Como identificar a perda da funcionalidade da pessoa idosa?

Saiba de que forma você pode ajudá-la a manter a autoestima diante da dependência e falta de autonomia.

* Texto por Helen Lima, em entrevista à Dra. Natália Salgado, Psicogeriatra.

Como identificar a perda da funcionalidade da pessoa idosa?

 Saiba de que forma você pode ajudá-la a manter a autoestima diante da dependência e falta de autonomia.

Dificuldades para tomar decisões no dia a dia, insegurança à frente de situações corriqueiras, prejuízo na memória recente e esquivamento de interações sociais. Esses são alguns sinais que podem indicar a perda da autonomia, que é a capacidade do ser humano em se auto gerir e tomar decisões próprias, em uma pessoa na terceira idade. A Dra. Natália Salgado, psicogeriatra da Clínica Rezende, explica que a perda da funcionalidade da pessoa idosa ocorre quando há a falta de autonomia em conjunto com a dependência, quadro em que o indivíduo fica impossibilitado de executar tarefas do dia a dia.

A especialista conta que essa situação pode ser vivenciada de forma muito diversa pelo idoso e seus acompanhantes. Enquanto algumas famílias optam por levá-lo para morar na mesma casa, outras escolhem transferi-lo para uma casa de repouso. Independente da alternativa escolhida, ela recomenda que a pessoa mais velha seja estimulada a realizar as atividades que ela ainda dá conta de fazer de forma segura, ainda que em um outro ritmo. Confira alguns exemplos:

  • ajudar na limpeza;
  • guardar as compras;
  • higienizar alimentos;
  • arrumar o próprio quarto;
  • organizar o guarda-roupas.

“Marginalizar o idoso dos afazeres do dia a dia não é uma conduta adequada. É interessante inseri-lo de forma gradativa nessas tarefas, de forma que elas sejam prazerosas para ele”, orienta.

Queda na autoestima: porta de entrada para a ansiedade e depressão

 A partir do momento em que uma pessoa na terceira idade percebe que há prejuízos na sua capacidade de decisão, podem surgir sentimentos como impotência e perda de identidade, impactando diretamente o seu senso de auto realização e utilidade. De acordo com a Dra. Natália, esses pensamentos influenciam diretamente na autoestima e podem levar a um quadro de isolamento social, por insegurança e medo de errar. “Toda essa dinâmica mental é fator de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais, principalmente depressão e ansiedade”, alerta.

Para evitar o agravamento desse quadro, a especialista destaca que o primeiro passo é estabelecer o entendimento coletivo: todas as pessoas envolvidas no cuidado da pessoa idosa devem saber o que levou à perda de funcionalidade e o prognóstico precisa estar muito claro. “A Psicoeducação ajuda a lidar com as demandas que surgem no decorrer do tempo. É muito importante que todos os envolvidos se sintam integrantes do processo de cuidado, para que a empatia seja praticada”.

A Psicoeducação é uma abordagem terapêutica que busca desenvolver no paciente, assim como em seus familiares e cuidadores, uma ampliação do conhecimento sobre sua situação de saúde e todo o processo de tratamento. Segundo a psicogeriatra, essa abordagem ajuda na aceitação dessa situação, reduzindo frustrações, cobranças e culpas. “É importante dar espaço para uma nova realidade que faça sentido para todos os envolvidos no cuidado, buscar ativamente as potencialidades ainda presentes na pessoa idosa e usá-las como forma de incentivo”.

A Dra. Natália finaliza com mais uma dica de ouro: a troca de experiências. “Compartilhar angústias e medos com grupos de familiares e cuidadores com vivências semelhantes também é uma prática recomendada”.