* Por Sabrina Gomes
PARENTALIDADE POSITIVA: EQUILÍBRIO ENTRE AFETO E LIMITES
A parentalidade competente tem sido intensamente discutida nos últimos anos. Isso porque a maneira como os pais educam os filhos é fundamental para o desenvolvimento social, cognitivo e psicológico de uma criança. Entretanto, devemos considerar que os filhos não nascem com manual de instrução e que ser pai/mãe é uma tarefa muito desafiadora e complexa. Sabendo disso, este texto foi elaborado com objetivo de apresentar informações importantes para a auxiliar na reflexão sobre o processo de educar.
ESTILOS E PRÁTICAS PARENTAIS
Pesquisas na área do desenvolvimento humano falam de estilos e práticas parentais. Práticas Parentais são as estratégias que os pais usam no cotidiano para disciplinar os filhos, como elogiar, orientar, bater ou gritar, entre outras. Estilo Parental é o nome que damos para o conjunto desses comportamentos, o que define o clima emocional familiar.
Os estudos apontam para quatro estilos parentais básicos, ou seja, quatro maneiras de se comportar como pai e como mãe. Um deles, o Estilo Participativo, é o mais positivo e capaz de facilitar o desenvolvimento de uma criança. Os outros, autoritário, permissivo e negligente, levam a dificuldades na relação entre pais e filhos e podem impactar negativamente o desenvolvimento das crianças e adolescentes. Veremos a seguir o que caracteriza cada estilo parental e os resultados de cada um para o desenvolvimento dos filhos.
QUAL É O SEU ESTILO PARENTAL?
- Estilo Autoritário (muito limite e pouco afeto): pais autoritários são rígidos e controlam o comportamento das crianças com base em regras inflexíveis, priorizando a obediência e oferecendo pouco afeto. Como resultado, as crianças normalmente apresentam poucos problemas de comportamento, mas são mais submissas e inseguras, pois aprendem que devem se anular para serem amadas; em geral, o estilo autoritário faz com que as crianças apresentem baixa autoestima e altos índices de depressão, ansiedade e estresse.
- Estilo Permissivo (pouco limite e muito afeto): pais permissivos são excessivamente tolerantes diante dos desejos e ações das crianças e não estabelecem regras claras e limites. Valorizam os sentimentos e opiniões dos filhos, mas deixam a autoridade de lado, geralmente por medo de dizer “não” e não serem mais amados pelos filhos. O resultado? No geral, as crianças apresentam pior desempenho nos estudos, baixa tolerância a frustrações e podem apresentar comportamentos antissociais. Também não desenvolvem senso de autoeficácia, isto é, acham que não são capazes de conquistar as coisas por si mesmas.
- Estilo Negligente (pouco limite e pouco afeto): são pais que sempre atendem aos pedidos imediatos das crianças, mas não se comprometem com o papel de educar, deixando os filhos “soltos”. Podem ser pais muito ocupados e sem tempo para dedicar às tarefas de educar ou ainda, pais confusos e que não sabem como agir. Qual o resultado para a criança? Este estilo parental é o que traz piores resultados. As crianças apresentam os menores desempenhos em habilidades acadêmicas e sociais, baixa autoestima, estresse e ficam vulneráveis a desenvolver quadros de depressão. As crianças aprendem que não são importantes e não são amadas.
- Estilo Participativo (muito limite e muito afeto): esse é o melhor estilo. Pais participativos monitoram as atitudes dos filhos, estabelecendo regras claras. Eles são capazes de corrigir as atitudes negativas dos filhos e gratificar as positivas. Elogiam, ajudam nas tarefas e orientam. Os resultados para as crianças são os melhores. Pesquisas mostram que essas crianças apresentam elevada autoestima, menores níveis de estresse e depressão e são mais otimistas e habilidosas.
VOCÊ TEM OS COMPORTAMENTOS DO ESTILO PARTICIPATIVO?
- Você dedica tempo de qualidade para estar junto e se divertir com o seu filho?
- Você consegue dizer “não” quando é necessário limitar o comportamento do seu filho e não ceder apenas para evitar comportamentos de birra ou de oposição?
- Você busca elogiar e gratificar o seu filho quando ele se comporta de maneira adequada?
- Você consegue apontar o comportamento inadequado do seu filho com autoridade e sem punições físicas ou verbais.
Diante de dificuldades para estabelecer regras claras e rotinas, pode ser importante buscar ajuda profissional para processo de orientação de pais. Esse processo de orientação ajudará a desenvolver estratégias assertivas e eficazes.
REFERÊNCIA
Weber, L. (2005). Eduque com carinho: para pais e filhos. Curitiba: Juruá.