Em busca de sentido

O que dá sentido à sua vida? Você já se fez essa pergunta?

Setembro de 1942. Um homem judeu de 37 anos chamado Viktor é preso num campo de concentração nazista. Sua mulher grávida também fora levada para outros campos de concentração. Eles nunca mais se veriam novamente. Assim, tudo parecia conduzir aquele homem à morte, seu destino aparentava estar inexoravelmente traçado, podendo dessa maneira se entregar à própria sina de inexistir numa câmara de gás. Entretanto, ao contrário disso, passou a observar o comportamento dos seus companheiros de infortúnio, e percebeu que o ser humano no transcurso do momento mais difícil das suas vidas, pode encontrar sentido para seus dias.

Anos depois, ainda no cárcere, esse homem escreveu um livro em breves nove dias narrando suas experiências. Ele dizia: “Nós que vivemos nos campos de concentração podemos nos lembrar de homens que andavam pelos alojamentos confortando a outros, dando o seu último pedaço de pão. Eles devem ter sido poucos em número, mas ofereceram prova suficiente que tudo pode ser tirado do homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher sua atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho”. Ele vislumbrou que a “busca de sentido” é algo inerente à natureza humana.

Abril de 2020. Somos tantos italianos e brasileiros, espanhóis e chineses, Marias e Josés. Certamente, estamos na travessia de um dos trechos mais nebulosos da nossa estrada. Estamos vivendo no claustro da solidão e da incerteza e sendo invadidos pelo medo, pela angústia e pela ansiedade.

O homem judeu em questão é Viktor Frankl, um neuropsiquiatra austríaco, fundador da Logoterapia, que é uma abordagem psicoterápica que se fundamenta na busca pelo sentido da existência humana. “Em busca de sentido” é o livro em que ele descreve toda a sua experiência nos campos de concentração nazistas.

O que dá sentido à sua vida? Você já se fez essa pergunta? O sorriso de um filho, a alegria e a felicidade deles. O contentamento estampado no rosto de um idoso por um acalanto numa visita de final de semana. A gratidão de um aluno pelo conhecimento recebido do mestre. Para alguém em situação de rua, o sentido da vida pode ser um pedaço de pão. Para um enfermo no leito de um hospital, a razão pode ser uma réstia de oxigênio. O perfume de uma flor, o mar, as estrelas. Ora, buscar o sentido de nossa existência, explorar em nosso interior a razão de nossa vida, nos fará pessoas melhores, nos preencherá e nos fará seres mais completos.

De tudo, ficará esse tempo como o passado, essas horas ingressarão no rol das vicissitudes dos nossos dias, e aí teremos aprendido que aquilo que nos move é mais importante do que o que nos faz sucumbir.

Alexandre de Rezende Pinto