Relato de um Transtorno de Compulsão Alimentar

Primeiro relato de uma paciente com TCAP para a campanha do Mês de Conscientização dos Transtornos Alimentares da Clínica Rezende.

Relato de um Transtorno de Compulsão Alimentar, Paciente F, do sexo feminino, 44 anos.

Eu já tinha o TCAP (Transtorno de Compulsão Alimentar Periódico) há muitos anos, com episódios diários e bem descontrolados. Comia todos os dias, por um período de aproximadamente 2 horas, sempre à noite, 4 pães de sal recheados de presunto e muçarela, pacotes de biscoito recheado e 3 ou 4 barras de chocolate de 200g. Diariamente, sem parar, só parava quando já não conseguia mais, de forma totalmente descontrolada. Mas não sabia que era uma patologia, que aquilo era um distúrbio… Para mim era uma compensação da rotina extremamente intensa de desgaste energético pela minha antiga atuação profissional (eu era professora de educação física, com maior atuação em atividades coletivas nas academias de ginástica). Me alimentava pouco durante o dia para o dispêndio energético que tinha. Só comecei a me dar conta de que havia algo realmente errado quando parei de dar aulas por mudar de profissão e tudo começou a degringolar.

Comia cada vez mais, descontroladamente, e sempre mantendo aquele ritual. A vergonha de mim mesma, tanto por comer daquela forma e pelas mudanças no meu corpo, foi tomando proporções gigantes, sem tamanho mesmo, e não queria mais me expor, ver ninguém, que ninguém me visse, uma tristeza enorme me consumia, e tudo foi só crescendo. Não saía mais, não parava de chorar, perdi contato até com a família. Não conseguia me controlar, em nenhum momento, e essa sensação de impotência diante de mim mesma, da minha mente, me fazia acreditar que nada fazia mais sentido, que não havia saída, que minha vida seria aquela dali para a frente. E diante disso, não havia mais razão para viver, já que tudo que eu amava fazer e ser eu não podia mais (a gente acha mesmo que não pode mais…).  Cheguei a esse ponto para resolver procurar ajuda. E isso só aconteceu mesmo por desespero da minha mãe, que não aceitava ver a filha se definhando.

Primeiro procurei uma psicóloga. Fui a 4. Por orientação, desde a primeira psicóloga, procurei um psiquiatra, também foram 4. E a cada tentativa, os anos se passavam e eu ia desanimando cada vez mais. Me sentia cada vez mais impotente, triste, e a depressão veio muito forte, muito mesmo.

Mas foi essencial insistir. Porque esses profissionais conseguem mostrar para a gente outras direções. Ficamos tão doentes, vivendo tanto só o nosso problema, que só conseguimos enxergar isso! Só vemos o problema! O (a) psicólogo (a) abre seus horizontes e você começa a conseguir enxergar alguma possibilidade… O remédio do psiquiatra lhe auxilia a sair do buraco, é uma bengala, infelizmente necessária. Sozinhos não temos força para enfrentar.

Tentei a nutricionista no começo, mas não foi legal… a gente não tem força para mudanças, abrir mão daquilo que nos dá tanto prazer, que a gente sente que não consegue viver sem… Só depois de estar mais forte, consciente, é que dá para começar uma reeducação alimentar. Antes disso me gerou frustração, agonia por não conseguir, e sensação de incapacidade.

É tão difícil explicar de forma que as pessoas entendam essa relação com a comida… É tão doentia essa relação! Ao mesmo tempo em que aquela comida, aquele horário, aquele tempo, aquele momento, é onde tenho o maior prazer na minha vida, que não troco por nada, que sou capaz de brigar, que passo por cima de qualquer coisa ou pessoa, é também meu maior pesadelo, minha maior tristeza, onde meu sentimento de culpa não cabe dentro de mim, que faz com que eu acredite que não sirvo mais para essa vida… Muito doentio mesmo. E para cuidar disso, tratar, não é de uma hora para outra! Não mesmo! Digo, inclusive, que é para o resto da vida!

Hoje, depois de anos em tratamento, de muito ouvir e aprender, sei do tamanho do meu “oponente”… Respeito demais, e não passo um dia sem ter medo de recair. É uma luta para o resto da vida. É como o tratamento do alcoólatra, do dependente químico. Um dia após o outro mesmo. E se hoje não deu, depois do tratamento, sei que o amanhã eu posso fazer diferente! E assim vamos seguindo!

A sensação de cair é horrível. Horrível. Mas a gente conseguir levantar, dar pequenos passos, fazer nossos enfrentamentos, ter pequenas vitórias (as mais simples e comuns aos olhos das outras pessoas), olha, isso não tem preço!

Me encontro ainda em evolução e em consciente eterno enfrentamento, porque sei do tamanho e poder desse distúrbio… Não dá para brincar. Controlo muito mais hoje! De segunda a sexta não como NADA de alimentos recreativos, nada! Me provo realmente… Certo? Não… longe de ser meu ideal! O que mais queria (quero) é levar de boa, de forma equilibrada, essa rotina alimentar, assim como aprendi com as meninas do Alimente. Alimentação consciente! Mas meu pânico em voltar a fazer o que fazia antes ao colocar um pedaço de chocolate na boca… não me permite ainda tentar. Aos domingos a compulsão impera. Descontroladamente. E não é por conta da restrição da semana. Eu tinha “domingos” diariamente. Então para mim, para minha realidade, um domingo por semana por enquanto é mais uma vitória.

Para aquelas pessoas que também passam por situação parecida, digo que procure ajuda o quanto antes… quanto antes melhor! Tente não se preocupar com o corpo, em perder peso no começo… porque isso é consequência. O mais importante é tentar diminuir, o quanto puder, os episódios compulsivos… passar de sete dias por semana para seis por semana é ótimo! De seis para cinco, lindo! E assim vai indo! Tenha fé, faça alguma atividade física. É o tripé. Ajuda profissional, ter uma religião (acreditar em algo) e liberação de endorfina, serotonina. Vibre, muito, com pequenas vitórias! Não se culpe, por NADA! Não diminua ou deixe que diminuam o seu problema. Cada um tem um ou vários, esse é o seu, e você não está dando conta de resolver sozinha! E viver, estar aqui, é uma dádiva! Somos abençoados! Temos tanto a agradecer… honre essa dádiva! Lute, lute muito, porque vale a pena demais…

31 de Maio – Dia Mundial Sem Tabaco

O tabagismo é a maior causa de morte evitável no mundo. O número de mortes por doenças relacionadas ao tabaco ultrapassa 5 milhões por ano desde 1990.

31 de Maio – Dia Mundial Sem Tabaco

O Dia Mundial Sem Tabaco foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.

O tabagismo é a maior causa de morte evitável no mundo. O número de mortes por doenças relacionadas ao tabaco ultrapassa 5 milhões por ano desde 1990 (1). O tabagismo foi o segundo maior fator de risco para morte prematura e incapacidade no mundo em 2015 (2).

CORONAVÍRUS E TABACO

A pandemia do novo coronavírus é mais um motivo para você parar de fumar. Fumantes parecem ser mais vulneráveis à infecção por esse novo vírus, pois o ato de fumar proporciona constante contato dos dedos (e possivelmente de cigarros contaminados) com os lábios, aumentando a possibilidade de transmissão do vírus para a boca. Além disso, o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Por isso, é possível dizer que o tabagismo é fator de risco para a Covid-19 e que é um agravante da doença devido a um possível comprometimento pulmonar, o fumante possui mais chances de desenvolver sintomas graves da doença.

PARAR DE FUMAR É POSSÍVEL

No entanto, parar de fumar é possível! No Brasil, a prevalência do tabagismo vem diminuindo nas últimas décadas, com queda acentuada entre 1989 (31,7%) e 2016 (10,2%) (3). Isso se deu graças à adoção de uma série de medidas de controle do tabaco, tais como aumentar os impostos sobre o cigarro, a advertência sobre os perigos do tabaco, a proteção da população contra a fumaça dos cigarros (como a proibição de se fumar em determinados ambientes). E, por fim, a oferta de ajuda para cessação dessa dependência.

TRATAMENTO

O tratamento vai se basear na implementação de estratégias não farmacológicas e farmacológicas. Diversos estudos revelam que o aconselhamento por um profissional da saúde aumenta as taxas de sucesso na cessação do tabagismo. Dentre essas abordagens não farmacológicas é importante ressaltar que cada fumante estabelece uma relação com o cigarro. Assim, deve-se identificar as crenças e os comportamentos associados aos hábitos de fumar e ajudar o paciente a mudar esses hábitos, assim como ajudá-lo a compreender de que forma essas crenças e comportamentos contribuem na manutenção do tabagismo.

Já o tratamento farmacológico deverá ser individualizado e contribuirá para a redução dos sintomas de abstinência. Baseia-se na reposição de nicotina, através de adesivos, pastilhas ou gomas de mascar, ou no uso de algumas medicações, como a bupropiona ou a vareniclina.

 

Para saber mais: www.inca.gov.br.

 

  1. Fong GT, et al. Reductions in tobacco smoke pollution and increases in support for smoke-free public places following the implementation of comprehensive smoke-free wokplace legislation in the Republic of Ireland: findings from the ITC Ireland/UK Survey. Tob Control. 2006;15(3):iii51-8.
  2. Forouzanfar MH, et al. Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioural, environmental and occupational, and metabolic risks or cluster of risks, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet. 2016;388(10053):1659-724.

3. Ministério da Saúde (BR). Vigitel Brasil 2016: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2016. Brasília: Ministério da Saúde;2017.

Higiene do sono

Você repara na qualidade do seu sono?

* Por Dr. Alexandre de Rezende

Higiene do sono: Você repara na qualidade do seu sono?

O sono é uma resposta fisiológica do nosso organismo, dele necessitamos para restaurar nossas energias e é essencial para nossas vidas. É um hábito adquirido e comandado pelo chamado relógio biológico. Pode, entretanto, ser alterado por uma série de fatores: doenças físicas, problemas emocionais, transtornos mentais, uso de drogas ou de substâncias estimulantes, ou por distúrbios do próprio sono.

Além da correção da causa subjacente, algumas medidas favorecem a sua regularização:

  • Tenha horários regulares para deitar e levantar.
  • Evite dormir períodos prolongados durante o dia. Sonecas curtas ou pequenos cochilos durante o dia ou até mesmo nos intervalos de trabalho em geral são suficientes para restauras as energias.
  • Evite ficar acordado na cama por longos períodos. Se por acaso perder o sono durante a noite, levante-se e procure fazer algo monótono, como ler e ver televisão, e voltar para a cama quando estiver sentindo sono novamente.
  • Evite realizar na cama toda e qualquer atividade além de dormir e praticar sexo, como assistir à televisão, fazer refeições, fazer leituras prolongadas ou ficar deitado ouvindo música ou noticiário por longos períodos.
  • Evite utilizar celulares, tablets ou computadores antes de dormir. A luz emitida por esses aparelhos é prejudicial.
  • Evite usar bebidas ou outras substâncias estimulantes à noite, principalmente perto da hora de dormir: chá preto e mate, café, colas e guaraná. Evite fumar próximo à hora de deitar. Pode-se tomar algumas bebidas relaxantes, como chá de erva-cidreira ou camomila, ou leite morno.
  • Evite também fazer uso de álcool, pois embora possa provocar sono logo após a sua ingestão, algumas horas depois, à medida que os níveis no sangue diminuem, pode provocar um efeito contrário.
  • Procure manter seu quarto de dormir sempre escuro, com uma temperatura ideal: nem muito frio, nem muito quente, com boa ventilação e sem muitos ruídos.
  • “Desligue as turbinas” pelo menos umas duas horas antes de dormir. Evite fazer atividades estimulantes muito próximas à hora de dormir, tais como exercícios físicos intensos, banhos muito quentes e prolongados, assistir a filmes muito violentos ou excitantes. Evite tentar resolver problemas difíceis antes de deitar.
  • Procure, durante o dia, praticar algum exercício físico regular.
  • Tente ouvir uma música monótona ou fazer uma leitura leve durante alguns minutos ao deitar, isso pode auxiliar na indução do sono.
  • Procure não dormir com fome e nem fazer refeições “pesadas” antes de deitar.
  • Evite abusar de remédios para dormir, nunca tome por conta própria, siga sempre as orientações médicas.

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras informações

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras informações. Saiba o que é TOC e também como atua no cenário de pandemia que estamos vivendo.

* Por Fabrício de Oliveira

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras informações. Vocês já ouviram falar sobre o assunto?

No atual contexto global, o medo de contaminação do novo coronavírus está de forma geral presente. Além de ameaçar nossa integridade física, a pandemia ameaça a nossa saúde emocional. Distinguir o sofrimento normal do sofrimento patológico se mostra ainda mais desafiador. Este texto vem como uma tentativa de ajudar nessa distinção.

TOC EM TEMPOS DE PANDEMIA

Atualmente uma pessoa pode passar grande parte do dia se preocupando com limpeza (pessoal e do ambiente) e se perguntar “Tenho TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) por limpeza?”. Entende-se como habitual pensar que é uma boa prática lavar as mãos ao chegar em casa. Isso é bem diferente de lavar as mãos inúmeras vezes e perder o controle de tal ato, de modo que persista no mesmo, apesar de já possuir ferimentos na pele decorrentes desse excesso.

Levando-se em conta a pandemia, talvez seja oportuno estarmos atentos ao conceito de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), pois nele os pensamentos intrusivos/obsessivos possuem espaço especial, sendo a obsessão de contaminação e sujeira um conteúdo característico. Outro grupo de sintomas refere-se aos rituais de limpeza e lavagem.

O QUE É TOC

Acho útil esclarecer o termo TOC. Trata-se de um transtorno neuropsiquiátrico que tem como principais características as obsessões e as compulsões. Compulsões são comportamentos repetitivos intencionais, geralmente em resposta a uma obsessão. Obsessões são eventos mentais (como pensamentos e imagens) que se apresentam de forma repetitiva ou persistente que vem à consciência contra a vontade do indivíduo.

É importante para o profissional de saúde mental fazer distinções para estabelecer o diagnóstico correto e consequentemente o tratamento correto. No entanto, a distinção do TOC entre outros transtornos (transtorno de ansiedade, do impulso, entre outros) pode ser complicada. Ainda, é muito comum a presença de mais de um transtorno ao mesmo tempo, ou seja, sintomas ansiosos e depressivos podem estar associados aos sintomas obsessivos compulsivos. As informações para a distinção entre patologias são importantes, mas mais importante é tentar entender o sofrimento emocional de uma forma integral e contextualizada. Diferentes indivíduos podem apresentar diferentes respostas a determinadas situações de estresses, indo da indiferença total ao medo incapacitante.

MEDO DE CONTAMINAÇÃO DENTRO E FORA DO TOC

Quais as diferenças entre o medo de contaminação dentro do TOC e o medo da contaminação fora do TOC? Vale ressaltar que nos dois casos citados o sofrimento emocional  pode ser intenso e talvez o mais importante seja saber quando procurar ajuda profissional.

Dentre o leque de ajuda estão os profissionais de saúde mental, sendo que a utilização de recursos terapêuticos (farmacológicos ou não farmacológicos) pode ser de grande valia.

Frequentemente ouvimos a seguinte frase: “A informação é o melhor remédio”. Acredito que uma informação colhida com um bom profissional possa ser um remédio mais seguro.

Obesidade e Coronavírus.

A Dra. Juliana, endocrinologista da Clínica Rezende, disponibilizou um texto sobre o assunto. Clique aqui.

* Por Juliana Costa

Você sabia que a obesidade é fator de risco para coronavírus?

No Brasil, mais da metade da população tem sobrepeso e a obesidade atinge um a cada cinco brasileiros, de acordo com dados da pesquisa publicada em 2019. A obesidade é considerada um fator de risco para diversas doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares e complicações pulmonares, doenças que também determinam um maior risco de desenvolver um quadro grave de COVID-19.

IMUNIDADE

A obesidade, hipertensão, diabetes ou qualquer doença que diminua a imunidade pode ser fator de risco para desenvolver forma grave de COVID-19. Se uma pessoa obesa tem a doença causada pelo novo coronavírus, seu corpo passa a lutar contra dois quadros diferentes. A obesidade , por si só,
causa um estado de inflamação crônica no corpo. Isso afeta o funcionamento de algumas células que têm a função de barreira protetora no nosso organismo . Além disso, o processo inflamatório crônico, causa uma redução da imunidade. Dessa forma, a gravidade da infecção por COVID – 19 pode ser maior para esse paciente.

A obesidade também pode prejudicar a capacidade respiratória, que é fortemente afetada em pacientes com a doença causada pelo novo coronavírus. Quando se expande, o pulmão se esforça muito para empurrar o peso do tórax de uma pessoa obesa, causando fadiga da musculatura respiratória. No mesmo sentido, o diafragma também precisa fazer uma força muito maior para vencer a pressão intra-abdominal.

Além de respeitarem as orientações de isolamento e higiene para evitar o vírus, as pessoas devem continuar se alimentando de forma saudável e se possível, praticando exercícios dentro de casa.
Ajuda a fortalecer a imunidade e a manter o melhor controle das comorbidades. Se você é obeso, também pode começar hoje. Minha recomendação é que você procure a orientação de profissionais que
estão atendendo online, via telemedicina, regulamentada recentemente pelo CFM.

A vida na hora

Você imaginou que em algum momento da sua vida você fosse ser orientada(o) a permanecer em casa por tempo indeterminado devido a uma pandemia? À ameaça (real) de um vírus?

* Por Vívian Hauck

Vou começar esse texto com um texto que não é meu. Num momento como o que estamos vivendo, preferi começar com poesia. Com vocês, “A vida na hora” de Wislawa Szymborska:

“A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.

Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.

De que trata a peça
devo adivinhar já em cena.

Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismos.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.

Não dá para retirar as palavras e reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado –
eis os efeitos deploráveis desta urgência.

Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.

Isso é justo – pergunto (com voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).

É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.”

 

Você imaginou que em algum momento da sua vida você fosse ser orientada(o) a permanecer em casa por tempo indeterminado devido a uma pandemia? À ameaça (real) de um vírus?

Um vírus.

Um vírus. Pequeno, invisível a olho nu.

Um vírus. Que veio lá da China. Que atravessou o mundo. Que chegou até aqui.

Um vírus. Que vem dar a prova de que não, não somos onipotentes.

Não podemos tudo e controlamos pouco (quase nada).

Repito: não podemos tudo e controlamos pouco (quase nada).

Há que se ter humildade perante o que pode O Vírus.

É só a partir desse e com esse reconhecimento que poderemos traçar o que podemos nós, então.

Aos que podem ficar em casa, fiquem. Aos que devem seguir trabalhando, coragem. A todos nós, humildade e compromisso social. Que nos cuidemos e cuidemos uns dos outros.

A realidade nos convoca, se impõe. Não houve ensaio e não haverá ensaio. Não há roteiro. Nós já estamos em cena, as cortinas já estão abertas.

A realidade é agora. Que façamos o melhor que pudermos, com responsabilidade.

Como passar pela experiência de isolamento social

Leiam algumas dicas de como passar pela experiência de isolamento social.

* Por Diana Lopes

Como passar pela experiência de isolamento social: neste momento que estamos vivendo, com certeza já passou pela sua cabeça como será passar por isso. Certo?

COMO PASSAR PELA EXPERIÊNCIA DE ISOLAMENTO SOCIAL

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a COVID-19, nova doença causada pelo novo coronavírus, é uma pandemia. Devido ao pouco tempo da doença e as atualizações serem constantes, estamos sendo expostos a uma quantidade enorme de informações e notícias sobre como lidar com a doença e, principalmente, de como prevenir a contaminação. Entre as recomendações, as mais indicadas e praticadas pelos outros países, são o distanciamento e o isolamento social. 

Essas medidas de contenção à rapidez do contágio pelo coronavírus são as práticas de “linha de frente”, considerando que a velocidade da contaminação é a maior característica dessa doença e a consequente pandemia. E nesse contexto, é necessário considerar o perfil cultural do brasileiro, marcado pela proximidade afetiva, uma vez que para lidar com a disseminação da doença exige uma importante mudança desse comportamento. 

Diante dessas circunstâncias é comum experimentar ansiedade, insegurança e vulnerabilidade, tanto pela quantidade e velocidade de informações, mas principalmente porque se lida e aprende-se sobre a doença momento a momento e isto exige mudanças em nossa organização cotidiana. Por isso, seguir as orientações dos órgãos públicos de saúde, buscar fontes confiáveis de informação, conversar com os profissionais de saúde, podem ser atitudes que ajudam a passar por esta situação de modo mais seguro.

EVITAR AGLOMERAÇÕES É MUITO IMPORTANTE

Nesse sentido, não precisamos entrar em pânico, mas se torna importante falarmos sobre o distanciamento e isolamento social. As medidas de distanciamento social são aquelas em que se deve evitar aglomerações, ambientes coletivos, respeitar a distância de 1,5m quando estiver com outras pessoas, praticar a etiqueta respiratória, etc. Se formos rigorosos em seguir estas simples medidas poderemos contribuir para a prevenção da disseminação da COVID-19, conviver com as pessoas e conciliar com nossas necessidades afetivas.

Em alguns casos a recomendação é mesmo o isolamento social, ou seja, permanecer em casa e buscar estratégias de mínimo contato com outras pessoas. O isolamento social é mais indicado àqueles que são identificados como grupo de risco, são os idosos, pessoas que tenham condição clínica crônica e/ou que apresente nesse momento quadros compatíveis com as doenças respiratórias. No isolamento social pode ser mais comum sentir-se solitário, sensação de distanciamento afetivo, angústia, tédio, ansiedade, tristeza, tensão, stress, etc. 

A intenção da Clínica Rezende é propor e buscar formas para amenizar essas experimentações desconfortáveis e formulamos alguma dicas que podem ajudar.

DICAS

– Não negue que a situação requer cuidados rigorosos e siga as recomendações, isto será uma importante estratégia para se sentir mais seguro;

– Busque fontes consistentes de informações tais como Ministério da Saúde, vigilância sanitária do estado e local e demais órgãos públicos;

– Fontes seguras de notícias, adquira o hábito de checar as fontes de notícias recebidas por WhatsApp e Facebook, dentre outras;

– Lave sempre as mãos;

– Se precisar sair de casa escreva antes ou mentalize uma estratégia em que possa evitar aglomerações e priorize o mínimo de contato;

– De preferências aos negócios locais e perto de sua residência;

– Se não estiver no grupo de risco, organize seu comportamento e rotina para proteger o grupo de risco;

– Se for do grupo de risco, converse e busque apoio de outras pessoas e profissionais de saúde;

– Não deixe as crianças com os idosos;

– Utilize as mídias sociais para ter contato com outras pessoas e não se sentir sozinho;

– Se puder ofereça home office à sua empresa e estabeleça uma rotina;

– Se estiver em casa, aproveite para organizar aquilo que adiava a tempos;

– Aproveite para ler os livros que tem em casa;

– Organize a sessão de cinema em casa;

– Dê preferência as chamadas de vídeo, ver a imagem das pessoas ao conversar pode amenizar a sensação de solidão;

– Para distrair as crianças proponha trabalhos manuais, jogos de tabuleiro, testar receitas, etc;

– Organize-se com seus vizinhos na partilha e recursos para lidar com a situação: revezamento de quem vai à farmácia, ao supermercado, etc;

– Faça exercícios em casa: combine com seu personal-trainer orientação online, videos no youtube de práticas físicas e danças, use a esteira de casa, etc;

– Faça um dia de SPA em casa;

– Curta este momento para descanso e não faça nada;

CUIDE DA SUA SAÚDE MENTAL

 E não deixe de cuidar de sua saúde mental. Os profissionais da Clínica Rezende estão atentos às atualizações informações sobre o panorama da pandemia e tomam as medidas necessárias para se adequar e prestar o melhor serviço e, assim,  proteger nossos pacientes.

Quando suspeitar de um transtorno alimentar?

Clique aqui para ler quais são os principais sinais de quem está com transtorno alimentar.

* Por Anelisa Rezende

Quando suspeitar de um transtorno alimentar?

De acordo com a nutricionista e pesquisadora Sophie Deram: “antigamente, acreditava-se que os transtornos alimentares só aconteciam com meninas adolescentes. Este não é mais o caso. Mais homens, mulheres, meninos e crianças cada vez mais jovens, estão procurando tratamento para dificuldades ou transtornos alimentares”.

Por isso a importância de conscientizar a população sobre os transtornos alimentares e os problemas de imagem corporal para que possamos identificar possíveis sinais de alerta para a presença ou risco de um transtorno alimentar e buscar ajuda profissional.

SINAIS DE TRANSTORNO ALIMENTAR:

  • Perda de peso rápida ou flutuações drásticas de peso
  • Preocupação com peso, alimentos, rótulos dos alimentos — e dietas
  • Evita refeições e situações que envolvam alimentos
  • Ingestão excessiva de líquidos ou negação de fome
  • Atividade física excessiva ou muito rígida
  • Isolamento dos amigos e das atividades usuais
  • Mudança no estilo de se vestir, como excesso de roupas para cobrir o corpo ou roupas reveladoras para ostentar a perda de peso
  • Vômitos autoinduzidos ou abuso de laxantes, diuréticos ou pílulas dietéticas

Se você perceber em pessoas próximas a presença de alguns desses sintomas converse com a mesma sem julgamento, podendo fazer perguntas como: “eu notei que você não tem comido sobremesa recentemente. Há uma razão para você estar fazendo isso?”. “Eu percebi que você está fazendo exercícios extenuantes nos últimos dias. Com qual objetivo?”… Caso não consiga ter acesso a essa pessoa de forma direta e confortável, pergunte à amigos próximos, familiares e parceiros(as) se perceberam os  comportamentos citados acima nos últimos tempos.

Prestar atenção nos discursos associados à alimentação pode ajudar muito os pais, tios, tias, avós, maridos, namorados e profissional na prevenção e/ou suspeita de um transtornos alimentar, como, por exemplo, se na mesa de refeições a conversa gira em torno das dietas, das calorias, do “isso engorda”, “isso não pode”, “vou comer, mas depois queimo tudo na corrida”…

Atitudes solidárias como esta pode ser de grande valia para despertar a consciência de quem está acreditando que ninguém está percebendo o que está se passando e auxiliar tanto na prevenção quando no tratamento de transtornos alimentares, por isso, fiquem atentos.

Referências:

https://www.genta.com.br/sera-que-meu-filho-tem-um-transtorno-alimentar/

http://www.euvejo.vc/na-prevencao-dos-transtornos-alimentares-somos-todos-responsaveis/

Síndrome de Burnout

Síndrome de Burnout, você sabe o que é? 

* Por Fernanda Rezende

Síndrome de Burnout, você sabe o que é?

SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Burnout, também chamada de Síndrome do Esgotamento
Profissional, é considerada como um evento psicossocial ligado diretamente à situação laboral, em que o sujeito busca a realização pessoal através do seu trabalho. Portanto, é tida como uma doença de trabalho.

O termo “burn” significa queima e “out” significa exterior, sugerindo que a
pessoa com esse tipo de estresse se consome física e emocionalmente, passando muitas vezes a apresentar um comportamento agressivo.
A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.

Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como professores, médicos, enfermeiros, policiais, jornalistas dentre outros.

A Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações
em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidade suficiente para os cumprir.

OS PRINCIPAIS SINTOMAS SÃO:

 Nervosismo;
 Sofrimentos psicológicos;
 Problemas físicos (dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas). O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes,
podem indicar o início da doença.

Para o diagnóstico, deve-se levar em conta as características individuais de cada um, associadas às do ambiente e às do trabalho, que propiciam o aparecimento dos fatores multidimensionais da síndrome: exaustão emocional, distanciamento afetivo e a baixa realização profissional.

A prevalência do Burnout nos vários países ainda é incerta, mas dados apontam acometimento significativo que justifica mais estudos a respeito dessa patologia com fatores de risco multifatoriais (indivíduo, trabalho, organização).

TRATAMENTO

O tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver o uso de medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilo de vida (atividade física e de relaxamento, dieta equilibrada, etc.) são fundamentais.

PREVENÇÃO

Principais formas de prevenção:
 Defina pequenos objetivos na vida pessoal e profissional;
 Faça atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em
restaurantes ou ir ao cinema;
 Evite contato com pessoas negativas, principalmente quando o assunto for relacionado ao trabalho;
 Converse com alguém de confiança sobre o que está sentindo;
 Não se automedique.

Para mudanças positivas, as decisões nas instituições têm de ser baseadas em evidências científicas sobre a abordagem e o tratamento que  mantenham a saúde mental para, só assim, alterarem as políticas de benefícios e os recursos humanos direcionados.

Fonte: Ministério da Saúde: www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/sindrome-de-burnout

Parar de fumar é possível!

Parar de fumar é uma das melhores coisas que alguém pode fazer para a sua saúde, não existem dúvidas quanto a isso.

* Por Leonardo Martins

Parar de fumar é uma das melhores coisas que alguém pode fazer para a sua saúde, não existem dúvidas quanto a isso.

Ajudar alguém a parar de fumar é algo tão importante quanto e pode ser decisivo.

O tabagismo é o principal fator de risco isolado, ou seja, que sozinho pode levar a mais de 50 doenças diferentes, muitas delas extremamente graves e fatais. Apesar disso, é muito importante sabermos que a dependência de nicotina, substância presente no tabaco, faz com que parar de fumar sem ajuda ou tratamento, seja algo muito difícil para grande maioria das pessoas.

BUSCAR AJUDA É IMPORTANTE

Antes de qualquer informação adicional, é importante que você que quer parar de fumar ou que gostaria de ajudar alguém a parar, saiba que existem diversos recursos que podem lhe ajudar.

O tratamento adequado, com a ajuda de uma equipe de profissionais de saúde especializados, faz toda a diferença.

Muitas pessoas acreditam não ser possível parar por terem tentado sozinhas ou por terem utilizado métodos que não foram efetivos ou que podem até mesmo terem trazido maiores prejuízos do que benefícios. Diversos estudos científicos, inclusive o próprio Instituto Nacional de Câncer e Organização Mundial de Saúde, mostram que parar de fumar com ajuda especializada é importante e que possui muito mais chances de sucesso.

Como profissionais de saúde, sabemos que é grande a dificuldade em se decidir parar de fumar e, que é especialmente difícil manter-se abstinente (sem fumar).

TRATAMENTO ADEQUADO

A ciência mostra que isso não é “falta de força de vontade”, um “problema de caráter” ou qualquer coisa do tipo. A dependência de nicotina exige um tratamento adequado conduzido por profissionais de saúde, como qualquer outro problema de saúde.

O tratamento do tabagismo e a busca por novos hábitos saudáveis apesar de ser algo muito positivo para a saúde, é difícil para quem quer parar. A melhor maneira de ajudarmos é compreendendo esta dificuldade e buscando de forma gentil, apoiar e oferecer a esta pessoa o máximo de recursos possíveis através de ajuda profissional.

A partir de uma avaliação geral, necessidades médicas, psicológicas e relacionadas à mudança de hábitos de vida podem ser planejados.

Algumas pessoas, podem se beneficiar do uso de medicações próprias, outras da reposição de nicotina através de adesivos, gomas de mascar, sendo que outras podem ter em um grupo de apoio o recurso que precisam para compartilhar dificuldades e pensar em alternativas ao tabaco no dia-a-dia. E podem ainda utilizar todos estes recursos, dentre outros como contarem com o apoio da família. Mitos comuns estão associados com tentativas de parar sem este tipo de ajuda profissional. Por exemplo, ficar irritado, ter aumento de peso ou coisas do tipo.

Sabemos que a parada com ajuda profissional, na verdade, está voltada para a busca de uma melhor saúde – em todos os seus aspectos. É comum que a irritação ou mesmo o aumento de peso, estejam ligados a falta de recursos ou mesmo a um aconselhamento profissional precário.

A busca por viver mais e melhor pode incluir não só parar de fumar como também aprender estratégias para lidar com estresse, melhorar a alimentação, iniciar a prática de atividades físicas, dentre outras práticas de auto-cuidado que podem contribuir para uma vida que possa vale a pena.

TIPOS DE CÂNCER ASSOCIADOS AO TABAGISMO

Parar de fumar pode ser uma estratégia que contribua para evitar todos os tipos de câncer que estão diretamente associados com o tabagismo:

  • Câncer de bexiga
  • Câncer de pâncreas
  • Câncer de fígado
  • Câncer do colo do útero
  • Câncer de esôfago
  • Câncer nos rins
  • Câncer de laringe (cordas vocais)
  • Câncer na cavidade oral (boca)
  • Câncer de faringe (pescoço)
  • Câncer de estômago
  • Leucemia mielóide aguda

Além de evitar doenças coronarianas e acidentes vasculares cerebrais, uma vez que tabagistas possuem até 4 vezes mais chances de tê-los ou mesmo doenças pulmonares obstrutivas crônicas, uma vez que tabagistas tem 13 vezes mais chances de as possuírem. Segundo dados da American Cancer Society, para cada maço de 20 cigarros  (que custam em média R$ 9,00), cerca de R$ 50,00 são gastos com doenças relacionadas ao tabaco.

Evitar tais custos com saúde no futuro, evitar as doenças mencionadas e junto disso buscar viver com mais qualidade de vida, sempre será uma oportunidade.

Procure um profissional de saúde de confiança e peça ajuda.

Fonte:

https://www.inca.gov.br/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo