Quando rotulamos os alimentos como saudáveis e não saudáveis caímos em uma dicotomia que atrapalha mais do que ajuda.
Isso não significa que não exista alimentos mais nutritivos do que outros, um ovo é claramente mais nutritivo do que um copo de refrigerante. A questão é quando usamos apenas o critério dos nutrientes para definir o que vamos comer.
Certa vez eu estava almoçando na casa de minha mãe, e de canto de olho, observei o quanto de azeite (era muito, mesmo) que ela colocava na salada, admito que fiquei assustado, mas preferi não comentar nada na hora. Mais tarde fui perguntar o porquê dela colocar aquela quantidade de azeite, e sabe o que ela me respondeu? “Porque é saudável, não?”.
Entende o perigo de colocar o rotulo de saudável no alimento e achar que por ser saudável, eu posso comer o quanto eu quiser ou “quanto mais melhor”?
Mas afinal, azeite é saudável ou não? Depende da quantidade, afinal é um gordura e gordura tem muita energia (kcal), isso pode aumentar e muito a quantidade calórica diária. Então você deve ter medo de azeite? Não, está tudo bem temperar a sua salada ou refogar o seu frango, porém, o raciocínio nunca deve ser “quanto mais melhor”.
Colocar o rótulo de saudável em um alimento não deve te dar carta branca para consumi-lo em excesso ou de maneira irresponsável.
O mesmo acontece com os doces ou alimentos recreativos (pizza, hambúrguer…), se você julga como proibido ou não saudável, é esperado que você talvez tente eliminar ele da sua vida, o que seria improvável de acontecer (caso você goste desses alimentos).
Você não precisa tentar parar de comer esses alimentos que tem funções sociais, emocionais, e sim tentar comer com menos frequência e intensidade. A única maneira de isso acontecer é se você melhorar a sua relação com esses alimentos, e sabe uma ótima maneira de começar a fazer isso?
Diminuindo os rótulos/julgamento com a comida.
Sei que não é uma tarefa fácil, afinal de contas vemos diariamente nas redes sociais todos os tipos de terrorismo nutricional: Açúcar mata, tal comida é um veneno, se comer carboidrato à noite você vai engordar, entre tantos outros posts “clicáveis”.
Não existe nenhum alimento isolado que é capaz de trazer grande prejuízo isoladamente, o que pode te trazer problemas no longo prazo é sim uma alimentação desequilibrada, desorganizada, associada a uma vida sedentária.
Precisamos parar de colocar a culpa em um alimento especifico (alô, doce!), e começar a olhar para a alimentação com a importância que ela merece para além de só seguir uma dieta.
Os transtornos alimentares são transtornos psiquiátricos causados por alterações na autoimagem, ou seja, na forma como o indivíduo se vê, na sua relação com o próprio corpo e com a comida.
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