O papel da nutrição nos Transtornos Alimentares
Quando falamos sobre o papel da nutrição nos transtornos alimentares, precisamos primeiro pensar sobre os principais gatilhos que levam uma pessoas desenvolver esse tipo de transtorno.
Sabemos que “nem toda dieta resulta em transtorno alimentar, mas quase todo transtorno alimentar começa com uma dieta.”(1) Isso porque a “a alimentação é o principal fator ambiental na modulação da expressão gênica.”(2)
Sendo assim, nós precisamos entender que nós nutricionistas podemos ser responsáveis pelo surgimento de um transtorno alimentar dependendo do tipo de alimentação que sugerimos aos pacientes, pois não saberemos quem tem ou não genética para tal. Por isso, é muito importante entender que dietas restritivas, julgamentos sobre corpos e escolhas alimentares, pressões sobre resultados devem ser substituídos por mais acolhimento, incentivo à autoaceitação, autocuidado de maneira gentil, autoconhecimento e consciência! Atitudes como essa podem prevenir e auxiliar no tratamento, que deve ser multidisciplinar, de transtornos alimentares. Isso ocorre porque o acompanhando passa a contar com a verdade, algo muito raro em consultas nutricionais, ainda mais quando há algum tipo de Transtorno Alimentar envolvido!
Muitas vezes as pessoas têm vergonha de contar sobre episódios compulsivos e ou purgativos, sobre as horas que ficou sem se alimentar, sobre o que comeu, etc! Por isso, quando saímos do papel de julgadores e assumimos o papel de acolhimento, a verdade surge e os resultados começam a aparecer, como a diminuição de restrições alimentares (seja em relação a grupos alimentares ou a quantidades ingeridas), a diminuição de episódios compulsivos e/ou purgativos, a diminuição da frequência de pesagens em casa, o reequilibro de excessos de atividades físicas, diminuição de horas em jejum, etc.
É importante dizer que o processo é no tempo de cada pessoa, pois tudo irá depender da história e contexto que cada uma está inserida. Então paciência e amor no processo são fundamentais para que haja envolvimento e tranquilidade nessa construção.
1. Hilbert A, Pike KM, Goldshmidt AB et al. Risk factors across the Eating Disorders. Psychiatry Res. 2014 Dec 15; 220 (1-2): 500-6.
2. Ordovas JM & Corella D. Nutritional genomics. Annu Rev Genomic Hum Genet. 2004; 5:71-118.