Por que ir ao psiquiatra?

Porque ir ao psiquiatra? Acreditamos que você já tenha se feito essa pergunta ao menos uma vez.

* Por Fabrício de Oliveira

Por que ir ao psiquiatra? Acreditamos que você já tenha se feito essa pergunta ao menos uma vez.

Por que ir ao psiquiatra?

Cresci escutando a frase: “Psiquiatra é médico de louco”. Na realidade, psiquiatra é um médico que trabalha, sobretudo, com problemas emocionais, sendo que estes podem ser de vários tipos: transtornos ansiosos, depressivos, do sono, psicóticos, entre outros. O que as pessoas não sabem é que 80% dos pacientes que procuram meu consultório apresentam problemas relacionados à ansiedade, irritabilidade, tristeza e cansaço físico e mental.

Atualmente, quem pode dizer que não apresenta alguma dessas queixas em maior ou menor grau? Não poderia ser diferente. É raro quem não enfrenta problemas cotidianos de insegurança, dificuldade de sobrevivência, falta de trabalho (ou ameaça de sua perda), incerteza quanto ao retorno positivo dos esforços profissionais, competitividade profissional e social, compromissos sempre mais exigentes, perspectivas negativas para o futuro, e assim por diante.

Quer dizer que todos que sofrem de estresse devem procurar um psiquiatra?

Não, mas todos deveriam procurar medidas que diminuam o impacto do estresse diário. A realização de atividades físicas de forma adequada e regular e uma alimentação saudável podem trazer muitos benefícios. A prática de atividades religiosas já é comum e, cada vez mais, estudos científicos estimulam que essas sejam feitas.

Infelizmente é frequente que se encontre quem esteja tão exausto que a mudança do estilo de vida lhe pareça impossível. Algumas das pessoas que passam por isso, podem estar, por exemplo, com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Sintomas típicos associados ao TAG são: medo; ansiedade e preocupação generalizados; cansaço físico e mental; dificuldade de concentração; tensão muscular; irritabilidade; sono de baixa qualidade.

Todos nós podemos apresentar sintomas ansiosos e depressivos, sem que esses representem necessariamente um transtorno psiquiátrico. Mas se os mesmos estiverem ocorrendo de forma muito intensa ou por longo período, é recomendado que procure seu médico de confiança. Caso ele o encaminhe para o psiquiatra, não estranhe tal atitude, pois saiba que um tratamento bem conduzido pode trazer diminuição significativa do sofrimento emocional.

Algumas considerações antes que Janeiro termine

Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

* Por Vivian Hauck

Janeiro Branco: Algumas considerações antes que o mês termine. Janeiro, o mês de conscientização da saúde mental, já está próximo do fim, mas ainda dá tempo para mais alguns questionamentos, apontamentos e reflexões.

Devido à campanha do Janeiro Branco, um pouco mais se falou nesse mês sobre a importância da saúde mental. Mas o que, afinal, chamamos de “saúde mental”?  Saúde mental é somente não ter nenhum tipo de doença mental? Será que o que define saúde mental para uma pessoa é o mesmo que a define para todas as outras pessoas? Existe prescrição que dê conta de dizer a todos os sujeitos o que eles deveriam fazer para, enfim, possuírem saúde mental?

Saúde mental e singularidade

Cada sujeito tem uma história, a sua história. Nasceu em um determinado lugar, em uma determinada família, foi cercado por determinadas possibilidades, fez e faz diferentes escolhas na vida que o levaram e levam a outras possibilidades e novas escolhas. Não há como prever onde esse caminho levará. Quando a realidade se impõe, quando se há desejo e escolhas em jogo, não há garantias. E vão ser essas escolhas que irão nos construir, dia a dia. É como disse Clarice Lispector em um de seus livros: “[…] Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes.” (2009, p. 176).¹

Entretanto, apesar de não possuirmos qualquer tipo de garantia, talvez possamos dizer que nenhuma trajetória será livre de dificuldades, conflitos e algumas pedras no meio do caminho. E talvez “saúde mental” seja justamente a possibilidade de um sujeito, diante dos impasses da vida, de se transformar, de recriar, de mudar a trajetória quando for preciso e de se reconstruir a seu modo. E se, em um determinado momento, esse mesmo sujeito se der conta de que não consegue instaurar tamanho movimento sozinho, que ele possa pedir ajuda a um outro. Talvez isso também seja indício de saúde mental.

O sofrimento psíquico do outro

E quando é o outro que sofre? O que é possível oferecer? Como é possível ajudar? Colocar-se disponível para escutar o que outro sujeito tem a dizer sobre seu sofrimento psíquico pode não ser fácil nem resolutivo, mas é um começo. Escutar verdadeiramente, sem se prender a uma ilusão de que já se sabe do que aquele outro sofre antes mesmo que ele possa dizer algo sobre isso. Ou à ilusão de já se ter certeza de como solucionar tal sofrimento, talvez por haver vivenciado experiência parecida.

Quanto a isso, cito aqui uma passagem de Freud que reli recentemente, na qual ele diz que “[…] as impressões e experiências externas podem fazer exigências de intensidade diferente a pessoas diferentes e aquilo que é passível de ser manejado pela constituição de uma pessoa pode ser uma tarefa impossível para a de outra.” (1938/1940, p. 103).² Há singularidade no sofrimento psíquico e singularidade na trajetória de cada um, que não nos esqueçamos disso. É somente a partir dessa concepção e posição que poderemos efetivamente nos colocar à disposição para dar suporte a alguém que sofre.

Saúde mental para além de Janeiro

Janeiro finda, porém desejo que os efeitos da campanha de conscientização da saúde mental possam perdurar. Que Janeiro tenha podido ser semente para que as mais diversas temáticas que envolvem a saúde mental estejam presentes em muitas outras discussões e reflexões ao longo do ano. E que possamos acolher de fato, sem muitos julgamentos e pré-conceitos, nosso próprio sofrimento e o sofrimento do outro.

Leia também sobre Família e Saúde Mental clicando aqui. 

¹ LISPECTOR, C. A Paixão Segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

² FREUD, S. Um exemplo de trabalho psicanalítico. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol23, pp. 102-109). Rio de Janeiro: Imago, 1938/1940.

 

Como está sua relação com a comida?

Quando você pensa em comida ou no seu apetite, costuma se sentir triste ou culpado? Tem medo de escolher uma comida considerada “ruim”, que “engorda”, ou comer algo que chamam de “besteira” e “porcaria”?

* Por Dra. Juliana Ferreira

Como está sua relação com a comida? Já parou para pensar nisto?

Quando você pensa em comida ou no seu apetite, costuma se sentir triste ou
culpado? Tem medo de escolher uma comida considerada “ruim”, que “engorda”, ou comer algo que chamam de “besteira” e “porcaria”? Detesta quando sente fome, pois acredita que não deveria ter tanta vontade de comer… Então você inicia uma dieta restritiva. E aí, pare para pensar: Como está sua relação com a comida?

Porém, entre nutrientes, horários, quantidades, pesos e regras, o foco principal das dietas sempre é nos dizer o que não comer. Muitos de nós, de tanto ouvir e ler sobre isso, já temos bem claro na mente quais são os alimentos “bons/certos” e os “ruins/errados”, o que “pode” e o que “não pode”.

Privação dos alimentos

Mas a verdade é que nós também queremos comer aquilo que a dieta proíbe! A lógica das dietas faz com que a gente acredite que não sabe o que comer, que só conseguimos fazer escolhas “erradas” e, então, nós acabamos por julgar nossas vontades como erradas também, evitando atendê-las. O nome disso é privação.

E a privação, infelizmente, anda de mãos dadas com o exagero e a culpa.
Quando estamos de dieta e resolvemos comer algo que não se encaixa nas regras, ficamos com a ideia: “ah, já estraguei tudo mesmo, então tanto faz”. Com isso, acabamos comendo em excesso todo tipo de alimento que a dieta exclui.

Este comportamento de comer em excesso leva a uma grande culpa no dia
seguinte, todos os pensamentos de fracasso voltam e a tendência é entrar numa dieta ainda mais rígida e restritiva. As vontades e os desejos reprimidos voltam com força total ao menor sinal de deslize e permissão, e o corpo novamente quer comer em excesso tudo aquilo de que foi privado.
Talvez você não perceba, mas isso tudo pode estar acontecendo agora mesmo na sua vida.

Pare para pensar na sua alimentação

Quando foi a última vez que você parou para realmente pensar na sua
alimentação? Não para descobrir uma dieta nova ou considerar o quanto de carboidrato estava comendo, mas realmente refletir sobre a sua relação com os alimentos?

Dicas:

Bom, como nós só podemos mudar aquilo de que temos consciência, tem um experimento abaixo com o objetivo de fazer com que você pense melhor em tudo isso!

A proposta é a seguinte:

  • Faça uma lista de comidas que você adora, mas que evita ou sente culpa ao
    comer.
  • Selecione uma dessas comidas para fazer essa atividade. Esteja atento aos seus desejos e vontades reais – que alimento você realmente gostaria de comer agora? É doce, salgado, quente, frio, crocante, cremoso…? Essa comida lhe traz alguma memória ou sentimento? É algo que você já não se permite comer há muito tempo?
  • Fique atento para o caso de surgirem pensamentos lhe dizendo que sua escolha é de uma “comida ruim”, ou se começar a julgar detalhes como calorias, quantidade de carboidratos ou de gorduras. Não siga esses pensamentos, permita-se escolher o que você realmente tiver vontade.
  • Aguarde o momento em que realmente estiver com vontade e compre ou prepare uma porção individual da comida que você escolheu.
  • Escolha comer num ambiente calmo, sem distrações, e sozinho. Dê a este momento sua atenção total.
  • Quando estiver com a comida, dedique um tempo a admirá-la, aproveitando sua aparência, seu aroma, sua textura ao toque.
  • Tente pensar nas razões pelas quais você escolheu esse alimento. Existe algum pensamento de culpa ou proibição envolvendo ele? Tem muito tempo desde que você o comeu? Ou você tende a exagerar quando escolhe comer algo assim? Reflita sobre sua relação com essa e outras comidas de que gosta.
  • Então, dê a primeira mordida e mastigue lentamente, observando com atenção os aromas e sabores do alimento. A cada mordida, faça novamente este exercício e fique atento à sua vontade de continuar comendo e ao prazer obtido com esta experiência.
  • Quando terminar, observe como está se sentindo. Aconteceu como você estava imaginando? Você ficou feliz em comer este alimento? A última mordida foi tão saborosa quanto a primeira? Você estava com vontade de comer a porção inteira? Você gostaria de comer este alimento mais vezes? Notou alguma diferença entre esta experiência e a forma com que come normalmente alimentos “proibidos”? Está se sentindo mal depois por não poder comer sempre os alimentos que gosta? Pense sobre todas as percepções que teve com este exercício, boas e ruins.
  • Se teve alguma dificuldade, ou mesmo se não conseguiu realizar o experimento,pense nas razões para isso ter acontecido. Quais pensamentos você teve em relação à comida? Sentiu culpa por suas vontades ou preferências? Sentiu culpa quando estava comendo? Teve vontade de comer mais do que escolheu ou mesmo de exagerar? Fique à vontade para aplicar este exercício com outros alimentos da lista que você fez, prestando atenção em como seus pensamentos e reações se comportam em cada momento.

Leia também sobre Alimentação na Ansiedade e Depressão.

Família e Saúde Mental

A importância da família na promoção, prevenção e tratamento da Saúde Mental.

* Por Diana Lopes

Família e Saúde Mental: A importância da família na promoção, prevenção e tratamento da Saúde Mental.

A importância da família na formação do indivíduo

Em reconhecimento da importância da família em nossa formação como seres humanos, nós da Clínica Rezende decidimos abordar este tema em nossa campanha do Janeiro branco. Não pretendemos esgotar o assunto dada a complexidade do papel da família na formação do indivíduo, temos como principal objetivo informar e incentivar para que as pessoas pensem mais sobre suas vidas e como ajudar os entes queridos que atravessam um momento difícil. Quando abordamos a família queremos propor a reflexão e a busca pela qualidade nos relacionamentos que tem impacto direto na promoção, prevenção e tratamento no âmbito da saúde mental.

Família e Saúde Mental

Segundo o pesquisador britânico John Bowlby, que se dedicou aos estudos dos vínculos, as relações parentais são determinantes na construção do estilo afetivo de seus membros, funcionam como regulador emocional e são centrais na estruturação da identidade pessoal. Nas abordagens mais atualizadas em psicologia e psiquiatria (estudos atualizados sobre vínculos humanos) trabalha-se com a perspectiva de que a maioria dos transtornos psicopatológicos podem ter relação direta com as características e estilo dessa dinâmica familiar. No final deste artigo citaremos alguns estilos afetivos resultantes da pesquisa e estruturação de Bowlby*.

De qualquer modo, os transtornos mentais na maioria dos casos possuem tratamentos que amenizam sintomas ou até mesmo sanam os problemas. Em busca de um resultado efetivo é imprescindível que se inicie dentro do próprio lar por meio de supervisão, suporte e compreensão à saúde das pessoas afetadas. Essa relação e a implicação da família no provimento de cuidados com o portador de sofrimento psíquico passam por diferentes etapas e varia de acordo com a realidade de cada grupo familiar e contextos aos quais estão inseridos.

Como estratégia na construção do sucesso do tratamento destacamos a busca de informações, envolvimento, acolhimento e a escuta por parte da família à pessoa em tratamento. Nossa equipe prioriza e sugere o fortalecimento de ações que possam criar espaços de interação, apoio e suporte afetivo por acreditarmos que é por meio do vínculo e no cuidado que se desenvolve intervenções singulares, personalizadas e mais efetivas. Isto por representar uma maior garantia de respeito à subjetividade dos
sujeitos envolvidos e para esta abordagem é indispensável a participação da família.

Como alertar a família a lidar com a pessoa em sofrimento

Sob este aspecto alertamos sobre o modo como a família lida com a pessoa em sofrimento. Em vários estudos sobre o papel da família no tratamento detectamos alguns pontos importantes de serem considerados, como por exemplo, a infantilização do portador de sofrimento psíquico. Essa  infantilização, além de dificultar a autonomia do paciente, o tira do lugar de um sujeito que tem sua história, sua individualidade, suas vontades, desejos e, principalmente, o destitui como principal agente para o enfrentamento do próprio sofrimento. Além disso, é importante alertar de que a família também pode ter seus ganhos secundários com o adoecimento, pois pode fazer do portador de transtorno mental o “bode expiatório” para os problemas da família e assim esta não precisar olhar para o próprio funcionamento.

Por outro lado, salientamos que há sobrecarga familiar de um modo geral a respeito da dor e sofrimento causados por se ter um parente nessas condições, desde aspectos relacionados as expectativas dos
familiares em relação ao tratamento, gastos financeiros, lida da rotina do ente em sofrimento, sentimento de culpa, falta de informação sobre o quadro clínico, para citar alguns fatores que transformam desde as
relações afetivas até a dinâmica familiar.

Propomos para amenizar a sobrecarga familiar e alcançar o cuidado em saúde mental a construção uma rede de cuidados articulada em que todos sejam envolvidos, não deixando o indivíduo somente como responsabilidade da família ou dos profissionais de saúde, mas integrando estratégias possíveis para atendê-lo de forma integral e humanizada. Incentivamos a interação dessas pessoas com a sociedade, a criação de
laços de amizade, atividades culturais, de comunidade, de trabalho ou de estudo, que se constituem como importantes bases de apoio ao indivíduo e à família em momentos de crise. O filme “Coringa” ilustra esse ponto de um modo crítico e impactante sobre como toda a sociedade pode influenciar na saúde mental do indivíduo em diversos aspectos, e, para mudar este panorama, precisamos nos posicionar de maneiras alternativas e mais integradoras.

Na perspectiva da promoção e prevenção de saúde, sugerimos que as famílias também se coloquem disponíveis para serem cuidadas e ouvidas por profissionais e instituições que favoreçam tanto a reflexão
sobre o próprio funcionamento como grupo – questões do cotidiano, conflitos, comportamentos, relacionamentos, estilo afetivo, dinâmica familiar, etc. – quanto ao fortalecimento pessoal diante do momento que enfrentam. Afinal, perceber a família constituída como a reunião de pessoas que sofrem, que enfrentam momentos desestabilizadores, como separação, luto, perda de emprego, carência afetiva, dificuldades financeiras entre outros problemas cotidianos é a via de acesso para se obter capacidade de
superação, restabelecimento emocional e efetividade também quando se está em tratamento.

Dessa forma, propomos o modo como avançar na atenção à saúde mental uma abordagem voltada à integração entre profissionais, as famílias e toda sociedade. Por isto uma boa equipe de assistência clínica se disponibiliza e considera a família como recurso e estratégia de intervenção, estimula a sociedade em geral a se construir como lugar de convivência do portador do sofrimento e funciona como importante auxílio para a família. Sim, aquela frase clichê das redes sociais tem razão de ser: “Juntos somos mais fortes”.

Confira algumas dicas para família:

  • Assegurar-se que a pessoa seja avaliada por uma equipe especialista em saúde mental;
  • Evitar preconceito através da revisão de como percebe o sofrimento da pessoa;
  • Informar-se para compreender a doença, através de leituras, pesquisas, entre outros meios;
  • Compreender que o indivíduo não escolheu estar ou ser assim;
  • Saber ouvir e dar atenção necessária;
  • Oferecer companhia neste momento difícil;
  • Observar atentamente mudanças de comportamento;
  • Respeitar cada momento do paciente, incentivando atividades, mesmo na recusa;
  • Lembre-se que em situações difíceis um abraço pode ser a melhor solução;
  • Apresentar a família e a comunidade como suporte fundamental para que o sujeito crie vínculos;
  • Na medida do possível envolver amigos, grupos e rede de apoio;
  • Família buscar auxílio profissional;

Estilos de apego de John Bowlby:

Segundo as teorias mais atualizadas sobre a condição humana o estilo de apego é estruturante da personalidade e influencia nas relações afetivas durante todo o ciclo de vida.

Apego Seguro

Tendem a ter opiniões positivas sobre si mesmas e sobre seus parceiros. Elas tendem, também, a ter opiniões positivas sobre seus relacionamentos. Muitas vezes elas relatam maior satisfação e harmonia em seus relacionamentos do que pessoas de outros estilos de apego. Pessoas seguramente apegadas sentem-se confortáveis tanto com a intimidade quanto com a independência. No padrão seguro o relacionamento
cuidador-criança é provido de uma base segura, na qual a criança pode explorar seu ambiente de forma entusiasmada e motivada e, quando estressadas, mostra confiança em obter cuidado e proteção das figuras de apego, que agem com responsabilidade. As crianças seguras incomodam-se quando separadas de seus cuidadores, mas não se abatem de forma  exagerada

Apego Evitante

Desejam um alto nível de independência. O desejo de independência, frequentemente, aparece como uma tentativa de evitar o apego. Eles veem a si mesmos como auto-suficientes e invulneráveis a sentimentos associados com estarem intimamente ligados a outros. Eles muitas vezes negam necessitar de relações íntimas. O padrão evitativo brinca de forma tranqüila, interage pouco com os cuidadores, mostra-se pouco inibido com estranhos e chega a se engajar em brincadeiras com pessoas desconhecidas durante a separação dos cuidadores. Quando são reunidas aos cuidadores, essas
crianças mantêm distância e não os procuram para obter conforto.

Apego Ambivalente

Buscam por altos níveis de intimidade, aprovação, e receptividade de seus parceiros. Elas, muitas vezes, valorizam a intimidade a tal ponto que se tornam excessivamente dependentes de seus parceiros. Elas, frequentemente, duvidam de seu valor como parceiras e culpam-se pela falta de receptividade de seus parceiros. O padrão resistente ou ambivalente é caracterizado pela criança que, antes de ser separada dos cuidadores, apresenta comportamento imaturo para sua idade e pouco interesse em
explorar o ambiente, voltando sua atenção aos cuidadores de maneira preocupada.
Após a separação, fica bastante incomodada, sem se aproximar de pessoas estranhas. Quando os cuidadores retornam, ela não se aproxima facilmente e alterna seu comportamento entre a procura por contato e irritação/raiva.

Apego Desorganizado

Têm sentimentos mistos sobre relacionamentos íntimos. Por um lado, elas desejam ter relações emocionalmente íntimas. Por outro lado, elas tendem a se sentir desconfortáveis com a intimidade emocional. Estes sentimentos mistos são combinados com, às vezes inconscientemente, opiniões negativas sobre si mesmas e seus parceiros. Elas geralmente veem a si mesmas como indignas da receptividade de seus parceiros, e não confiam nas intenções deles. Composto por crianças que tiveram experiências negativas para o desenvolvimento infantil adaptado apresentavam
comportamento contraditório para lidarem com a situação de separação. Na presença dos cuidadores, antes da separação, essas crianças exibem um comportamento constante de impulsividade, que envolve apreensão durante a interação, expressa por brabeza ou confusão facial, ou expressões de transe e perturbações.

Fonte: http://actinstitute.org/blog/teoria-do-apego-entenda-o-que-e-conheca-os-4-tipos-de-vinculo/

Leia também sobre Alimentação na ansiedade e depressão.

Textos e leituras utilizados:

Balbi, Juan. (2011). La dimensión emocional humana y psicopatología. Disponível em http://juanbalbi.com/es/Articulo13.pdf

Bowlby, John. (1982). Formação e rompimento dos laços afetivos. São Paulo:Martins fontes.

Dalbem, J. X.; Dell’aglio, D. D.(2005) Teoria do apego: bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 57, n. 1, p. 12-24.

Mielke Fb, Kohlrausch E, Olschowsky A, Schneider JF. (2010). A inclusão da família na atenção psicossocial: uma reflexão. Rev. Eletr. Enf. 2010 out/dez;12(4):761-5.

Rey, Fernando González. (2011). Subjetividade e saúde: superando a clínica da patologia. São Paulo: Cortez.

Alimentação na ansiedade e depressão

falar sobre a importância da alimentação na prevenção e tratamento da ansiedade é algo extremamente essencial, pois sabemos que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e que tanto a depressão quanto a ansiedade têm crescido de maneira alarmante!

* Por Anelisa Rezende

Alimentação na ansiedade e depressão: falar sobre a importância da alimentação na prevenção e tratamento da ansiedade é algo extremamente essencial, pois sabemos que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e que tanto a depressão quanto a ansiedade têm crescido de maneira alarmante (1)!

PRIORIZE A ALIMENTAÇÃO REGULAR

Muitas vezes o nosso apetite se altera em momentos mais delicados da caminhada e acabamos não nos alimentando bem (seja em quantidade ou qualidade), isso faz com que nossa energia, disposição, digestão, sono, etc fiquem ainda mais alterados! Então, sempre que possível, priorize a alimentação regular e através de comida de verdade, respeitando sua satisfação e colocando em preparações mais atrativas, práticas e de fácil digestão!

 

DICAS SOBRE ALIMENTAÇÃO E SAÚDE MENTAL

 

ALIMENTOS RICOS EM NUTRIENTES

O primeiro ponto que precisamos ter atenção é a produção equilibrada de neurotransmissores (dopamina, serotonina, GABA, noroadrenalina) que têm um papel fundamental na saúde mental! Para isso, ingerir alimentos ricos em nutrientes que são precursores dessa produção podem contribuir muito, são eles: vegetais verdes escuros, nozes, sementes, cacau (são ricos em magnésio), banana, grãos de bico, aveia, ovos (são ricos em triptofano), feijões, cereais integrais, lentilha, brócolis (ricos em vitaminas do complexo B), cogumelos, chá verde (ricos em L teanina), etc.

SAÚDE MENTAL E INTESTINAL

O segundo ponto é a relação direta da saúde intestinal com a saúde mental! Nós sabemos que nosso intestino já é considerado o “segundo cérebro” e que quando as bactérias intestinais estão em equilíbrio nós temos uma melhor produção e recepção de neurotransmissores! Então pra isso, água, probióticos (Keffir, iogurtes, manipulador, sachês, kombuchas etc) e fibras prebióticas (verduras, legumes, frutas etc) são excelentes para a saúde intestinal e consequentemente mental

PLANTAS MEDICINAIS

O terceiro aspecto importante é a utilização de plantas medicinais como adjuvantes na prevenção e tratamento de depressão e ansiedade, como a camomila, melissa, passiflora, etc!

ALIMENTOS ANTIOXIDANTES

O quarto ponto importante é consumo de alimentos antioxidantes, para que possamos evitar a oxidação dos neurotransmissores que estão sendo produzidos, exemplos desses alimentos são: açafrão, gengibre, azeite, abacate, linhaça (omega 3), cacau, etc!

RELAÇÃO ENTRE CORPO E COMIDA

O quinto aspecto é a relação que temos com o corpo e a comida, muitas vezes nosso compartimento alimentar é alterado pelas cobranças exagerada em relação a padrões estéticos e alimentastes, que muitas vezes são gatilhos para o aumento da depressão e da ansiedade! Então, fazer as pazes com o corpo e comida, comer alimentos que te dão satisfação, que sejam práticos, que façam sentido pra você, buscar autocuidado de maneira gentil e humanizada são caminhos que nos levam a uma construção de saúde mais sustentável e tranquila! Treinar o comer com atenção plena (mindful eating) também é uma excelente ferramenta para vivenciar o momento presente, com calma e tranquilidade!

EVITAR CERTOS ALIMENTOS

Por último, evitar alimentos que agitem mto como termogênicos, excesso de café, excesso de manipulados que agitam, etc!

FONTE:

  1. https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-e-o-pais-mais-ansioso-do-mundo-segundo-a-oms,70002856254

Leia também o primeiro post sobre Janeiro Branco, aqui.

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental?

Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

* Por Dr. Alexandre de Rezende

Janeiro Branco: Vamos falar sobre Saúde Mental? Em primeiro lugar, por que é tão importante discutirmos sobre este assunto? Porque se estima que um quarto da população mundial desenvolva um ou mais transtornos mentais ao longo da vida.

Há alguns anos foi lançada a Campanha Janeiro Branco com o objetivo de convidar a  todos a refletirem e se conscientizarem de como estão cuidando de sua Saúde Mental. Portanto, é uma campanha destinada a que as pessoas pensem na forma como estão lidando com suas emoções e relacionamentos, no quanto estão valorizando o sentido e o propósito das suas vidas.

DADOS SOBRE SAÚDE MENTAL

Para falarmos de Janeiro Branco, o mês da conscientização da Saúde Mental, primeiramente vamos citar alguns dados.

Pontualmente, 12% das pessoas em geral necessitam de algum
atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual (1) . Dados de um relatório global recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontaram que o número de pessoas com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015 (2) . Num levantamento realizado na região metropolitana de São Paulo foi observado que aproximadamente 30% dos entrevistados
preenchiam critérios para um transtorno psiquiátrico nos 12 meses anteriores. Os transtornos mais comuns foram os ansiosos (19,9%), do humor (11%), do impulso (4,3%) e aqueles associados ao abuso de substâncias (3,6%) 3 . Segundo dados do mesmo relatório da OMS
supracitado, na população brasileira a prevalência de depressão é de 5,8% e 9,3% a de ansiedade (2).

No entanto, 73,5% dos adultos com transtornos mentais moderados e graves ao redor do mundo não recebem tratamento. Em relação à depressão, 65% das pessoas com esse transtorno não recebem nenhum tipo de intervenção adequada. A depressão já é a principal causa de incapacidade em todo o mundo (2).

VAMOS FALAR SOBRE COMO CUIDAR DA NOSSA SAÚDE MENTAL?

Diante de dados tão alarmantes, a grande questão que nos intriga é: como cuidar da nossa Saúde Mental, ter uma vida emocional equilibrada e prevenir o aparecimento de transtornos mentais? Certamente, não são perguntas fáceis de serem respondidas. Isso porque os determinantes da Saúde Mental envolvem múltiplos fatores, tais como: características individuais (a forma como administramos nossas emoções e comportamentos, como lidamos com os desafios da vida contemporânea, como estabelecemos as relações com as outras pessoas). Mas também os fatores sociais e ambientais são muito importantes (baixa renda, desemprego, violência urbana), assim como aqueles de ordem cultural e política.

Para aquelas pessoas já acometidas por algum transtorno mental, devemos pensar que a identificação precoce desse transtorno e o manejo apropriado dessa condição pode ser fundamental para o processo de recuperação, ou seja: redução dos fatores estressores, fortalecimento do suporte social, acesso a intervenções psicossocias adequadas, incluindo psicoeducação, tratamentos psicológicos e acesso às medicações indicadas. Para tanto, é
essencial a realização de campanhas para se reduzir o estigma e a discriminação em relação aos transtornos mentais (4) . As pessoas em geral precisam compreender a verdadeira natureza do adoecimento psíquico para reduzirem o preconceito em relação a essa situação, também em relação à busca pelo tratamento mais adequado.

COMO EVITAR QUE SEJAMOS ACOMETIDOS POR UM TRANSTORNO MENTAL

Mas uma pergunta ainda persiste: como evitar que sejamos acometidos por um transtorno mental (o que chamamos de prevenção primária)? Novamente, eis um grande desafio. Mas gostaríamos de trazer algumas orientações e sugestões para uma melhor Saúde Mental:

  • Conheça a si mesmo! Busque o autoconhecimento, seus valores e propósitos, o sentido da sua vida. Se necessário, procure uma psicoterapia.
  • Preocupe-se mais com você! Procure fazer coisas que lhe tragam prazer, deseje estar sempre que possível próximo às pessoas que você ama e que lhe querem bem.
  • Cuide do seu corpo! Procure se alimentar de maneira equilibrada, reserve um tempo para fazer atividade física e tente dormir bem. Evite o uso exagerado de álcool e de outras drogas.
  • Procure acreditar em algo! Se isso fizer sentido para você, não tenha receio de desenvolver sua fé, cultivar sua dimensão espiritual. Isso inclui também ajudar o próximo.
  • Cuidado com as expectativas! É necessário ser mais realista, grande parte do nosso sofrimento vem de esperar para além da conta, até mesmo sobre os relacionamentos interpessoais.
  • Seja otimista! Uma visão negativa das coisas é fonte geradora de angústia e de sofrimento. Procure sempre que possível enxergar o lado bom dos fatos.

Referências bibliográficas:

1. Thornicroft G, Atalay G, Alem A, Santos RA, Barley E, Drake RE et al. WPA guidance on steps, obstacles and mistakes to avoid in the implementation of community mental health care. World Psychiatry 2010; 9(2):67-77.
2. World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates. Geneva: WHO, 2017.
3. Andrade LH, Wang YP, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, Siu ER et al. Mental disorders in megacities: findings from the São Paulo megacity mental health survey, Brazil. PLoS One 2012; 7(2):e31879.
4. Associação Brasileira de Psiquiatria. Diretrizes para um modelo de atenção integral em Saúde Mental no Brasil. Rio de Janeiro: 2014.

Leia também sobre Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental, clicando aqui.

Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental

Você sabe o impacto da Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental? Estamos vivenciando as festas de final de ano, então, podemos nos questionar de que maneira a Religiosidade e a Espiritualidade podem influenciar nossa Saúde Mental.

* Por Alexandre de Rezende

Você sabe o impacto da Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental?  Estamos vivenciando as festas de final de ano, acabamos de comemorar o Natal, que para os cristãos é a celebração do nascimento de Jesus. Então, podemos nos questionar de que maneira a Religiosidade e a Espiritualidade (R/E) podem influenciar nossa Saúde Mental.

RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE

Para iniciarmos essa discussão, é necessário trazermos os conceitos de Religiosidade e Espiritualidade. Segundo os principais estudiosos no mundo sobre o tema, a Espiritualidade poderia ser definida como a busca pessoal para entender as questões finais sobre a vida, sobre seu significado e suas relações com o sagrado e o transcendente. Já a Religiosidade seria um
sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos designados para a aproximação com o sagrado (1) .

Durante muito tempo, a comunidade científica, sobretudo psiquiatras e psicólogos, acreditava que as vivências religiosas eram prejudiciais, muito influenciada pela posição antirreligiosa de alguns autores, que propunham que a Religião exercia uma influência irracional e primitiva, portanto negativa, no psiquismo das pessoas.

No entanto, nas últimas quatro décadas, pesquisas científicas mais rigorosas foram realizadas e publicadas nas principais revistas médicas e psicológicas do mundo, encontrando uma associação positiva entre envolvimento religioso e Saúde Mental. Essas pesquisas mostram que indivíduos com taxas mais altas de R/E possuem melhores níveis de bem-estar e qualidade de vida. Em geral, pessoas com maiores vivências religiosas e espirituais têm menos depressão, ansiedade, comportamento suicida e uso e abuso de substâncias. Além disso, os recursos de R/E podem ser úteis tanto como fatores de proteção no desenvolvimento de
transtornos mentais, como no processo de enfrentamento desses problemas (2,3) .

Por outro lado, apesar desses aspectos positivos da R/E, existem também evidências mostrando que a Religião pode ser negativa. As práticas religiosas e espirituais podem ser fonte de conflitos e estresse para muitas pessoas, tais como o coping religioso-espiritual negativo. Por exemplo, indivíduos podem se sentir injustiçados por Deus, considerar sua
depressão como fruto de um castigo divino. Podem, ainda, se magoar pelos comportamentos de outros companheiros de fé ou, até mesmo, não concordarem com algumas atitudes de seus líderes religiosos (4) .

IMPACTOS SOBRE A SAÚDE MENTAL

Diversos mecanismos têm sido estudados e propostos para explicar o impacto da Religiosidade e Espiritualidade na Saúde Mental. Então, podemos citar: proposição de comportamentos e estilos de vida saudáveis, fornecimento de uma comunidade de suporte social para contribuir na redução do isolamento e da solidão, construção de um sistema de crenças que influenciam na forma de lidar com o sofrimento e aceitação dos problemas da vida, assim como uma visão mais otimista e esperançosa do mundo 2 . Ou seja, de maneira geral, a R/E podem ter um impacto positivo sobre a Saúde Mental.

No entanto, temos que ter o cuidado para não “prescrevermos” Religião. O Brasil possui uma população muito religiosa: dados do último censo revelaram que 92% da população brasileira possuem alguma religião (5) . E há outros estudos apontando que 87% dos pacientes gostariam
que fossem abordados aspectos da R/E em seus tratamentos de saúde (6) . Então, os profissionais de saúde em geral devem ficar atentos em coletar informações acerca da vivência religiosa e espiritual dos pacientes, a chamada História Espiritual.

Questionar se o paciente acredita em algo, se tem alguma religião, se é membro de alguma comunidade religiosa e se esse grupo lhe dá algum suporte. Avaliar sobre a importância dos valores religiosos e espirituais na sua vida e se a R/E influenciam na forma como aquela pessoa lida com as dificuldades da vida. Ao identificarmos que se trata de alguém que dispõe desse recurso, devemos incentivá-lo a buscar essa dimensão, como forma de complementar os tratamentos de saúde tidos como formais.

Referências:

1. Koenig HG, McCullough M, Larson DB. Handbook of religion and health: a century of research reviewed. New York: Oxford University Press, 2001.
2. Moreira-Almeida A, Lotufo Neto F, Koenig HG. Religiouness and mental health: a review.
Revista Brasileira de Psiquiatria 28 (3): 242-50, 2006.
3. Bonelli RM, Koenig HG. Mental Disorders, Religion and Spirituality 1990 to 2010: a systematic evidence-based review. Journal of Religion and Health 52(2):657-73, 2013.
4. Weber SR, Pargament KI. The role of religion and spirituality in mental health. Current Opinion in Psychiatry 27:358-363, 2014.
5. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo Demográfico, 2010. Rio de Janeiro, 2010.
6. Lucchetti G, Lucchetti AG, Badan-Neto AM, Peres PT, Peres MF, Moreira-Almeida A et al. Religouness affects mental health, pain and quality of life in older people in an outpatient rehabilitation setting. Journal of Rehabilitation Medicine 43(4):316-22, 2011.

Leia também sobre o cuidado multidisciplinar aqui.

Equipe multidisciplinar e dependência química

Você sabe qual o papel da equipe multidisciplinar no tratamento da dependência química?

Vocês sabem qual o papel da equipe multidisciplinar no tratamento da dependência química?

Considerado um transtorno mental, além de um problema social pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a dependência química é tida como doença crônica, que comumente atinge indivíduos que fazem o uso constante de determinadas drogas.

Dependência Química é um problema social e de saúde complexo, a que nenhuma disciplina ou profissão pode responder apropriadamente de forma isolada.

Equipe multidisciplinar refere-se ao trabalho e estudo de profissionais de diversas áreas do conhecimento ou especialidades sobre um determinado tema ou área de atuação.

O papel da equipe multidisciplinar

O papel da equipe multidisciplinar junto aos usuários de álcool e/ou de outras drogas tem como fundamento estratégico propor uma assistência com vistas a estabelecer mudanças na vida do paciente. A comunicação é um dos mais importantes elementos do cuidado em saúde, devido à complexidade das demandas e da organização do trabalho.

Estudos sugerem que a boa comunicação interdisciplinar proporciona melhoras no estado de saúde do paciente e no bem-estar psicológico de seus familiares, resultando em melhor controle dos sintomas, redução no tempo de hospitalização e níveis elevados de satisfação com o atendimento.

Cabe à equipe, auxiliar o paciente a se reorganizar dentro de seus próprios recursos. Para tanto, deverá instrumentalizar a relação interpessoal, incentivando e apoiando o paciente a assumir a responsabilidade pela melhora na sua qualidade de vida em todos os níveis.

O paciente deve ser entendido e abordado sob a ótica da totalidade, considerada na perspectiva da integralidade, que é chave da intervenção terapêutica. Esta tem como foco principal o alívio do sofrimento humano, elegendo a pessoa como protagonista do processo de compreensão e tratamento.

Segundo estudiosos da área, o controle ambiental é de extrema importância para a prevenção da Dependência química e diminuir os fatores de risco e aumentar os fatores de proteção é o que na maioria das vezes irá determinar o uso de drogas.

Leia também sobre o cuidado multidisciplinar aqui.

Perguntas ao invés de respostas

O que você tem a dizer sobre você? O que é que você tem a dizer sobre o que você sente? Alguém pode dizer por você aquilo que você não diz? E aquilo que você não disse? Para onde será que foi?

* Por Vivian Hauck

“[…] Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. […]”

Eduardo Galeano em “Celebração da voz humana/2”

O que não falta hoje em dia é informação. Informação sobre tudo o que se possa imaginar. É só abrir o Google e pronto. Em menos de 1 minuto, alguém descreve sintomas muito parecidos com os seus, te confere um diagnóstico e logo em seguida sugere 10 passos simples para que você se cure disso (seja lá o que “isso” for). “Bom, se funcionou para essa pessoa, com certeza vai funcionar para mim também”, chegamos a pensar.

É informação em todo lugar dando um nome para isso que você está sentindo e te dizendo o que fazer para se sentir melhor. Uma farmácia a cada esquina prometendo que ali vai ter o que você precisa para não sentir mais dor.

E pode ser até que alguma dessas coisas se encaixe, pode ser até que algumas dessas dicas e soluções funcionem por algum tempo, mas será mesmo que outras pessoas sabem mais de você do que você? Será mesmo que os sintomas aparecem em todos os sujeitos pelos mesmos motivos? Será mesmo que, se um tratamento funcionou para aquele um, vai funcionar exatamente da mesma maneira para você também?

E enquanto você busca solucionar suas questões a partir da solução de um outro, será que você se escuta?

O que você tem a dizer sobre você? O que é que você tem a dizer sobre o que você sente? Alguém pode dizer por você aquilo que você não diz? E aquilo que você não disse? Para onde será que foi?

 

“Quatro bilhões de pessoas nessa terra,

E minha imaginação é como era.

Não se dá bem com grandes números.

Continua a comovê-la o singular. […]”

 

Wislawa Szymborska em “Um grande número”

Cirurgia bariátrica e o abuso de álcool

Cirurgia bariátrica e o abuso de álcool é um assunto ainda sem esclarecimentos pra alguns. É algo que gera dúvidas para quem ainda vai passar pelo processo cirúrgico.

Por Dra. Juliana Ferreira

Cirurgia bariátrica e o abuso de álcool é um assunto ainda sem esclarecimentos pra alguns. É algo que gera dúvidas para quem ainda vai passar pelo processo cirúrgico. Então, nossa endocrinologista Dra. Juliana Ferreira, fez uma abordagem do assunto.

A cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução do
estômago, é considerada um tratamento efetivo para pessoas com obesidade grave. Apesar dos benefícios da cirurgia à saúde, o procedimento não é isento de complicações.

Cirurgia bariátrica e o abuso de álcool

Pesquisas têm sugerido maior risco de alcoolismo após a cirurgia
bariátrica.

Existem algumas hipóteses para isso: Autores defendem que pode haver troca de compulsão.Uma vez que a cirurgia limitaria o consumo excessivo de alimentos, o paciente aumentaria o consumo de álcool para obter recompensa. As evidências experimentais (com animais de laboratório) indicam uma maior sensibilidade à recompensa induzida pelo álcool após a cirurgia.

Outra hipótese para maior abuso de álcool no pós-operatório é que a cirurgia modifica a absorção e concentração sanguínea de álcool, favorecendo seu maior consumo . Após a cirurgia bariátrica, com a redução do estômago e desvio do intestino o estômago esvazia mais rapidamente e o intestino absorve o álcool de forma mais acelerada. Ao mesmo tempo, com o estômago pequeno, existe menos ação da enzima que metaboliza o álcool nesse local, além do fato de que as pessoas operadas comem pouco, o que também acaba por favorecer picos mais elevados de álcool no sangue.

Consumo de álcool no pós operatório

Pesquisas prévias confirmam que o pico do conteúdo de álcool é bem mais alto no pós-operatório. Além disso, o tempo de desaparecimento de álcool no sangue é quase o dobro, em comparação com o pré-operatório, e as pessoas operadas apresentam mais sintomas de embriaguez com menos doses. Para uma pessoa operada tomar duas doses de bebida alcoólica equivale ao consumo de quatro doses antes da cirurgia!

O principal estudo que avaliou essa questão antes e após a cirurgia
bariátrica encontrou que a prevalência de abuso de álcool aumentou de 7% para 16% num seguimento de sete anos. Quem teve mais risco de desenvolver abuso de álcool foram os homens, os mais jovens e aqueles que já possuíam consumo alcoólico regular prévio. Vale a pena ressaltar que mais da metade dos pacientes que  desenvolveu abuso de álcool após cirurgia não referia abuso no pré-operatório! Essas pesquisas têm implicações significativas no cuidado das pessoas no acompanhamento
pós operatório a longo prazo nos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica.

A história de abuso de álcool deve ser avaliada no pré-operatório e as pessoas  que buscam o tratamento cirúrgico da obesidade devem ser orientadas sobre as mudanças de metabolismo do álcool após a cirurgia e os efeitos que a cirurgia tem de aumentar o risco de abuso de álcool, mesmo naquelas que não o consomem com regularidade no pré-operatório.

Um acompanhamento cuidadoso no pré e pós operatório é fundamental para que os riscos da cirurgia sejam minimizados.

Mudança de hábitos no pós operatório

É importante que o paciente perceba que está mudando de hábitos e de
comportamentos. Qualquer tipo de comportamento adictivo, dependência química, dependência comportamental, jogo patológico, compra patológica, deve ser informado à equipe multidisciplinar.

Os trabalhos mostram que pessoas que têm os melhores resultados são aqueles que continuam com o acompanhamento multidisciplinar no
pós-operatório.

Leia também sobre o consumo problemático de álcool, clicando aqui.