Os primeiros anos de vida são marcados pela surpreendente aquisição de habilidades físicas, sociais, cognitivas, linguísticas e psicoemocionais. É ainda nesse período que se inicia a construção da personalidade e da individualidade da criança, participando desse processo o encontro entre a constituição genética e os estímulos ambientais aos quais será exposta. Portanto, tendências comportamentais podem ser reforçadas ou não pelo contexto externo, contribuindo para sua perpetuação ou para sua interrupção.
Em se tratando de fatores ambientais, um dos pontos mais relevantes é a construção de uma relação afetiva entre o bebê e os principais responsáveis pelo seu cuidado, notadamente a mãe e, em um segundo momento, o pai. As experiências emocionais e o estabelecimento contínuo e permanente dos vínculos atuarão na estrutura neurobiológica da criança, com a modelação de circuitos neuronais, resultando em reforços ou modificações de comportamentos. A consistência da modelação da estrutura neuronal dependerá da qualidade e da persistência dos estímulos externos, favorecendo o desenvolvimento emocional e intelectual nos primeiros anos de vida.
A experiência de relacionamentos saudáveis na primeira infância é de suma importância para o desenvolvimento humano, sendo capaz de gerar aprendizados sociais e afetivos, consolidar valores e estimular habilidades cognitivas. A criança necessita de interações positivas e de qualidade com pessoas comprometidas com sua saúde e bem-estar (seus cuidadores), pois essas interações são capazes de promover uma base sólida para o seu desenvolvimento integral.
A construção de vínculos seguros pode parecer natural, porém, necessita atenção por parte dos cuidadores, que devem se mostrar continentes às necessidades das crianças, agindo de forma confortadora, acolhedora e responsiva. É a segurança dessas relações que permitirá o desenvolvimento de uma criança progressivamente segura e autônoma, capaz de explorar o mundo e de retornar à sua base na presença de desconfortos, sofrimentos e decepções, pois sabe que ali encontrará acolhimento e conforto. Através da construção da resiliência, os relacionamentos auxiliam no desenvolvimento da capacidade de superar dificuldades e de adaptar comportamentos em resposta.
Se, persistentemente, os cuidadores não se mostram disponíveis para atender às necessidades da criança ou não conseguem identificá-las, o vínculo pode ser frágil, dando lugar para o desenvolvimento futuro de problemas emocionais, comportamentais e, até mesmo, cognitivos. Pais que apresentam condições físicas, emocionais, sociais ou econômicas desfavoráveis podem ter dificuldade no estabelecimento de uma interação segura com seus filhos, que, estatisticamente, tendem a ter mais problemas de comportamento, de relacionamento e de desempenho escolar.
Portanto, a construção de uma relação afetiva sólida entre pais e filhos é de fundamental relevância para o desenvolvimento da criança. Essa construção se mantém por todas as fases de vida do ser humano, devendo ser cuidada com respeito e empatia, permitindo falhas e acertos, diálogos e silêncios.
A ocorrência de uma crise epiléptica gera angústia, temor e insegurança nos responsáveis por uma criança, sejam familiares, cuidadores ou professores. O primeiro passo para conviver melhor com essa situação é compreendê-la.
Leia maisPsicóloga explica os comportamentos que podem ser associados ao transtorno e alerta sobre os cuidados para evitar diagnósticos equivocados.
Leia mais