O uso do Ozempic no tratamento do diabetes

Medicamento é recomendado para controle da glicose no sangue e tem como um dos principais benefícios a redução do apetite. Especialista alerta para a necessidade de acompanhamento durante o tratamento.

*Texto por Helen Lima, em entrevista à Dra. Mariana Ferreira, Endocrinologista.

O uso do Ozempic no tratamento do diabetes

Medicamento é recomendado para controle da glicose no sangue e tem como um dos principais benefícios a redução do apetite. Especialista alerta para a necessidade de acompanhamento durante o tratamento.

Se no passado o diagnóstico de diabetes era encarado como uma sentença, o presente traz uma perspectiva mais otimista: com o tratamento adequado, é possível conviver com a doença e ter qualidade de vida. O uso de medicamentos é uma das principais estratégias de controle do diabetes, doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz, e o Ozempic tem se destacado nessa tarefa.

O fármaco contém o princípio ativo da semaglutida, substância semelhante ao hormônio GLP-1, que é produzido no intestino e reduz o açúcar no sangue em momentos de elevação. Além disso, ele atua no controle dos hormônios do apetite e na diminuição da velocidade de esvaziamento do estômago. A eficácia da semaglutida viralizou nas redes sociais levando a casos de escassez nas farmácias do Brasil e do mundo. Seu diferencial está na efetividade em promover a perda de peso e o seu uso, que antes era aprovado apenas para o tratamento do diabetes, agora também é permitido para auxiliar no combate à obesidade, só que em uma dosagem ainda não comercializada no país.

Apesar das vantagens evidentes, é preciso cautela no uso do Ozempic, como explica a Dra. Mariana Ferreira, endocrinologista da Clínica Rezende. “Primeiramente, é fundamental utilizar o remédio sob prescrição pois, como toda medicação, ele conta com indicações e contraindicações, além de ter o perfil de paciente que se beneficia mais dessa terapia. Durante a consulta, orientamos sobre a forma de aplicação e conservação do medicamento. Esse acompanhamento também é necessário para avaliar a resposta e possíveis efeitos colaterais, como os enjoos”.

A especialista reforça a importância da atuação do médico endocrinologista no tratamento do diabetes. “Somos nós que conhecemos bem as medicações, podemos manejar bem as dosagens e auxiliar o paciente a ter melhores respostas”.

Tratamento deve ser multidisciplinar

Embora seja muito eficiente, o Ozempic não controla o diabetes sozinho. O tratamento da doença envolve o cuidado multidisciplinar para a manutenção de um estilo de vida saudável. “As recomendações gerais são uma alimentação balanceada, rica em fibras e com a quantidade adequada de proteínas. Se possível, é bom fazer o acompanhamento com um nutricionista. Também é importante estar com o corpo ativo e fazer exercícios físicos se não houver contraindicações”, orienta a endocrinologista.

 A Dra. Mariana Ferreira conclui destacando a importância do suporte psicológico para favorecer a continuidade do tratamento. “Essa prática auxilia o paciente a seguir melhor as recomendações. Sempre digo que para vivermos com saúde, é preciso cuidar das nossas emoções”.

Você sabia que doenças endocrinológicas podem se associar a Saúde Mental?

Alterações do comportamento podem ser facilmente encontradas na população e, muitas vezes, podem ser os primeiros sinais de alterações hormonais.

* Por Dra. Mariana Ferreira

Você sabia que doenças endocrinológicas podem se associar a saúde metal?

Alterações do comportamento podem ser facilmente encontradas na população e, muitas vezes, podem ser os primeiros sinais de alterações hormonais. Apesar de não necessariamente uma causar a outra, é possível haver uma associação entre doença endocrinológica e psiquiátrica.

Um exemplo bastante comum é o hipotireoidismo e a depressão. A depressão pode ser um sintoma de um quadro de hipotireoidismo não diagnosticado ou com tratamento inadequado. Por esse motivo, a Associação Americana dos Endocrinologistas Clínicos indica considerar o diagnóstico do hipotireoidismo em todo paciente com depressão.

Já o hipertireoidismo, que é o excesso de produção de hormônios da tireoide, pode levar a sintomas como nervosismo, tremores, fala rápida, labilidade emocional, agitação. Esses sintomas são semelhantes aos do transtorno de ansiedade.

Outra associação frequente é do diabetes mellitus e a depressão. O diagnóstico de diabetes tem aumentado e acomete 9,1% da população. Muitos casos não são diagnosticados, entre outros motivos por ser uma doença sem muitos sintomas. Entre as pessoas com diabetes, a depressão é encontrada 3 a 4 vezes mais do que na população geral. E tanto o diabetes pode desencadear um episódio depressivo quanto o contrário.

Essas foram apenas algumas das doenças que podem ter associação da Psiquiatria com a Endocrinologia. O acompanhamento profissional adequado permite a detecção de forma precoce dessas doenças.

Referências:

– Miguel, E.C. et al. Clínica psiquiátrica: as grandes síndromes psiquiátricas, volume 2; Manole, 2021.

– Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doença Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2021: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2021