Janeiro Branco: O sentido da vida

Vale destacar que a felicidade não é o resultado de uma fórmula. Também não se resume a uma vida livre de frustrações e de momentos de sofrimento.

* Por Sabrina Gomes

A campanha “Janeiro Branco” faz um importante convite para a reflexão sobre o cuidado em saúde mental. Uma das contribuições desta proposta está em direcionar nossa atenção para as possibilidades de investimento em ações de prevenção ao adoecimento mental e de promoção de comportamentos que possam nos aproximar de uma vida mais feliz.

Muitas são as propostas que apresentam a felicidade como um alvo a ser perseguido. São muito comuns as publicações que oferecem o “passo a passo” para a felicidade. No entanto, contrariando esta concepção, quero apresentar a introdução a uma visão diferente de felicidade, a qual pode contribuir para o processo pessoal de desenvolvimento de cada um dos interessados em seguir com essa leitura.

Primeiramente, por mais que possa parecer óbvio, vale destacar que a felicidade não é o resultado de uma fórmula. Também não se resume a uma vida livre de frustrações e de momentos de sofrimento. Devemos considerar que o processo de busca por uma vida feliz é único, individual, o que torna impossível a ideia de um percurso único a ser trilhado por todos. Além disso, ao invés de negarmos nossas limitações e inseguranças, o caminho é o investimento na capacidade de lidarmos com as adversidades e com os momentos de angústia, uma vez que são inevitáveis.

Viktor Frankl, um psiquiatra e neurologista que se dedicou a estudar e observar o comportamento das pessoas, pode nos ajudar a compreender a vida de uma maneira bem interessante. Ele percebeu que a busca por sentido está no centro da vida humana. Para Frankl, a busca por um sentido de vida representa a principal força motivadora humana, sendo a felicidade um dos efeitos colaterais deste investimento. E há um ponto muito importante: o caminho para o sentido da vida está em amarrar nossas escolhas com um propósito e todos podemos fazer isso!

Frankl concluiu seu pensamento observando pessoas que estiveram como prisioneiras em campos de concentração e que encontraram, mesmo imersas em uma condição de intenso sofrimento, um sentido para permanecerem vivas. E ainda há um ponto fundamental nesta investigação: Frankl também foi prisioneiro em alguns campos de concentração, vivendo na pele a experiência (você pode ter acesso aos registros no livro “Em busca de sentido” –  vale a leitura).

Com esta breve reflexão de início de ano, neste mês especial para a Saúde Mental, o convite está feito: que você possa investir tempo na construção cuidadosa de um projeto de vida autêntico e que evite distrações que te distanciem daquilo que represente um sentido de vida para você. É importante lembrar que esse pode ser um caminho complexo em alguns momentos, e que pode ser muito positivo buscar a ajuda de pessoas qualificadas sempre que você julgar necessário.

 Referência

Frankl, V. E. (2013). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração (Vol. 3). Editora Sinodal.

Saúde Mental: Integrar é preciso

Aceitar que as emoções são parte importantíssima de nossa vida pode nos trazer um estado mental mais harmônico e uma melhor saúde física.

* Por Dr. Fabrício de Oliveira

Saúde Mental: Integrar é preciso

Estados mentais subjetivos são influenciados por fatores físicos como medicamentos, exercícios e dieta. De modo inverso, uma quantidade de distúrbios físicos é influenciada por fatores psicológicos.

São muito comuns os distúrbios psicofisiológicos, nos quais o sofrimento mental persistente provoca alterações nos tecidos, o que, por sua vez, causa sintomas. Exemplos incluem cefaleias, indisposições gastrintestinais, problemas dermatológicos e dor musculoesquelética de todos os tipos.

Muitos pacientes ficam preocupados por pensarem que o profissional de saúde, ao propor uma explicação que envolva a abordagem de fatores psicológicos, indique que pensamos que a dor deles é imaginária, ou que “é tudo da minha cabeça”. Eles também podem temer ser acusados de simulação. É preciso explicar que talvez o problema  é causado por alterações no corpo e que é, em todos os sentidos, real.

Evidentemente é imperativo que antes de considerarmos que o aparecimento ou persistência de determinada alteração tenha origem ou influência de fatores psicogênicos, todos os pacientes devem passar por um exame clínico completo para excluir causas orgânicas não diagnosticadas.

Algumas pessoas podem se perguntar: “Será que esse papo de origem psicológica é verdade?”

Cada vez mais a ciência nos permite entender e comprovar a influência das emoções no corpo físico. Podemos usar a resposta de “luta-ou-fuga” para uma melhor elucidação.

Todos os mamíferos compartilham uma resposta de emergência altamente adaptativa, sofisticada e remota muitas vezes chamada de sistema de luta-ou-fuga. Quando um mamífero é ameaçado, seu sistema nervoso simpático e seu eixo hipotalâmico-pituitário-suprarrenal (HPA) são ativados, resultando em aumento de epinefrina (adrenalina) na corrente sanguínea e alterações fisiológicas correspondentes (Sapolsky, 2004).

Quase toda mudança fisiológica ocasionada por esse sistema pode causar ou exacerbar um sintoma relacionado a estresse se o sistema permanecer continuamente ativo.

Dessa forma, o organismo pode manifestar uma vulnerabilidade à sobrecarga psicológica e/ou fisiológica que, quando persistente, causa desgastes orgânicos, originando doenças.

Visto que esses distúrbios são com frequência mantidos por uma combinação de fatores médicos, psicológicos e comportamentais, se faz necessário desenvolver intervenções integradas, flexíveis, que tentam tratar todos esses elementos.

Os estressores psicossociais, como o trauma interpessoal, podem ter efeitos biológicos profundos ao alterarem o funcionamento do cérebro. Ademais, pensar na psicoterapia como um tratamento para “transtornos com base psicológica” e em medicamentos como um tratamento para “transtornos biológicos ou cerebrais” é uma distinção ilusória. O impacto da psicoterapia sobre o cérebro está bem estabelecido (ver Gabbard, 2000).

Os achados da neurobiologia vêm aumentando o entendimento sobre psicoterapia nos últimos anos. Um breve panorama desses achados evidencia o fato de que a psicoterapia tem um impacto importante sobre o cérebro e não pode ser desprezada como um mero “apoio” ou uma tranquilização afável.

A combinação de psicoterapia e farmacoterapia é cada vez mais comum, conforme se acumulam evidências de que muitas condições respondem melhor ao tratamento combinado do que a apenas uma das modalidades isoladamente (Gabbard e Kay, 2001). Visto que ambos os tratamentos afetam o cérebro, em um sentido bastante real, os dois são intervenções biológicas. Entretanto, os mecanismos de ação dos dois tratamentos podem ocorrer em áreas muito diferentes do cérebro.

Aceitar que as emoções são parte importantíssima de nossa vida pode nos trazer, não só um estado mental mais harmônico, mas também uma melhor saúde física.

Um novo ano, folhas em branco pela frente.

Caso você pudesse escolher, reconhecendo com gentileza tudo o que representa o seu ontem, como você gostaria de escrever o seu dia de amanhã?

* Por Dr. Leonardo Martins

Um novo ano, folhas em branco pela frente.

Caso você pudesse escolher, reconhecendo com gentileza tudo o que representa o seu ontem, como você gostaria de escrever hoje o seu dia de amanhã? O que lhe impede neste momento de seguir na direção daquilo que de fato importa em sua vida?

Janeiro Branco

Neste mês ocorre uma das principais campanhas de conscientização sobre saúde mental no Brasil. Os seus idealizadores nomearam esse movimento como “Janeiro Branco”, inspirados por outras campanhas, tal como o “Outubro Rosa” em que o tema é a conscientização sobre o câncer de mama.
A escolha exata do mês e da cor branca faz referência a sensação que alguns de nós temos ao começarmos um ano novo. Em janeiro temos pela frente todos os demais dias do ano em branco. Diante desta imagem, ao pensarmos nos dias que virão como folhas de papel em branco, é natural que surja o desejo de escrevermos nas próximas páginas uma nova história. Resoluções de ano novo, promessas de mudança, o compromisso com novos sonhos ou mesmo a retomada do que deixamos para traz são temas comuns nesse âmbito.

Todo o tipo de esperança pode emergir quando percebemos que nossa história ainda está por ser escrita. Quando esta está conectada de forma íntima e sincera com tudo aquilo que de fato nos importa, daqui muitas vezes emerge o próprio sentido para vida. Geralmente, guardamos aqui o que não abrimos mão mesmo no contexto das maiores adversidades, as coisas ou modos de viver pelos quais nós lutaríamos nossas maiores batalhas. Seguir na direção do que importa e daquilo que nos traz sentido produz um movimento que nos dá geralmente a sensação de vivermos uma vida que vale a pena ser vivida.

É fato que o momento e o contexto em que vivemos impacta sobremaneira a chance de termos esperança e de seguirmos na direção de dias melhores. Diversos fatores são importantes para que isso ocorra de modo natural e alguns deles podem estar ausentes ou mesmo depender de coisas que não estão no nosso controle. Ainda assim, temos o direito de escolher a maneira como desejamos passar pela vida, como lidamos com aquilo que está fora do nosso controle e como lidamos com aquilo que está em nossas mãos. Fazer esse movimento, ainda que na adversidade, nos faz seguir por uma jornada em direção à uma vida valorada e com sentido. Folhas em branco, escritas com a tinta do que importa, passam a versar hoje sobre a vida que buscaremos viver hoje e que fala do que buscamos para amanhã. Saúde mental, neste sentido, não fala sobre um estado interno individual, mas sim da nossa potência como indivíduos e sociedade de aprendermos como nosso passado e de assim nos movimentarmos no presente em direção aos dias que gostaríamos de viver no futuro. Não é raro que o oposto à saúde mental represente justamente a repetição do ontem, o medo do amanhã que nos paralisa ou mesmo a sensação de estarmos presos em uma história ou modo de viver que já não nos cabe mais.

A campanha “Janeiro Branco” nos lembra que independente da história que vivemos, temos hoje um amanhã em branco pela frente; e que este pode ser preenchido por uma vida possa valer a pena ser vivida. O “Janeiro Branco” nos alerta sobretudo de que quando esse movimento não nos é possível, talvez seja a hora de não só pensarmos sobre isso, mas hora de insistirmos em seguir por uma nova direção, como indivíduos ou sociedade, e com a devida ajuda caso necessário for.

Eu sou o diagnóstico ou estou o diagnóstico?

Na verdade, nem um e nem outro. A intenção é chamar atenção para o que e para quem é importante o diagnóstico em Saúde Mental.

* Por Diana Lopes

Eu sou o diagnóstico ou estou o diagnóstico?

Na verdade, nem um e nem outro. A experiência de ser e estar é muito mais ampla do que qualquer tipo de categorização.

Com o avanço da ciência médica e com os recursos diagnósticos cada vez mais precisos, a prática clínica ganhou suporte e opções de tratamentos mais eficazes e eficientes. E assim, o diagnóstico se tornou cada vez mais central no tratamento de diversas doenças.

E em saúde mental, qual será o lugar do diagnóstico?

Assistimos ao longo dos anos uma sociedade mais atenta aos enquadramentos psíquicos. Em uma busca rápida em sites para esta finalidade, facilmente encontramos testes  e informações que verificam em  quais categorias de transtorno as pessoas com determinadas características pertencem.

É um movimento controverso, uma vez que se por um lado o acesso à informação pode ser uma via de esclarecimento, reconhecimento e busca por um tratamento adequado, por outro lado pode decorrer em banalização diagnóstica tanto por parte das pessoas de um modo geral como por parte de profissionais.

Longe de querer esgotar neste texto um assunto que envolve um nível alto de complexidade, a intenção é chamar atenção para o que e para quem é importante o diagnóstico em Saúde Mental. Para isto devemos partir da concepção de que a condição humana é marcada por uma gama de aspectos que se traduzem na experiência de viver e no modo como nos relacionamos com o mundo. Isto nos leva a considerar que todos os modos de existir são legítimos porque são formas de viabilizar a própria existência. Por isso o diagnóstico não poderia ter este papel tão central e generalizado como podemos constatar nos últimos anos. O diagnóstico serve de referência para o profissional guiar sua conduta clínica, mas está longe de traduzir precisamente quem é uma pessoa.

E como consequência dessa ênfase no diagnóstico, podemos constatar com alguma frequência pessoas e profissionais buscando tratamentos para sentimentos comuns. Por exemplo, a tristeza, o sofrimento após um luto, uma separação tem levado pessoas a buscar medicamentos ou enquadramento em uma psicopatologia para a “cura” de eventos que fazem parte da dinâmica da vida. Ou quando um problema coletivo como a educação brasileira, por exemplo, é transformado em um problema pessoal, quando diagnosticamos uma criança em algum transtorno mental por apresentar um comportamento que foge ao esperado pela normativa.

Allen Frances, que dirigiu o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico) durante anos, em entrevista ao “El País”,  mostrou preocupação em relação a esta tendência de epidemia de diagnósticos. Para ele seres humanos são maleáveis e capazes de se adaptar em condições muito adversas. Ainda se fala pouco sobre esse assunto no Brasil que atinge o mundo inteiro. Aqueles que tentam abordar este tema podem ser desqualificados inclusive pela comunidade acadêmica mesmo sabendo que a ciência só se avança pelo questionamento.

Claro que estamos passando por um momento jamais antes vivido e com isto lidamos com sentimentos intensos da esfera mais íntima às experiências coletivas. Diante do desconhecido, da morte iminente, de ter nossa autonomia capturada pela pandemia, do isolamento social, da crise socioeconômica, de ficar longe de quem amamos e ter nossa vida completamente revirada, somos impactados significativamente em nossa experiência de ser e de estar. E reagimos naturalmente a isto. Mas será que tudo deve ser patologizado?

É neste momento que precisamos buscar entender o que acontece e de que modo isto nos impacta, e junto com profissionais sérios e qualificados buscar modos de superação. A busca frenética e cega por diagnósticos pode aprisionar uma existência sem resolver o problema realmente. Tanto pacientes quanto profissionais deveriam buscar a compreensão do modo como funcionamos, de como nos organizamos e estabelecemos relação com o mundo, o que pode ser a saída fundamental para a melhora e avanço na qualidade de vida, pois somos e podemos muito mais do que mostramos superficialmente .

Algumas considerações antes que Janeiro termine

Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

* Por Vivian Hauck

Janeiro Branco: Algumas considerações antes que o mês termine. Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

Devido à campanha do Janeiro Branco, um pouco mais se falou nesse mês sobre a importância da saúde mental. Mas o que, afinal, chamamos de “saúde mental”?  Saúde mental é somente não ter nenhum tipo de doença mental? Será que o que define saúde mental para uma pessoa é o mesmo que a define para todas as outras pessoas? Existe prescrição que dê conta de dizer a todos os sujeitos o que eles deveriam fazer para, enfim, possuírem saúde mental?

Saúde mental e singularidade

Cada sujeito tem uma história, a sua história. Nasceu em um determinado lugar, em uma determinada família, foi cercado por determinadas possibilidades, fez e faz diferentes escolhas na vida que o levaram e levam a outras possibilidades e novas escolhas. Não há como prever onde esse caminho levará. Quando a realidade se impõe, quando se há desejo e escolhas em jogo, não há garantias. E vão ser essas escolhas que irão nos construir, dia a dia. É como disse Clarice Lispector em um de seus livros: “[…] Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes.” (2009, p. 176).¹

Entretanto, apesar de não possuirmos qualquer tipo de garantia, talvez possamos dizer que nenhuma trajetória será livre de dificuldades, conflitos e algumas pedras no meio do caminho. E talvez “saúde mental” seja justamente a possibilidade de um sujeito, diante dos impasses da vida, de se transformar, de recriar, de mudar a trajetória quando for preciso e de se reconstruir a seu modo. E se, em um determinado momento, esse mesmo sujeito se der conta de que não consegue instaurar tamanho movimento sozinho, que ele possa pedir ajuda a um outro. Talvez isso também seja indício de saúde mental.

O sofrimento psíquico do outro

E quando é o outro que sofre? O que é possível oferecer? Como é possível ajudar? Colocar-se disponível para escutar o que outro sujeito tem a dizer sobre seu sofrimento psíquico pode não ser fácil nem resolutivo, mas é um começo. Escutar verdadeiramente, sem se prender a uma ilusão de que já se sabe do que aquele outro sofre antes mesmo que ele possa dizer algo sobre isso. Ou à ilusão de já se ter certeza de como solucionar tal sofrimento, talvez por haver vivenciado experiência parecida.

Quanto a isso, cito aqui uma passagem de Freud que reli recentemente, na qual ele diz que “[…] as impressões e experiências externas podem fazer exigências de intensidade diferente a pessoas diferentes e aquilo que é passível de ser manejado pela constituição de uma pessoa pode ser uma tarefa impossível para a de outra.” (1938/1940, p. 103).² Há singularidade no sofrimento psíquico e singularidade na trajetória de cada um, que não nos esqueçamos disso. É somente a partir dessa concepção e posição que poderemos efetivamente nos colocar à disposição para dar suporte a alguém que sofre.

Saúde mental para além de Janeiro

Janeiro finda, porém desejo que os efeitos da campanha de conscientização da saúde mental possam perdurar. Que Janeiro tenha podido ser semente para que as mais diversas temáticas que envolvem a saúde mental estejam presentes em muitas outras discussões e reflexões ao longo do ano. E que possamos acolher de fato, sem muitos julgamentos e pré-conceitos, nosso próprio sofrimento e o sofrimento do outro.

Leia também sobre Família e Saúde Mental clicando aqui. 

¹ LISPECTOR, C. A Paixão Segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

² FREUD, S. Um exemplo de trabalho psicanalítico. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol23, pp. 102-109). Rio de Janeiro: Imago, 1938/1940.

 

Como está sua relação com a comida?

Quando você pensa em comida ou no seu apetite, costuma se sentir triste ou culpado? Tem medo de escolher uma comida considerada “ruim”, que “engorda”, ou comer algo que chamam de “besteira” e “porcaria”?

* Por Dra. Juliana Ferreira

Como está sua relação com a comida? Já parou para pensar nisto?

Quando você pensa em comida ou no seu apetite, costuma se sentir triste ou
culpado? Tem medo de escolher uma comida considerada “ruim”, que “engorda”, ou comer algo que chamam de “besteira” e “porcaria”? Detesta quando sente fome, pois acredita que não deveria ter tanta vontade de comer… Então você inicia uma dieta restritiva. E aí, pare para pensar: Como está sua relação com a comida?

Porém, entre nutrientes, horários, quantidades, pesos e regras, o foco principal das dietas sempre é nos dizer o que não comer. Muitos de nós, de tanto ouvir e ler sobre isso, já temos bem claro na mente quais são os alimentos “bons/certos” e os “ruins/errados”, o que “pode” e o que “não pode”.

Privação dos alimentos

Mas a verdade é que nós também queremos comer aquilo que a dieta proíbe! A lógica das dietas faz com que a gente acredite que não sabe o que comer, que só conseguimos fazer escolhas “erradas” e, então, nós acabamos por julgar nossas vontades como erradas também, evitando atendê-las. O nome disso é privação.

E a privação, infelizmente, anda de mãos dadas com o exagero e a culpa.
Quando estamos de dieta e resolvemos comer algo que não se encaixa nas regras, ficamos com a ideia: “ah, já estraguei tudo mesmo, então tanto faz”. Com isso, acabamos comendo em excesso todo tipo de alimento que a dieta exclui.

Este comportamento de comer em excesso leva a uma grande culpa no dia
seguinte, todos os pensamentos de fracasso voltam e a tendência é entrar numa dieta ainda mais rígida e restritiva. As vontades e os desejos reprimidos voltam com força total ao menor sinal de deslize e permissão, e o corpo novamente quer comer em excesso tudo aquilo de que foi privado.
Talvez você não perceba, mas isso tudo pode estar acontecendo agora mesmo na sua vida.

Pare para pensar na sua alimentação

Quando foi a última vez que você parou para realmente pensar na sua
alimentação? Não para descobrir uma dieta nova ou considerar o quanto de carboidrato estava comendo, mas realmente refletir sobre a sua relação com os alimentos?

Dicas:

Bom, como nós só podemos mudar aquilo de que temos consciência, tem um experimento abaixo com o objetivo de fazer com que você pense melhor em tudo isso!

A proposta é a seguinte:

  • Faça uma lista de comidas que você adora, mas que evita ou sente culpa ao
    comer.
  • Selecione uma dessas comidas para fazer essa atividade. Esteja atento aos seus desejos e vontades reais – que alimento você realmente gostaria de comer agora? É doce, salgado, quente, frio, crocante, cremoso…? Essa comida lhe traz alguma memória ou sentimento? É algo que você já não se permite comer há muito tempo?
  • Fique atento para o caso de surgirem pensamentos lhe dizendo que sua escolha é de uma “comida ruim”, ou se começar a julgar detalhes como calorias, quantidade de carboidratos ou de gorduras. Não siga esses pensamentos, permita-se escolher o que você realmente tiver vontade.
  • Aguarde o momento em que realmente estiver com vontade e compre ou prepare uma porção individual da comida que você escolheu.
  • Escolha comer num ambiente calmo, sem distrações, e sozinho. Dê a este momento sua atenção total.
  • Quando estiver com a comida, dedique um tempo a admirá-la, aproveitando sua aparência, seu aroma, sua textura ao toque.
  • Tente pensar nas razões pelas quais você escolheu esse alimento. Existe algum pensamento de culpa ou proibição envolvendo ele? Tem muito tempo desde que você o comeu? Ou você tende a exagerar quando escolhe comer algo assim? Reflita sobre sua relação com essa e outras comidas de que gosta.
  • Então, dê a primeira mordida e mastigue lentamente, observando com atenção os aromas e sabores do alimento. A cada mordida, faça novamente este exercício e fique atento à sua vontade de continuar comendo e ao prazer obtido com esta experiência.
  • Quando terminar, observe como está se sentindo. Aconteceu como você estava imaginando? Você ficou feliz em comer este alimento? A última mordida foi tão saborosa quanto a primeira? Você estava com vontade de comer a porção inteira? Você gostaria de comer este alimento mais vezes? Notou alguma diferença entre esta experiência e a forma com que come normalmente alimentos “proibidos”? Está se sentindo mal depois por não poder comer sempre os alimentos que gosta? Pense sobre todas as percepções que teve com este exercício, boas e ruins.
  • Se teve alguma dificuldade, ou mesmo se não conseguiu realizar o experimento,pense nas razões para isso ter acontecido. Quais pensamentos você teve em relação à comida? Sentiu culpa por suas vontades ou preferências? Sentiu culpa quando estava comendo? Teve vontade de comer mais do que escolheu ou mesmo de exagerar? Fique à vontade para aplicar este exercício com outros alimentos da lista que você fez, prestando atenção em como seus pensamentos e reações se comportam em cada momento.

Leia também sobre Alimentação na Ansiedade e Depressão.

Família e Saúde Mental

A importância da família na promoção, prevenção e tratamento da Saúde Mental.

* Por Diana Lopes

Família e Saúde Mental: A importância da família na promoção, prevenção e tratamento da Saúde Mental.

A importância da família na formação do indivíduo

Em reconhecimento da importância da família em nossa formação como seres humanos, nós da Clínica Rezende decidimos abordar este tema em nossa campanha do Janeiro branco. Não pretendemos esgotar o assunto dada a complexidade do papel da família na formação do indivíduo, temos como principal objetivo informar e incentivar para que as pessoas pensem mais sobre suas vidas e como ajudar os entes queridos que atravessam um momento difícil. Quando abordamos a família queremos propor a reflexão e a busca pela qualidade nos relacionamentos que tem impacto direto na promoção, prevenção e tratamento no âmbito da saúde mental.

Família e Saúde Mental

Segundo o pesquisador britânico John Bowlby, que se dedicou aos estudos dos vínculos, as relações parentais são determinantes na construção do estilo afetivo de seus membros, funcionam como regulador emocional e são centrais na estruturação da identidade pessoal. Nas abordagens mais atualizadas em psicologia e psiquiatria (estudos atualizados sobre vínculos humanos) trabalha-se com a perspectiva de que a maioria dos transtornos psicopatológicos podem ter relação direta com as características e estilo dessa dinâmica familiar. No final deste artigo citaremos alguns estilos afetivos resultantes da pesquisa e estruturação de Bowlby*.

De qualquer modo, os transtornos mentais na maioria dos casos possuem tratamentos que amenizam sintomas ou até mesmo sanam os problemas. Em busca de um resultado efetivo é imprescindível que se inicie dentro do próprio lar por meio de supervisão, suporte e compreensão à saúde das pessoas afetadas. Essa relação e a implicação da família no provimento de cuidados com o portador de sofrimento psíquico passam por diferentes etapas e varia de acordo com a realidade de cada grupo familiar e contextos aos quais estão inseridos.

Como estratégia na construção do sucesso do tratamento destacamos a busca de informações, envolvimento, acolhimento e a escuta por parte da família à pessoa em tratamento. Nossa equipe prioriza e sugere o fortalecimento de ações que possam criar espaços de interação, apoio e suporte afetivo por acreditarmos que é por meio do vínculo e no cuidado que se desenvolve intervenções singulares, personalizadas e mais efetivas. Isto por representar uma maior garantia de respeito à subjetividade dos
sujeitos envolvidos e para esta abordagem é indispensável a participação da família.

Como alertar a família a lidar com a pessoa em sofrimento

Sob este aspecto alertamos sobre o modo como a família lida com a pessoa em sofrimento. Em vários estudos sobre o papel da família no tratamento detectamos alguns pontos importantes de serem considerados, como por exemplo, a infantilização do portador de sofrimento psíquico. Essa  infantilização, além de dificultar a autonomia do paciente, o tira do lugar de um sujeito que tem sua história, sua individualidade, suas vontades, desejos e, principalmente, o destitui como principal agente para o enfrentamento do próprio sofrimento. Além disso, é importante alertar de que a família também pode ter seus ganhos secundários com o adoecimento, pois pode fazer do portador de transtorno mental o “bode expiatório” para os problemas da família e assim esta não precisar olhar para o próprio funcionamento.

Por outro lado, salientamos que há sobrecarga familiar de um modo geral a respeito da dor e sofrimento causados por se ter um parente nessas condições, desde aspectos relacionados as expectativas dos
familiares em relação ao tratamento, gastos financeiros, lida da rotina do ente em sofrimento, sentimento de culpa, falta de informação sobre o quadro clínico, para citar alguns fatores que transformam desde as
relações afetivas até a dinâmica familiar.

Propomos para amenizar a sobrecarga familiar e alcançar o cuidado em saúde mental a construção uma rede de cuidados articulada em que todos sejam envolvidos, não deixando o indivíduo somente como responsabilidade da família ou dos profissionais de saúde, mas integrando estratégias possíveis para atendê-lo de forma integral e humanizada. Incentivamos a interação dessas pessoas com a sociedade, a criação de
laços de amizade, atividades culturais, de comunidade, de trabalho ou de estudo, que se constituem como importantes bases de apoio ao indivíduo e à família em momentos de crise. O filme “Coringa” ilustra esse ponto de um modo crítico e impactante sobre como toda a sociedade pode influenciar na saúde mental do indivíduo em diversos aspectos, e, para mudar este panorama, precisamos nos posicionar de maneiras alternativas e mais integradoras.

Na perspectiva da promoção e prevenção de saúde, sugerimos que as famílias também se coloquem disponíveis para serem cuidadas e ouvidas por profissionais e instituições que favoreçam tanto a reflexão
sobre o próprio funcionamento como grupo – questões do cotidiano, conflitos, comportamentos, relacionamentos, estilo afetivo, dinâmica familiar, etc. – quanto ao fortalecimento pessoal diante do momento que enfrentam. Afinal, perceber a família constituída como a reunião de pessoas que sofrem, que enfrentam momentos desestabilizadores, como separação, luto, perda de emprego, carência afetiva, dificuldades financeiras entre outros problemas cotidianos é a via de acesso para se obter capacidade de
superação, restabelecimento emocional e efetividade também quando se está em tratamento.

Dessa forma, propomos o modo como avançar na atenção à saúde mental uma abordagem voltada à integração entre profissionais, as famílias e toda sociedade. Por isto uma boa equipe de assistência clínica se disponibiliza e considera a família como recurso e estratégia de intervenção, estimula a sociedade em geral a se construir como lugar de convivência do portador do sofrimento e funciona como importante auxílio para a família. Sim, aquela frase clichê das redes sociais tem razão de ser: “Juntos somos mais fortes”.

Confira algumas dicas para família:

  • Assegurar-se que a pessoa seja avaliada por uma equipe especialista em saúde mental;
  • Evitar preconceito através da revisão de como percebe o sofrimento da pessoa;
  • Informar-se para compreender a doença, através de leituras, pesquisas, entre outros meios;
  • Compreender que o indivíduo não escolheu estar ou ser assim;
  • Saber ouvir e dar atenção necessária;
  • Oferecer companhia neste momento difícil;
  • Observar atentamente mudanças de comportamento;
  • Respeitar cada momento do paciente, incentivando atividades, mesmo na recusa;
  • Lembre-se que em situações difíceis um abraço pode ser a melhor solução;
  • Apresentar a família e a comunidade como suporte fundamental para que o sujeito crie vínculos;
  • Na medida do possível envolver amigos, grupos e rede de apoio;
  • Família buscar auxílio profissional;

Estilos de apego de John Bowlby:

Segundo as teorias mais atualizadas sobre a condição humana o estilo de apego é estruturante da personalidade e influencia nas relações afetivas durante todo o ciclo de vida.

Apego Seguro

Tendem a ter opiniões positivas sobre si mesmas e sobre seus parceiros. Elas tendem, também, a ter opiniões positivas sobre seus relacionamentos. Muitas vezes elas relatam maior satisfação e harmonia em seus relacionamentos do que pessoas de outros estilos de apego. Pessoas seguramente apegadas sentem-se confortáveis tanto com a intimidade quanto com a independência. No padrão seguro o relacionamento
cuidador-criança é provido de uma base segura, na qual a criança pode explorar seu ambiente de forma entusiasmada e motivada e, quando estressadas, mostra confiança em obter cuidado e proteção das figuras de apego, que agem com responsabilidade. As crianças seguras incomodam-se quando separadas de seus cuidadores, mas não se abatem de forma  exagerada

Apego Evitante

Desejam um alto nível de independência. O desejo de independência, frequentemente, aparece como uma tentativa de evitar o apego. Eles veem a si mesmos como auto-suficientes e invulneráveis a sentimentos associados com estarem intimamente ligados a outros. Eles muitas vezes negam necessitar de relações íntimas. O padrão evitativo brinca de forma tranqüila, interage pouco com os cuidadores, mostra-se pouco inibido com estranhos e chega a se engajar em brincadeiras com pessoas desconhecidas durante a separação dos cuidadores. Quando são reunidas aos cuidadores, essas
crianças mantêm distância e não os procuram para obter conforto.

Apego Ambivalente

Buscam por altos níveis de intimidade, aprovação, e receptividade de seus parceiros. Elas, muitas vezes, valorizam a intimidade a tal ponto que se tornam excessivamente dependentes de seus parceiros. Elas, frequentemente, duvidam de seu valor como parceiras e culpam-se pela falta de receptividade de seus parceiros. O padrão resistente ou ambivalente é caracterizado pela criança que, antes de ser separada dos cuidadores, apresenta comportamento imaturo para sua idade e pouco interesse em
explorar o ambiente, voltando sua atenção aos cuidadores de maneira preocupada.
Após a separação, fica bastante incomodada, sem se aproximar de pessoas estranhas. Quando os cuidadores retornam, ela não se aproxima facilmente e alterna seu comportamento entre a procura por contato e irritação/raiva.

Apego Desorganizado

Têm sentimentos mistos sobre relacionamentos íntimos. Por um lado, elas desejam ter relações emocionalmente íntimas. Por outro lado, elas tendem a se sentir desconfortáveis com a intimidade emocional. Estes sentimentos mistos são combinados com, às vezes inconscientemente, opiniões negativas sobre si mesmas e seus parceiros. Elas geralmente veem a si mesmas como indignas da receptividade de seus parceiros, e não confiam nas intenções deles. Composto por crianças que tiveram experiências negativas para o desenvolvimento infantil adaptado apresentavam
comportamento contraditório para lidarem com a situação de separação. Na presença dos cuidadores, antes da separação, essas crianças exibem um comportamento constante de impulsividade, que envolve apreensão durante a interação, expressa por brabeza ou confusão facial, ou expressões de transe e perturbações.

Fonte: http://actinstitute.org/blog/teoria-do-apego-entenda-o-que-e-conheca-os-4-tipos-de-vinculo/

Leia também sobre Alimentação na ansiedade e depressão.

Textos e leituras utilizados:

Balbi, Juan. (2011). La dimensión emocional humana y psicopatología. Disponível em http://juanbalbi.com/es/Articulo13.pdf

Bowlby, John. (1982). Formação e rompimento dos laços afetivos. São Paulo:Martins fontes.

Dalbem, J. X.; Dell’aglio, D. D.(2005) Teoria do apego: bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 57, n. 1, p. 12-24.

Mielke Fb, Kohlrausch E, Olschowsky A, Schneider JF. (2010). A inclusão da família na atenção psicossocial: uma reflexão. Rev. Eletr. Enf. 2010 out/dez;12(4):761-5.

Rey, Fernando González. (2011). Subjetividade e saúde: superando a clínica da patologia. São Paulo: Cortez.

Alimentação na ansiedade e depressão

falar sobre a importância da alimentação na prevenção e tratamento da ansiedade é algo extremamente essencial, pois sabemos que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e que tanto a depressão quanto a ansiedade têm crescido de maneira alarmante!

* Por Anelisa Rezende

Alimentação na ansiedade e depressão: falar sobre a importância da alimentação na prevenção e tratamento da ansiedade é algo extremamente essencial, pois sabemos que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e que tanto a depressão quanto a ansiedade têm crescido de maneira alarmante (1)!

PRIORIZE A ALIMENTAÇÃO REGULAR

Muitas vezes o nosso apetite se altera em momentos mais delicados da caminhada e acabamos não nos alimentando bem (seja em quantidade ou qualidade), isso faz com que nossa energia, disposição, digestão, sono, etc fiquem ainda mais alterados! Então, sempre que possível, priorize a alimentação regular e através de comida de verdade, respeitando sua satisfação e colocando em preparações mais atrativas, práticas e de fácil digestão!

 

DICAS SOBRE ALIMENTAÇÃO E SAÚDE MENTAL

 

ALIMENTOS RICOS EM NUTRIENTES

O primeiro ponto que precisamos ter atenção é a produção equilibrada de neurotransmissores (dopamina, serotonina, GABA, noroadrenalina) que têm um papel fundamental na saúde mental! Para isso, ingerir alimentos ricos em nutrientes que são precursores dessa produção podem contribuir muito, são eles: vegetais verdes escuros, nozes, sementes, cacau (são ricos em magnésio), banana, grãos de bico, aveia, ovos (são ricos em triptofano), feijões, cereais integrais, lentilha, brócolis (ricos em vitaminas do complexo B), cogumelos, chá verde (ricos em L teanina), etc.

SAÚDE MENTAL E INTESTINAL

O segundo ponto é a relação direta da saúde intestinal com a saúde mental! Nós sabemos que nosso intestino já é considerado o “segundo cérebro” e que quando as bactérias intestinais estão em equilíbrio nós temos uma melhor produção e recepção de neurotransmissores! Então pra isso, água, probióticos (Keffir, iogurtes, manipulador, sachês, kombuchas etc) e fibras prebióticas (verduras, legumes, frutas etc) são excelentes para a saúde intestinal e consequentemente mental

PLANTAS MEDICINAIS

O terceiro aspecto importante é a utilização de plantas medicinais como adjuvantes na prevenção e tratamento de depressão e ansiedade, como a camomila, melissa, passiflora, etc!

ALIMENTOS ANTIOXIDANTES

O quarto ponto importante é consumo de alimentos antioxidantes, para que possamos evitar a oxidação dos neurotransmissores que estão sendo produzidos, exemplos desses alimentos são: açafrão, gengibre, azeite, abacate, linhaça (omega 3), cacau, etc!

RELAÇÃO ENTRE CORPO E COMIDA

O quinto aspecto é a relação que temos com o corpo e a comida, muitas vezes nosso compartimento alimentar é alterado pelas cobranças exagerada em relação a padrões estéticos e alimentastes, que muitas vezes são gatilhos para o aumento da depressão e da ansiedade! Então, fazer as pazes com o corpo e comida, comer alimentos que te dão satisfação, que sejam práticos, que façam sentido pra você, buscar autocuidado de maneira gentil e humanizada são caminhos que nos levam a uma construção de saúde mais sustentável e tranquila! Treinar o comer com atenção plena (mindful eating) também é uma excelente ferramenta para vivenciar o momento presente, com calma e tranquilidade!

EVITAR CERTOS ALIMENTOS

Por último, evitar alimentos que agitem mto como termogênicos, excesso de café, excesso de manipulados que agitam, etc!

FONTE:

  1. https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-e-o-pais-mais-ansioso-do-mundo-segundo-a-oms,70002856254

Leia também o primeiro post sobre Janeiro Branco, aqui.

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental?

Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental? Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

Há alguns anos foi lançada a Campanha Janeiro Branco com o objetivo de convidar a  todos a refletirem e se conscientizarem de como estão cuidando de sua Saúde Mental. Portanto, é uma campanha destinada a que as pessoas pensem na forma como estão lidando com suas emoções e relacionamentos, no quanto estão valorizando o sentido e o propósito das suas vidas.

DADOS SOBRE SAÚDE MENTAL

Para falarmos de Janeiro Branco, o mês da conscientização da Saúde Mental, primeiramente vamos citar alguns dados.

Pontualmente, 12% das pessoas em geral necessitam de algum
atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual (1) . Dados de um relatório global recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontaram que o número de pessoas com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015 (2) . Num levantamento realizado na região metropolitana de São Paulo foi observado que aproximadamente 30% dos entrevistados
preenchiam critérios para um transtorno psiquiátrico nos 12 meses anteriores. Os transtornos mais comuns foram os ansiosos (19,9%), do humor (11%), do impulso (4,3%) e aqueles associados ao abuso de substâncias (3,6%) 3 . Segundo dados do mesmo relatório da OMS
supracitado, na população brasileira a prevalência de depressão é de 5,8% e 9,3% a de ansiedade (2).

No entanto, 73,5% dos adultos com transtornos mentais moderados e graves ao redor do mundo não recebem tratamento. Em relação à depressão, 65% das pessoas com esse transtorno não recebem nenhum tipo de intervenção adequada. A depressão já é a principal causa de incapacidade em todo o mundo (2).

VAMOS FALAR SOBRE COMO CUIDAR DA NOSSA SAÚDE MENTAL?

Diante de dados tão alarmantes, a grande questão que nos intriga é: como cuidar da nossa Saúde Mental, ter uma vida emocional equilibrada e prevenir o aparecimento de transtornos mentais? Certamente, não são perguntas fáceis de serem respondidas. Isso porque os determinantes da Saúde Mental envolvem múltiplos fatores, tais como: características individuais (a forma como administramos nossas emoções e comportamentos, como lidamos com os desafios da vida contemporânea, como estabelecemos as relações com as outras pessoas). Mas também os fatores sociais e ambientais são muito importantes (baixa renda, desemprego, violência urbana), assim como aqueles de ordem cultural e política.

Para aquelas pessoas já acometidas por algum transtorno mental, devemos pensar que a identificação precoce desse transtorno e o manejo apropriado dessa condição pode ser fundamental para o processo de recuperação, ou seja: redução dos fatores estressores, fortalecimento do suporte social, acesso a intervenções psicossocias adequadas, incluindo psicoeducação, tratamentos psicológicos e acesso às medicações indicadas. Para tanto, é
essencial a realização de campanhas para se reduzir o estigma e a discriminação em relação aos transtornos mentais (4) . As pessoas em geral precisam compreender a verdadeira natureza do adoecimento psíquico para reduzirem o preconceito em relação a essa situação, também em relação à busca pelo tratamento mais adequado.

COMO EVITAR QUE SEJAMOS ACOMETIDOS POR UM TRANSTORNO MENTAL

Mas uma pergunta ainda persiste: como evitar que sejamos acometidos por um transtorno mental (o que chamamos de prevenção primária)? Novamente, eis um grande desafio. Mas gostaríamos de trazer algumas orientações e sugestões para uma melhor Saúde Mental:

  • Conheça a si mesmo! Busque o autoconhecimento, seus valores e propósitos, o sentido da sua vida. Se necessário, procure uma psicoterapia.
  • Preocupe-se mais com você! Procure fazer coisas que lhe tragam prazer, deseje estar sempre que possível próximo às pessoas que você ama e que lhe querem bem.
  • Cuide do seu corpo! Procure se alimentar de maneira equilibrada, reserve um tempo para fazer atividade física e tente dormir bem. Evite o uso exagerado de álcool e de outras drogas.
  • Procure acreditar em algo! Se isso fizer sentido para você, não tenha receio de desenvolver sua fé, cultivar sua dimensão espiritual. Isso inclui também ajudar o próximo.
  • Cuidado com as expectativas! É necessário ser mais realista, grande parte do nosso sofrimento vem de esperar para além da conta, até mesmo sobre os relacionamentos interpessoais.
  • Seja otimista! Uma visão negativa das coisas é fonte geradora de angústia e de sofrimento. Procure sempre que possível enxergar o lado bom dos fatos.

Referências bibliográficas:

1. Thornicroft G, Atalay G, Alem A, Santos RA, Barley E, Drake RE et al. WPA guidance on steps, obstacles and mistakes to avoid in the implementation of community mental health care. World Psychiatry 2010; 9(2):67-77.
2. World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates. Geneva: WHO, 2017.
3. Andrade LH, Wang YP, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, Siu ER et al. Mental disorders in megacities: findings from the São Paulo megacity mental health survey, Brazil. PLoS One 2012; 7(2):e31879.
4. Associação Brasileira de Psiquiatria. Diretrizes para um modelo de atenção integral em Saúde Mental no Brasil. Rio de Janeiro: 2014.

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