O que é Terapia Cognitiva Comportamental?

O tratamento do sofrimento psíquico através da TCC se baseia no modelo cognitivo – padrão de pensamentos, sentimentos e comportamentos.

* Por Laís Helena Pereira

Afinal, o que é Terapia Cognitiva Comportamental?

A Psicologia enquanto ciência e profissão é ampla e formada por um conjunto de subdisciplinas, que apresentam suas próprias concepções de indivíduo, seus próprios problemas e objetos de estudo, bem como métodos próprios para resolução destes dilemas. A Psicologia Clínica é uma das subdisciplinas e, ao mesmo tempo, é constituída por várias abordagens teóricas que norteiam o processo psicoterapêutico. A Terapia Cognitiva Comportamental ou TCC é uma dessas abordagens.

Sobre a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)

Desenvolvida na década de 60 por Aaron T. Beck, psicanalista e professor de psiquiatria na Universidade da Pensilvânia, a TCC se baseia na premissa de que os seres humanos são perturbados pelos significados que atribuem aos fatos, e não pelos fatos per se”. Ou seja, os indivíduos fazem uma avaliação interna dos fatos, da vida, do mundo, das pessoas e de si mesmos e a partir dessa avaliação experimentam sentimentos e reagem à situação de modo condizente ao seu entendimento. Isso significa que a cognição (os pensamentos e crenças) têm um papel mediacional entre os fatos e as reações emocionais e comportamentais a eles. Seguindo esse princípio, Beck observou que existe um padrão cognitivo entre os pacientes de acordo com o transtorno mental que apresentavam. Este padrão por sua vez é formado por um conjunto de pensamentos e crenças disfuncionais que em alguns aspectos estão distorcidos da realidade.

O tratamento

O tratamento do sofrimento psíquico através da TCC se baseia no modelo cognitivo – padrão de pensamentos/crenças, sentimentos e comportamentos – apresentado pelo indivíduo e, a partir dele, o psicólogo utiliza estratégias cognitivas e comportamentais ao longo das sessões com intuito de corrigir e reestruturar as distorções. Todo o processo acontece através de uma relação colaborativa entre o profissional e o paciente, de modo que o paciente tenha um papel ativo no seu tratamento. Outra forte característica da TCC é a presença constante de psicoeducação durante todo o tratamento. A psicoeducação permite a compreensão, pelo paciente, do seu modelo cognitivo, do seu transtorno, como funcionam e assim, pode aprender sobre o processo terapêutico, habilidades terapêuticas que podem ser aplicadas em diferentes problemas e também aprender a prevenir recorrências.

A Terapia Cognitiva Comportamental foi concebida para ser estruturada, de curta duração, voltada ao presente, direcionada para solução de problemas atuais e modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais.

Em resumo, TCC é uma das abordagens psicoterapêuticas utilizadas pelos psicólogos na condução dos atendimentos clínicos. Cabe ressaltar que atualmente ela é a abordagem considerada padrão ouro para o tratamento de muitos Transtornos Mentais pois milhares de estudos científicos comprovam sua eficácia.

Caso você, leitor, esteja interessado em iniciar um processo psicoterápico, espero ter contribuído para um melhor entendimento a respeito dos aspectos teóricos e práticos da psicoterapia baseada na TCC. Porém, é importante lembrar que as demais abordagens também são eficientes e o processo psicoterápico antes de tudo é uma relação humana em que você precisa se sentir confortável. Se não gostar do primeiro psicólogo que procurou, procure outro e não desista do processo!

Precisamos celebrar o amor

A vida segue em quarentena, e se o amor é a condição humana permanente, certamente amar é uma urgência agora! Precisamos celebrar o amor! Feliz dia dos namorados!

* Por Diana Lopes

Precisamos celebrar o amor

Vamos aos dados históricos… Prometo, serei breve.

O dia dos namorados no ocidente é comemorado em 14 de fevereiro, dia de São Valentim, padre romano que durante o tempo de sua prisão se apaixonou pela filha de um carcereiro e enviava cartas românticas em que assinava: “do seu Valentim”. Ele havia sido preso pelo imperador romano Cláudio 2º, que baniu o casamento naquele século por acreditar que homens casados se tornavam piores soldados. Padre Valentim, por sua vez, infringiu a lei e realizava as cerimônias de casamento em segredo, sendo descoberto e condenado à morte.

Aqui no Brasil, o dia do romance, 12 de Junho, foi uma escolha exclusivamente comercial. Em 1948, o publicitário João Dória (sim, pai do atual governador de São Paulo, João Doria Jr.) propôs a data para melhorar os resultados de venda no mês de junho e escolheu o dia 12 por ser véspera do dia de Santo Antônio de Lisboa, o santo casamenteiro.

Mais um ano que aos amantes, em tempos de pandemia, tem sido um desafio. Segundo alguns dados, os pedidos de divórcio aumentaram em 65% no ano de 2020. Assim também, o aumento de violência doméstica desde o início do confinamento. A quarentena obrigou (e obriga ainda) à convivência em grande proximidade entre alguns, impondo o distanciamento social em relação a outros. A vida isolada exige o contato constante no âmbito do mesmo lar, mas o afastamento de todos os outros. Aos casados um exercício de tolerância, aos solteiros exige lidar com o sentimento de solidão e insegurança em buscar seu par.

Mas o isolamento não impossibilitou a experiência de amar. Tem sido comum a valorização do tempo livre para o aconchego na família. Nos conectamos mais com nosso núcleo afetivo e por isto podemos viver momentos de partilha, de comunicação mais frequente e saudável e a consolidação dos relacionamentos. Aprendemos a nos amar online e a flertar virtualmente. A exposição à ameaça de uma doença contagiosa invocou uma aproximação maior de um núcleo restrito de amigos e, em busca de um par, passamos a adotar estratégias antigas de namoro. Confinados, nos vimos obrigados a dialogar mais, revelar medos e esperanças, sentimentos e maneiras de pensar, a conhecer melhor o outro e a selecionar (parceiro) de forma potencialmente mais acertada.

Desta maneira, poderíamos dizer que a pandemia possibilita que o romance e o apego se desenvolvam lentamente, estimulando o seu florescimento a longo prazo e lançando, consequentemente, as bases para uma parceria mais sólida. Se nas últimas três décadas, de acordo com Bauman (2004), os progressos tecnológicos, econômicos, científicos e culturais propiciaram mudanças no processo de formação, conceituação e constituição das relações amorosas, deixando-as mais fluidas (“amor líquido”). Por outro lado, a pandemia tem nos obrigado a buscar formas mais seguras de nos relacionar.

A verdade é que embora o amor romântico possa acontecer à velocidade da luz, os sentimentos de profundo apego levam o seu tempo para se consolidar. Assim, por mais surpreendente que possa parecer, talvez a era pós-Covid possa desencadear parcerias mais felizes e duradouras. Continuaremos com nosso anseio por liberdade e autonomia, mas exercitaremos mais a empatia, o respeito pelo corpo, o caminhar mais lento, a solidariedade, a tolerância e a reciprocidade. O amor será nosso guia e por isto o anúncio de bons acontecimentos.

Então, que você possa encontrar e oferecer o brilho nos olhos, um sorriso largo e bonito, dividir dificuldades, multiplicar as realizações e os êxitos. Que possa experienciar a segurança de ser amado e de amar, cuidar do amor sem pressa. Para aqueles que já se encontram juntos, dedique um momento para cozinhar juntos, oferecer sua melhor taça e sua melhor bebida, arrumem juntos a casa, durma de conchinha. Aos que estão em busca de seu amor, apreciem a própria companhia, curta os momentos com os amigos e família, brinde a si mesmo. Cumpram aquele desejo de fazer algo por você adiado a tempos.  E quando se depararem com alguém para amar, reflita com Rubem Alves: “Crê que seria cas ampaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?”

Assim, não importa se em 14 de fevereiro ou em 12 de junho, se por finalidade comercial ou religiosa, é tempo de celebrar o amor. O amor de todo dia. O amor da tolerância. O amor do respeito. O amor por nós e pelo outro. O amor da empatia. Podemos mergulhar em nós mesmos e ao mesmo tempo perceber que o nosso amor só alcança sua plenitude quando o manifestamos a outro ser humano. O amor da reciprocidade. Encontramos na relação com o outro a tradução de nossa identidade. A reverberação de nós no outro. O amor próprio.  O amor romântico. Que tenhamos calma para não nos amar rapidamente ou nos render à imediata e exclusiva busca de prazer, de companhia. Cultive o amor terno. Desfrute do amor ardente. Esteja atento em como se sente no contato com o outro, desfrute de todas as sensações. Ame devagarinho. Ame sempre.

A vida segue em quarentena, e se o amor é a condição humana permanente, certamente amar é uma urgência agora! Precisamos celebrar o amor! Feliz dia dos namorados!

 

Referências e sugestão de leituras:

ALVES, Rubem.(1994). A pipa e a flor. Edições Loyolas.

AMORIM, Ana Nascimento de; STENGEL, Márcia. Relações customizadas e o ideário de amor na contemporaneidade. Estudos de Psicologia, Natal, v. 19, n. 3, p. 179-188, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 294X2014000300003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 15 mai. 2021.

BAUMAN, Z. (2004).Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: Zahar.

https://www.escoladeempatia.com.br/single-post/2018/04/14/tênis-x-frescobol-rubem-alves

https://fespsp.org.br/store/file_source/FESPSP/Documentos/Manuais/Amor_nos_tempos_de_pandemia__2_.pdf

https://www.vice.com/en/article/m7jyaq/it-turns-out-the-pandemic-made-us-better-partners

https://br.bolavip.com/noticias/Por-que-no-Brasil-comemoramos-o-Dia-dos-Namorados-em-junho-e-no-resto-do-mundo-em-fevereiro-20210209-0040.html