Vou começar esse texto com um texto que não é meu. Num momento como o que estamos vivendo, preferi começar com poesia. Com vocês, “A vida na hora” de Wislawa Szymborska:
“A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.
Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.
De que trata a peça
devo adivinhar já em cena.
Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismos.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.
Não dá para retirar as palavras e reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado –
eis os efeitos deploráveis desta urgência.
Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.
Isso é justo – pergunto (com voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).
É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.”
Você imaginou que em algum momento da sua vida você fosse ser orientada(o) a permanecer em casa por tempo indeterminado devido a uma pandemia? À ameaça (real) de um vírus?
Um vírus.
Um vírus. Pequeno, invisível a olho nu.
Um vírus. Que veio lá da China. Que atravessou o mundo. Que chegou até aqui.
Um vírus. Que vem dar a prova de que não, não somos onipotentes.
Não podemos tudo e controlamos pouco (quase nada).
Repito: não podemos tudo e controlamos pouco (quase nada).
Há que se ter humildade perante o que pode O Vírus.
É só a partir desse e com esse reconhecimento que poderemos traçar o que podemos nós, então.
Aos que podem ficar em casa, fiquem. Aos que devem seguir trabalhando, coragem. A todos nós, humildade e compromisso social. Que nos cuidemos e cuidemos uns dos outros.
A realidade nos convoca, se impõe. Não houve ensaio e não haverá ensaio. Não há roteiro. Nós já estamos em cena, as cortinas já estão abertas.
A realidade é agora. Que façamos o melhor que pudermos, com responsabilidade.
A ocorrência de uma crise epiléptica gera angústia, temor e insegurança nos responsáveis por uma criança, sejam familiares, cuidadores ou professores. O primeiro passo para conviver melhor com essa situação é compreendê-la.
Leia maisO nome já traz consigo a ideia de que podemos usar a intuição para nos alimentarmos, usando não somente a via racional, mas também a intuição.
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