Psicóloga Infantil alerta para as consequências desse comportamento à saúde mental dos pequenos.
As crianças da geração atual já nasceram em um mundo hiperconectado, repleto de estímulos visuais e sonoros vindos de dispositivos eletrônicos como celulares, televisores e tablets. Se utilizada de forma responsável, essa interatividade pode ser uma ferramenta importante no processo de aprendizado, mas especialistas chamam atenção para o excesso de exposição às telas. A prática se consolidou durante a pandemia, diante da impossibilidade dos pequenos frequentarem a escola e saírem para brincar ao ar livre. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso exagerado das telas pode influenciar no atraso do desenvolvimento de habilidades de comunicação e interação social.
Laís Verçoza, Psicóloga Infantil na Clínica Rezende, destaca que são inúmeras as consequências desse hábito na infância, entre elas o aumento de sintomas ansiosos e depressivos, isolamento social, agressividade e dificuldade de concentração em outras atividades do cotidiano. “De forma geral, todo o desenvolvimento emocional da criança pode ser prejudicado com o uso excessivo das telas, pois se elas passam a maior parte do tempo envolvidas com os dispositivos eletrônicos, terão menos oportunidades de interagir pessoalmente com seus pares e explorar seus sentimentos”.
A especialista também reforça a influência que as redes sociais podem exercer na formação da autoestima dos pequenos. “Eles podem sentir que não estão atendendo aos padrões – muitas vezes irreais – estabelecidos pela sociedade, fazer comparações com outras pessoas e até mesmo serem vítimas de cyberbullying (quando as agressões e intimidações acontecem no ambiente digital)”.
Os pais e demais pessoas envolvidas no cuidado das crianças são aliados importantes para combater o uso nocivo dos eletrônicos. Laís Verçoza lista alguns indícios de que o tempo de tela está ultrapassando um limite saudável, confira:
Diante desses sinais, a profissional recomenda o acompanhamento psicológico como uma alternativa extremamente benéfica para auxiliar os pequenos a estabelecerem uma relação mais saudável com as telas. “Ao realizar uma avaliação individualizada, o Psicólogo irá entender melhor o padrão de uso da criança, bem como os hábitos e comportamentos relacionados, identificando aspectos emocionais que podem estar influenciando nesse excesso. O tratamento ajuda na regulação emocional, no manejo da ansiedade e de outros sentimentos”. Laís complementa dizendo que esse acompanhamento também tem a função de orientar os cuidadores, apoiando-os na definição de estratégias para o bom uso das telas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria possui um Manual de Orientação sobre o uso de telas, no qual recomenda a limitação de tempo de acordo com a faixa etária da criança:
A Psicóloga da Clínica Rezende aconselha que os pais e demais responsáveis incentivem programas offline, como brincadeiras ao ar livre e atividades artísticas, promovendo momentos de maior convivência familiar. Ela também chama a atenção para os cuidados com a segurança das crianças no ambiente digital. “Monitorar o que o seu filho está vendo e jogando é muito importante. Estimule a comunicação e oriente sobre a importância do equilíbrio”.
Laís Verçoza ressalta a necessidade dos responsáveis se envolverem ativamente no desenvolvimento de hábitos saudáveis relacionados ao uso das telas. “As crianças aprendem principalmente pelo exemplo e pela observação dos comportamentos da família. Se elas veem o adulto passar muito tempo nos dispositivos eletrônicos, sem disponibilidade para estar efetivamente presente, é natural que o interesse pelas telas aumente”.