Você sabe o que é Psicoeducação?

É uma abordagem terapêutica que busca desenvolver no paciente, assim como em seus familiares e cuidadores, uma ampliação do conhecimento sobre sua doença e todo o processo de tratamento.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

Você sabe o que é Psicoeducação?

A Psicoeducação é uma abordagem terapêutica que busca desenvolver no paciente, assim como em seus familiares e cuidadores, uma ampliação do conhecimento sobre sua doença e todo o processo de tratamento.

Dessa maneira, quanto mais informada estiver uma pessoa acerca de sua condição de saúde física e mental, sobre seu funcionamento (cognitivo, emocional e comportamental) e sobre a forma como pode ser conduzido seu tratamento, mais ela estará pronta para participar ativamente do processo de mudança (Lukens & McFarlene, 2004). Então, os pacientes começam a melhorar quando começam a entender sua forma de reagir e funcionar, a aprender a resolver problemas e a desenvolver um repertório de estratégias que eles mesmo podem aplicar.

Pode-se dizer que a Psicoeducação é uma importante estratégia dentro de uma perspectiva cognitivo-comportamental. Isso porque a terapia cognitivo-comportamental baseia-se no pressuposto de que os pacientes podem aprender estratégias para modificar pensamentos e crenças, manejar estados emocionais e modificar de forma produtiva seu comportamento.

Por exemplo: um paciente com crises de pânico, muito angustiado e preocupado com a possibilidade de estar com um grave problema cardíaco, tende a se acalmar quando descobre que aquelas crises estão inseridas no transtorno do pânico e aprende a lidar com essas ocorrências e com os medos e evitações por elas desencadeados.

A Psicoeducação está entre as práticas baseadas em evidências mais eficazes tanto em ensaios clínicos como em contextos comunitários (Lukens &McFarlene, 2004). Num estudo com 101 indivíduos com transtorno bipolar, aqueles que participaram do grupo de tratamento por psicoeducação, além do tratamento padrão, mostraram menos recaídas em geral, períodos mais longos sem sintomas, menos sintomas e mais adesão à medicação (Miklowitz et al., 2003).

Psicoeducação: como aplicar?

São apontados alguns princípios gerais que podem nortear a aplicação da psicoeducação, sobretudo no contexto da terapia cognitivo-comportamental (Wright et al., 2010):

  1. adaptação da psicoeducação à capacidade dos pacientes de compreender e processar informações.
  2. fornecimento de explicações claras e breves, com ênfase colaborativa, com a utilização de materiais escritos facilitadores.
  3. incentivo à participação do paciente.
  4. solicitação de feedback, de forma a verificar o entendimento do conteúdo apresentado.
  5. recomendações de leituras específicas, pesquisas ou outras atividades educativas como tarefa de casa.

Então, na Psicoeducação podem ser recomendados textos, livros, vídeos, filmes, sites, programas de computador e aplicativos de celular. É sempre importante que o material para a leitura seja conciso e não extenso.

A família do paciente ou cuidadores podem ser inseridos no processo de psicoeducação. Em relação à psicoeducação familiar, algumas metas são importantes:

  • promoção da aceitação familiar do transtorno psiquiátrico;
  • desenvolvimento de expectativas realistas em relação ao paciente;
  • explicações sobre intervenções farmacológicas e psicológicas;
  • reconhecimento de sinais precoces de recaídas e mudanças sintomatológicas.

A Psicoeducação também tem se mostrado efetiva no contexto de doenças físicas, pois o conhecimento sobre elas, suas possíveis causas, modos de controle e os efeitos colaterais das medicações, podem ajudar na adesão ao tratamento e no controle de patologias diversas. Assim, a Psicoeducação tem cada vez mais se destacado como uma importante estratégia no tratamento de diversas queixas e em uma variedade de contextos.

Para saber mais:

Carvalho, M.R., Malagris, L.E.N., & Rangé, B.P. (2019). Psicoeducação em terapia cognitivo-comportamental. Novo Hamburgo: Sinospys.

Referências bibliográficas:

Lukens, E.P. & McFarlane, W.R. (2004). Psychoeducation as evidence-based practice: Considerations for practice, research, and policy. Brief Treatment and Crisis Intervention, 4(3), 205-225.

Miklowitz, D.J., George, E.L., Richards, J.A., Simoneau, T.L., & Suddath, R.L. (2003). A randomized study of family-focused psychoeducation and pharmacotherapy in the outpatient management of bipolar disorder. Archives of General Psychiatry, 60, 904-912.

Wright, J.H., Basco, M.R., & Thase, M.E. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental: Um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed.