TDAH em adultos

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* Por Sabrina Gomes

TDAH EM ADULTOS

O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um fenômeno muito pesquisado e divulgado na atualidade. Com o avanço dos estudos das neurociências, sabemos que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, tem sua origem a partir de alterações de processos iniciais do desenvolvimento cerebral. Assim, os prejuízos no controle da atenção e no controle motor (sintomas comuns do transtorno) podem ser observados já nos primeiros anos de vida, tornando-se mais evidentes ao longo do período escolar.

O investimento em divulgações de informações a respeito do diagnóstico e tratamento do TDAH nas primeiras fases da vida (infância e adolescência) tem se mostrado muito importante para educar a população quanto aos sinais e sintomas do transtorno, além de incentivar a busca por avaliação e tratamento precoces do TDAH, proporcionando melhor qualidade de vida para as pessoas com o transtorno. Entretanto, apesar das publicações priorizarem os impactos do TDAH nas fases iniciais da vida, pesquisas mostram que o transtorno pode persistir na fase adulta e que adultos portadores de TDAH experimentam grandes dificuldades nas esferas social, profissional e familiar, tais como: conflitos familiares, problemas de relacionamentos conjugais, dificuldades profissionais devido à desatenção e à dificuldade para respeitar prazos e rotinas, entre outras. A seguir, apresentaremos exemplos de como é o cotidiano de adultos com TDAH.

O PERFIL COMPORTAMENTAL DO ADULTO COM TDAH

Como vimos, o TDAH é um transtorno que tem seu início na infância, mas que pode persistir na fase adulta (algo em torno de 60 a 70% dos casos). Estudos recentes de imagem encontraram alterações semelhantes em estruturas cerebrais em crianças e em adultos com TDAH, o que confirma a possibilidade de persistência do transtorno ao longo da vida. Essas regiões cerebrais são importantes na regulação das emoções e na organização do nosso comportamento para a execução de tarefas, o que ajuda a explicar os prejuízos em funcionamento social, acadêmico e/ou profissional das pessoas com o transtorno.

Na fase adulta, os sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade se expressam nas atividades próprias dessa fase da vida, com variações na apresentação e intensidade dos sintomas de pessoa para pessoa:

Desatenção

Fica evidente em atividades que exigem sustentação da atenção e organização, além de dificuldades de memória. As pessoas com o transtorno estão em geral atrasadas com prazos e encontros, despreparadas para atividades a serem realizadas proximamente e apresentam dificuldades para atingir objetivos e fazer planos.

Hiperatividade-impulsividade

A hiperatividade pode se mostrar no excesso de trabalho ou de outras atividades (já ouviram falar em indivíduos workaholics?). Com relação à impulsividade, sabe-se que os adultos com TDAH se envolvem mais em acidentes de trânsito, pela direção impulsiva de veículos. Além disso, a impulsividade também pode se manifestar em términos prematuros de relacionamentos, uma vez que os indivíduos se mostram mais reativos em seus sentimentos, mais irritáveis e facilmente frustrados pelos acontecimentos.

Fica claro que o TDAH em adultos é responsável por prejuízos importantes em diversos aspectos da vida da pessoa portadora do transtorno, provocando sofrimento para o indivíduo e para pessoas próximas. Mas atenção: o diagnóstico deve ser realizado a partir de avaliação especializada, com critérios bem definidos. O diagnóstico médico requer observação clínica, investigação de informações do processo de desenvolvimento do paciente e pode ter o auxílio de testes psicológicos para maiores esclarecimentos do caso.

Referências bibliográficas:

HOOGMAN, Martine et al. Subcortical brain volume differences in participants with attention deficit hyperactivity disorder in children and adults: a cross-sectional mega-analysis. The Lancet Psychiatry, v. 4, n. 4, p. 310-319, 2017.

MATTOS, Paulo et al. Painel brasileiro de especialistas sobre diagnóstico do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, v. 28, n. 1, p. 50-60, 2006.

 

O que é avaliação neuropsicológica?

Saiba o que é uma avaliação neuropsicológica.

* Por Sabrina Gomes

Você já ouviu falar em Avaliação Neuropsicológica? Neste texto, vamos explicar o que é a Avalição Neuropsicológica, como é realizada e quando ela é indicada.

O QUE É AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?

Primeiramente, é importante compreendermos que a neuropsicologia é um campo de conhecimento interessado em estudar a relação entre o funcionamento do cérebro e o comportamento humano. Ela se apoia, principalmente, em conhecimentos das neurociências e da psicologia, buscando contribuir para o tratamento de alterações cognitivas e comportamentais.

A Avaliação Neuropsicológica é um procedimento de investigação detalhado que tem como objetivo avaliar as funções cognitivas do indivíduo, tais como, atenção, memória, linguagem, entre outras. Além disso, o processo de avaliação também se concentra em aspectos sociais, emocionais e funcionais da pessoa.

A partir das informações colhidas, pode-se estabelecer o Perfil Neuropsicológico do paciente, identificando suas potencialidades e dificuldades. Estas informações são muito importantes para auxiliar no diagnóstico e no planejamento de um tratamento mais eficiente.

COMO É FEITA A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?

A Avaliação Neuropsicológica é solicitada quando há a necessidade de um diagnóstico clínico mais amplo. Nesses casos, a avaliação pode ser requerida por um psiquiatra ou neurologista, dependendo do caso, para auxiliar na identificação das causas de problemas enfrentados pela pessoa no cotidiano (por exemplo, desempenho acadêmico e/ou profissional abaixo do esperado, problemas ao fazer tarefas diárias habituais, déficit em habilidades sociais, entre outros).

Uma parte essencial da avaliação neuropsicológica é a administração de testes neuropsicológicos e questionários. Além disso, outros dois procedimentos são extremamente importantes: a observação e as entrevistas clínicas com diferentes informantes. A quantidade de sessões irá depender de cada pessoa e dos conteúdos avaliados. Ao final do processo, o (a) neuropsicólogo (a) emite um laudo neuropsicológico, que consiste em um documento com os resultados da avaliação. Este documento contém a síntese dos resultados encontrados, com recomendações pertinentes ao caso, visando promover o desenvolvimento do paciente e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida.

QUANDO É INDICADA?

A Avaliação Neuropsicológica é indicada, principalmente, quando há suspeita diagnóstica de transtornos psiquiátricos ou do neurodesenvolvimento. Por exemplo:

– Transtornos de Aprendizagem

– Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

– Demências

– Transtornos de Ansiedade

– Deficiência Intelectual

– Transtorno do Espectro Autista

Referência bibliográfica

Fuentes, D., Malloy-Diniz, L. F., de Camargo, C. H. P., & Cosenza, R. M. (2014). Neuropsicologia: Teoria e Prática. Artmed Editora.