Descubra seu Estilo Parental

Faça o teste e identifique seus comportamentos e atitudes como cuidador.

* Por Laís Verçoza

Sabe-se que é através da família que são proporcionadas as primeiras possibilidades de interação da criança, e os pais e cuidadores desempenham um papel fundamental no comportamento e desenvolvimento dos filhos.

Nesse processo de socialização os pais utilizam diversas estratégias e técnicas que orientam seus comportamentos com os filhos, chamadas de práticas parentais, que podem ser divididas entre práticas indutivas e coercitivas. As práticas indutivas favorecem o desenvolvimento da autonomia no indivíduo, sinalizando as consequências dos comportamentos e levando a criança à reflexão e internalização dos valores familiares e o desenvolvimento da empatia. Já as práticas coercitivas são atitudes disciplinares que envolvem uso da força, punição física, privações e ameaças, na qual o diálogo e reflexão das atitudes não se fazem presentes.

Dentro das práticas parentais encontram-se os estilos parentais, que são definidos como atitudes direcionadas às crianças que criam um clima emocional entre pais e filhos e possuem três dimensões:

Responsividade – caracterizada por atitudes compreensivas dos pais e pelo apoio emocional que favorecem a autonomia e autoafirmação.

Exigência – são todas as atitudes dos pais que buscam controlar o comportamento dos filhos com limites e regras.

Afeto – Formas de expressar amor através de gestos, atitudes e palavras.

Esses três aspectos – exigência, a responsividade e o afeto – na devida proporção e combinação, formam os estilos parentais.

A qualidade dos cuidados parentais tem sido apontada como a variável mais importante para um  desenvolvimento infantil saudável e positivo.

Qual é o seu estilo enquanto cuidador? Esse questionamento nos convida a pensar quem estamos sendo nos cuidados com nossos filhos e o que estamos querendo transmitir em termos de valores para aquele que cuidamos. Vamos conhecer um pouco dos 4 estilos parentais?

 

Estilo Permisso por Escolha (indulgente):

São pais com responsividade e afeto, mas pouco exigentes. Não conseguem estabelecer limites realistas para os filhos e nem conversar e orientar sobre as consequências de seus comportamentos. Para evitar discussões, acabam cedendo o que o filho quer. É o filho quem manda na casa e faz tudo o que quer. O cuidador sente-se impotente e ineficaz e a criança não estabelece limites adequados para se relacionar com o mundo,  tornando-se intolerante à frustração, não suportando quando seus desejos/impulsos não são atendidos.

 

Estilo Permisso por Falha (negligente):

Cuidadores não são exigentes nem afetivos. Envolvem-se pouco na vida dos filhos e não os monitoram. Não há regras, limites e conversas entre pais e filhos. Os beijos, abraços e tempo de qualidade com as crianças são raros. São pais ocupados que não tem tempo para o filho e conhecem pouco sobre seus gostos e vontades. O cuidador responde apenas às necessidades básicas da criança. Como consequências  os filhos não se sentem amados e nem compreendidos. Podem apresentar fraco desempenho escolar, depressão, estresse, pessimismo, baixa autoestima, comportamentos antissociais e dificuldade com limites e regras.

 

Estilo autoritário:

Regras e limites muito rígidos e inflexíveis. São cuidadores bastante punitivos e pouco afetivos e responsivos. Não escutam opinião dos filhos e eles não participam de decisões e escolhas. São impositivos sem prestar atenção nas emoções e nos desejos das crianças. Pouco afetivos e participativos. Filho obedece por medo e não por entender as consequências e podem apresentar habilidades sociais pobres, submissão exagerada, baixa autoestima, depressão, ansiedade e estresse elevado.

 

Estilo Autoritativo/Assertivo/Participativo:

Combina afeto, responsividade e exigência. Colocam regras e limites, mas com equilíbrio e com a participação do filho. Incentivam o diálogo. Consideram os sentimentos e opiniões da criança, fazendo-o participar de decisões e escolhas. Tem tempo de qualidade com a família e as demonstrações de carinho e afeto são frequentes. As consequências para os filhos são autoestima elevada, desenvolvimento da tolerância à frustração, das habilidades sociais, otimismo, menores níveis de depressão e estresse. São crianças que sentem-se pertencentes a família, amadas e compreendidas pelos pais, conseguindo lidar de forma mais assertiva e resiliente  nas adversidades da vida.

 

Toda criança está em constante desenvolvimento e neste percurso se espelham nos pais, imitando comportamentos e seguindo suas orientações. Assim, o modo como o relacionamento entre pais filhos irá se estabelecer influenciará de forma diferente o desenvolvimento de cada criança. Descobrir quais práticas você utiliza com mais frequência na educação possibilita um melhor entendimento das reações do seu filho e oportuniza mudanças necessárias de conduta. Importante que os pais busquem adquirir novos conhecimentos, rever algumas atitudes, levantar reflexões e encontrar a melhor maneira de lidar com os filhos e contribuir com o desenvolvimento dele.

Qual o seu Estilo Parental? Faça o teste abaixo:

Vamos tentar descobrir qual Estilo Parental está mais próximo do seu? Segue abaixo um teste para ajudá-lo a identificar como estão seus comportamentos e atitudes como cuidador.

Assinale abaixo os itens que mais se adequam ao seu dia-a-dia:

Estilo 1

( ) Tem regras rígidas que devem ser seguidas à risca e nunca mudam.
( ) Disciplina é punir, colocar de castigo ou bater. Palmadas são necessárias, você também foi criado assim.
( ) Seu filho não tem direito a opinião, afinal de contas, você é o pai e sabe o que é melhor para ele.
( ) Não há necessidade de explicar para seu filho o porquê de fazer determinada atividade, ele tem que obedecer sempre.
( ) Não há a necessidade de abraços, beijos ou dizer que ama seu filho o tempo todo, pois isso vai lhe deixar mimado.

Estilo 2

( ) Não há regra nenhuma para seu filho seguir ou qualquer limite, pois você tem pouco tempo com ele.
( ) Seu filho deve ser responsável. Não há necessidade de recompensá-lo ou punir seu comportamento.
( ) Você não tem muito tempo e sustentar seu filho é mais importante do que saber o que ele pensa.
( ) Não há conversas entre pais e filhos.
( ) Os beijos e abraços são raros. O seu filho sabe que você o ama.

Estilo 3

( ) Há poucas regras. Seu filho precisa de liberdade para crescer.
( ) Para evitar que seu filho chore ou que haja discussões, você sempre acaba cedendo e dando o que ele quer.
( ) É seu filho quem manda. Você faz tudo o que ele quer. Ele não deve se aborrecer.
( ) Quando está aborrecido com seu filho, não diz a ele, pois ele só precisa saber de sentimentos felizes.
( ) Abraçar, beijar, dizer que ama o filho, são uma prática frequente, pois você considera extremamente importante ele se sentir amado.

Estilo 4

( ) As regras e limites são estabelecidos de forma clara ao seu filho, sendo explicado a ele cada uma delas.
( ) Para disciplinar é necessário apontar os comportamentos inadequados, sem punição, assim como elogiar e recompensar os comportamentos adequados.
( ) Você conversa com seu filho, explica a ele as consequências dos comportamentos e também escuta a sua opinião.
( ) Você se comunica frequentemente com seu filho, sabe de suas necessidades e pensamentos e quando necessário ajusta alguma regra.
( ) As demonstrações de carinho são frequentes. Você brinca e se diverte com seu filho.

Veja qual é o seu estilo parental:

Estilo 1: Estilo Autoritário. Alto nível de exigência e pouca responsividade. São pais que impõem regras inflexíveis e demonstram pouco ou quase nenhum afeto. Geralmente os filhos apresentam características
maiores de isolamento e ansiedade. Podem se tornar submissas, com baixa autoestima e dificuldades maiores de socialização.

Estilo 2: Estilo Negligente. Pouca exigência e responsividade. São pais que não estabelecem regras e limites e não demonstram afetividade e interesse pelos filhos. É o estilo que mais traz consequências negativas para a criança. Os filhos geralmente apresentam desempenho escolar ruim, problemas de
comportamento, baixa autoestima e não se acham capazes de fazer nenhuma atividade.

Estilo 3: Estilo Permissivo. Pouca exigência e muita responsividade. São pais que estabelecem poucas regras e são muito afetivos. As crianças geralmente têm mais dificuldade para lidar com frustrações, podem ser mais intolerantes com regras e limites ou se julgarem incapazes.

Estilo 4: Estilo Autoritativo. Nível de exigência e responsividade adequados. São pais que estabelecem regras e limites e demonstram afetividade e interesse pelos filhos. É o melhor estilo parental e que traz mais benefícios à criança.

Referência:

Weber, L. Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites. Curitiba: Juruá, 2012.

Como a Introdução Alimentar pode ajudar a evitar Transtornos Alimentares no futuro?

Como então ensinar o bebê a comer e como a introdução alimentar pode
evitar o desenvolvimento de seletividade alimentar no futuro e até mesmo de transtornos alimentares?

* Por Mariana Mendes

Como a Introdução Alimentar pode ajudar a evitar Transtornos Alimentares no futuro?

O leite materno é o primeiro alimento que o bebê consome quando nasce.
Ele é responsável por fornecer nutrientes, proteção imunológica e estabelecer uma conexão afetiva entre mãe e filho.

O bebê começa a fazer contato e conhecer novos alimentos ao completar 6 meses, quando começa a fase de introdução alimentar. Essa fase dura até os 24 meses e traz muitas descobertas e novidades para a família toda. Além disso, é fase mais importante para a saúde futura do bebê, pois a nutrição tem um papel fundamental para o seu desenvolvimento físico, mental, intelectual, cognitivo, emocional e social.

Comer não é um ato instintivo e simples como muitas pessoas imaginam,
mas sim um comportamento ensinado e aprendido, que depende do
desenvolvimento de habilidades motoras orais e sensoriais.

Como então ensinar o bebê a comer e como a introdução alimentar pode
evitar o desenvolvimento de seletividade alimentar no futuro e até mesmo de transtornos alimentares?

• Deixe o bebê tocar e explorar os alimentos

O bebê deve adquirir autonomia alimentar e desenvolver uma relação positiva com os alimentos, que acontece através do contato direto com eles. Permita que o bebê explore os alimentos com as mãos e leve-os até a boca. A bagunça faz parte desse processo!

• Crie um ambiente seguro e confortável para as refeições.

Para que os bebês se sintam seguros ao experimentar novos alimentos, é
necessário criar um ambiente saudável, acolhedor e respeitoso. Na hora da
refeição, coloque sempre o bebê na cadeira de alimentação e não use nenhum tipo de tela. Também é importante que a refeição aconteça sem pressa e sem pressão para que o bebê coma.

• Crie memórias positivas

Não há nada melhor do que lembrar de uma comida saborosa da infância e um momento especial na hora da refeição, não é mesmo?

Os sentimentos e emoções estão também envolvidos na alimentação e são
responsáveis pelo aprendizado alimentar. Portanto, aproveite a introdução
alimentar para fortalecer a conexão familiar e criar memórias afetivas. Sempre que possível, faça as refeições com o bebê, coma os mesmos alimentos, converse com ele e incentive.

• Atenção aos sinais de saciedade

Sentir-se inseguro sobre a quantidade que o bebê come é normal. Às vezes
também pode parecer que ele está comendo muito ou comendo pouco. No
entanto, é importante salientar que os bebês possuem um mecanismo de
controle de saciedade que funciona muito bem, o que significa que eles sabem quando estão cheios e precisam parar de comer. Por isso, fique atento e confie nos sinais emitidos pelo bebê!

Todos esses fatores são responsáveis por ajudar o bebê a desenvolver
uma relação saudável com a comida desde a introdução alimentar e tornar o
aprendizado alimentar mais fácil e respeitoso, contribuindo assim para a
prevenção de transtornos alimentares no futuro e para o desenvolvimento de uma vida mais leve e saudável.

E lembre-se de que ter acesso a conhecimento e informações de
qualidade para conduzir a introdução alimentar é crucial, por isso o
acompanhamento multiprofissional é fundamental!