No último mês muito ouvimos falar sobre a série Adolescência da plataforma Netflix. Do roteiro brilhante por contar uma história trágica sem nenhuma cena explícita passando pela maneira como foi filmada, o tal do plano sequência, até nos provocar para olhar para a adolescência nos dias atuais.
Não pretendo aqui utilizar daquelas expressões utilizadas para nomear as gerações dos atuais adolescentes que são filhos de determinada geração de pais, quero olhar para a Adolescência em sua complexidade. Assistir à série me colocou em uma reflexão profunda sobre o quanto estamos distanciados do mundo de nossos adolescentes, de suas linguagens (de emojis), de suas angústias (Insels, redpills, bluepills, teoria do 80/20, política do cancelamento, cyberbullying, manosfera), do modo como estão se situando existencialmente (hikikomoro).
Como etapa do desenvolvimento humano é considerada a mais longa, se inicia por volta dos 14 anos e, atualmente, se estende até os 24 anos ou até mais tarde. Pela psicologia e estudiosos da adolescência, é considerada uma etapa crítica de nosso momento de vida tanto pelas transformações físicas como pela revolução cognitiva com o surgimento do pensamento abstrato.
Outra dimensão muito importante é a do vínculo afetivo, pois se caracteriza pela ruptura de nossa corregulaçao afetiva da infância estabelecida, até esse período, com nossas figuras significativas para uma corregulaçao afetiva que se caracteriza por uma ordenação oscilante da experiência afetiva que impacta no sentido de identidade pessoal.
Na adolescência, há um caminho que se abre para construção de um sentido de organização pessoal mais viável e autônomo para as relações estabelecidas nessa etapa e para as futuras. Há uma ruptura com a maneira anterior da infância em que se caracteriza em termos de proximidade com as figuras significativas. E isso produz discrepâncias na experiência interna do adolescente que se sente em constante conflito interno.
Agora considerando esse cenário próprio do desenvolvimento humano, façamos uma reflexão sobre a atualidade e as interferências das complexas transformações sociais e tecnológicas na construção da identidade pessoal de nossos adolescentes e em seus processos internos, emocionais e afetivos. Precisamos nos colocar em alerta e nos dedicar a acessar, explorar e conhecer o mundo particular da adolescência.
A geração atual de adolescentes nos convoca como sociedade para conhecer seus símbolos e comportamentos próprios e isso é retratado na série Adolescência. E você se sente preparado para isso?
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