* Texto por Helen Lima, em entrevista à Dra. Marina Ferreira, Dermatologista.
Ansiedade na pele
Saiba como os transtornos emocionais se manifestam em nosso corpo.
Você já parou para pensar em como a saúde física e mental estão relacionadas? Em momentos de estresse, por exemplo, algumas pessoas perdem o apetite, enquanto outras comem além do habitual. Nos dois casos, esses comportamentos podem levar a sintomas desconfortáveis, como náusea e dor de cabeça.
A pele, maior órgão do corpo humano, tem a capacidade de tornar parte das nossas emoções visíveis, devido às milhares de terminações nervosas presentes em sua estrutura. Dermatite atópica, acne e psoríase estão entre os exemplos mais comuns dessas manifestações. A Dra. Marina Ferreira, Dermatologista da Clínica Rezende, explica que as interações entre distúrbios da pele e mente podem ser divididas em três grupos. Confira, a seguir, uma breve explicação sobre cada um deles:
Doenças Psicofisiológicas: “são aquelas que ocorrem quando fatores emocionais desencadeiam sintomas físicos nos pacientes, como certos casos de coceiras na pele e até mesmo uma queda capilar intensa, chamada eflúvio telógeno agudo”;
Doenças psiquiátricas primárias: “alguns distúrbios psiquiátricos têm a capacidade de provocar lesões que, em geral, são autoinduzidas, ou seja, são provocadas pelo próprio paciente, como o hábito de roer unhas em momentos de nervosismo e arrancar os fios de cabelos de forma compulsiva”;
Doenças Psiquiátricas secundárias: “existem também as condições psiquiátricas secundárias a doenças dermatológicas, que podem surgir como consequência de doenças cutâneas com risco de vida, como o melanoma; casos de desfiguração, como vitiligo e alopecia areata; manifestações intensamente pruriginosas ou dolorosas, como a dermatite atópica; e até mesmo uma patologia relativamente menos grave, mas que causa um sofrimento significativo ao paciente.
Como podemos observar, a relação entre saúde da pele e saúde mental é bilateral. A Dra. Marina compara essa interação a um “ciclo vicioso”, que torna o tratamento mais complexo e individualizado. “Em meu consultório, vejo que as pessoas que sofrem com doenças como acne e psoríase apresentam mais chances de apresentar transtornos de ansiedade, depressão e ideação suicida do que outros pacientes e até mesmo a população em geral. Por outro lado, esse estresse psicológico também pode acabar piorando suas doenças na pele”, explica.
A fim de melhorar a qualidade de vida desses pacientes, a dermatologista aponta como fundamental a parceria com psicólogos e/ou psiquiatras. “Doenças da pele causadas ou influenciadas por fatores emocionais afetam negativamente a autoimagem, autoestima e autoconfiança das pessoas, aumentando o risco de doenças como ansiedade e depressão”. Ela conclui reforçando a importância do cuidado interdisciplinar para buscar melhores resultados. “Não apenas para o tratamento de doenças psiquiátricas envolvidas, mas também para uma evolução clínica mais favorável de um paciente ao longo de sua condição de pele, precisamos dos psiquiatras e psicólogos”.
Sempre que for possível, certifique-se de contar com uma equipe de profissionais especializados, empáticos e dedicados a atuar de forma conjunta em prol do seu bem-estar.