ou paranoides, e podem até levar ao suicídio. Essas manifestações podem ser especialmente prevalentes em pacientes em quarentena, cujo sofrimento psicológico tende a ser maior. Em alguns casos, a incerteza sobre infecção e morte ou sobre infectar familiares e amigos pode potencializar estados mentais disfóricos.
Mesmo entre pacientes com sintomas comuns de gripe, o estresse e o medo devido à semelhança das condições podem gerar sofrimento mental e piorar os sintomas psiquiátricos.

Embora alguns protocolos tenham sido estabelecidos, a maioria dos profissionais de saúde que trabalha em unidades de isolamento e hospitais não é treinada para prestar assistência em saúde mental durante pandemias, nem recebe atendimento especializado.

O fornecimento de primeiros socorros psicológicos é um componente de assistência essencial para populações vítimas de emergências e desastres, mas não existem protocolos ou diretrizes universais eficazes para as práticas de apoio psicossocial.

Especificamente para esse novo cenário da COVID-19, Xiang et al. Sugere que três fatores principais sejam considerados ao desenvolver estratégias de saúde mental:

  • Equipes multidisciplinares de saúde mental (incluindo psiquiatras, enfermeiros psiquiátricos, psicólogos clínicos e outros profissionais de saúde mental);
  • Comunicação clara envolvendo atualizações regulares e precisas sobre o surto de COVID-19;
  • Estabelecimento de serviços seguros de aconselhamento psicológico (por
    exemplo, via dispositivos ou aplicativos eletrônicos).

Por fim, é extremamente necessário implementar políticas públicas de saúde mental em conjunto com estratégias de resposta a epidemias e pandemias antes, durante e após o evento. Recentemente a OMS e o Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) publicaram uma série de recomendações psicossociais e de saúde mental. Isso está de acordo com os dados longitudinais da OMS que demonstram que os fatores psicológicos estão diretamente relacionados às principais causas de morbimortalidade no mundo.

Referência Bibliográfica:
ORNEL, F. et al. Pandemia de medo e COVID-19: Impacto na Saúde Mental e
possíveis estratégias. Debates em psiquiatria, Rio de Janeiro. N 02, p. (12-17),
Abril – junho 2020.

01 ano de Clínica Rezende

Assista ao vídeo do Dr. Alexandre de Rezende, psiquiatra da Clínica Rezende, falando sobre o primeiro ano de trabalho da Clínica.

Assista ao vídeo do Dr. Alexandre de Rezende, psiquiatra da Clínica Rezende, falando sobre o primeiro ano de trabalho da Clínica: repleto de realizações, conquistas e desafios.

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