Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras informações. Vocês já ouviram falar sobre o assunto?
No atual contexto global, o medo de contaminação do novo coronavírus está de forma geral presente. Além de ameaçar nossa integridade física, a pandemia ameaça a nossa saúde emocional. Distinguir o sofrimento normal do sofrimento patológico se mostra ainda mais desafiador. Este texto vem como uma tentativa de ajudar nessa distinção.
Atualmente uma pessoa pode passar grande parte do dia se preocupando com limpeza (pessoal e do ambiente) e se perguntar “Tenho TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) por limpeza?”. Entende-se como habitual pensar que é uma boa prática lavar as mãos ao chegar em casa. Isso é bem diferente de lavar as mãos inúmeras vezes e perder o controle de tal ato, de modo que persista no mesmo, apesar de já possuir ferimentos na pele decorrentes desse excesso.
Levando-se em conta a pandemia, talvez seja oportuno estarmos atentos ao conceito de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), pois nele os pensamentos intrusivos/obsessivos possuem espaço especial, sendo a obsessão de contaminação e sujeira um conteúdo característico. Outro grupo de sintomas refere-se aos rituais de limpeza e lavagem.
Acho útil esclarecer o termo TOC. Trata-se de um transtorno neuropsiquiátrico que tem como principais características as obsessões e as compulsões. Compulsões são comportamentos repetitivos intencionais, geralmente em resposta a uma obsessão. Obsessões são eventos mentais (como pensamentos e imagens) que se apresentam de forma repetitiva ou persistente que vem à consciência contra a vontade do indivíduo.
É importante para o profissional de saúde mental fazer distinções para estabelecer o diagnóstico correto e consequentemente o tratamento correto. No entanto, a distinção do TOC entre outros transtornos (transtorno de ansiedade, do impulso, entre outros) pode ser complicada. Ainda, é muito comum a presença de mais de um transtorno ao mesmo tempo, ou seja, sintomas ansiosos e depressivos podem estar associados aos sintomas obsessivos compulsivos. As informações para a distinção entre patologias são importantes, mas mais importante é tentar entender o sofrimento emocional de uma forma integral e contextualizada. Diferentes indivíduos podem apresentar diferentes respostas a determinadas situações de estresses, indo da indiferença total ao medo incapacitante.
Quais as diferenças entre o medo de contaminação dentro do TOC e o medo da contaminação fora do TOC? Vale ressaltar que nos dois casos citados o sofrimento emocional pode ser intenso e talvez o mais importante seja saber quando procurar ajuda profissional.
Dentre o leque de ajuda estão os profissionais de saúde mental, sendo que a utilização de recursos terapêuticos (farmacológicos ou não farmacológicos) pode ser de grande valia.
Frequentemente ouvimos a seguinte frase: “A informação é o melhor remédio”. Acredito que uma informação colhida com um bom profissional possa ser um remédio mais seguro.
Pensando nas pessoas que de alguma forma estão envolvidas com o cuidado de outras pessoas: como temos contribuído com estes profissionais?
Leia maisTexto pelo Dr. Leonardo Martins, psicólogo da Clínica Rezende.
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