* Texto por Helen Lima, em entrevista ao Dr. Danilo Jorge da Silva, neurologista.
Mês do Idoso: tire suas dúvidas sobre o Alzheimer
Em outubro é comemorado o Dia Nacional do Idoso (01/10), data em que as autoridades políticas, entidades sociais e instituições de saúde chamam a atenção para estratégias em prol do envelhecimento saudável. O número de pessoas acima dos 60 anos está crescendo no Brasil e, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nosso país terá mais idosos do que jovens em 2060. A terceira idade é a fase em que as pessoas celebram a experiência de vida e o descanso depois de longos anos dedicados ao trabalho, mas também é marcada pelo alto risco de problemas de saúde e comprometimento das atividades cotidianas. O Alzheimer, por exemplo, é a forma mais comum de demência que se conhece, levando a um processo neurodegenerativo que não tem cura e ocasiona limitações funcionais nos pacientes, principalmente após os 65 anos.
Conversamos com o Dr. Danilo Jorge da Silva, Neurologista da Clínica Rezende, para tirar as principais dúvidas sobre a doença e destacar a importância do diagnóstico precoce na qualidade de vida das pessoas que vivem com essa enfermidade. Confira a seguir:
Atenção aos sinais de alerta
O Dr. Danilo explica que todos os indivíduos, independente da idade, estão sujeitos a eventos que causam o comprometimento da memória, como a má qualidade do sono, hábitos de vida inadequados e episódios depressivos. O que diferencia esses casos da demência, como o Alzheimer, são critérios que devem ser avaliados cautelosamente por um profissional especializado.
“A doença de Alzheimer tem caráter progressivo, ou seja, as alterações de memória devem piorar de forma contínua ao longo do tempo. As queixas também devem trazer limitações funcionais para o paciente, como a dificuldade para ir à padaria comprar o café da manhã, sacar dinheiro no caixa eletrônico ou cuidar das tarefas domésticas, por exemplo. Além disso, nós não podemos falar em Alzheimer quando o comprometimento ocorre em apenas uma modalidade cognitiva, como o recordatório de nomes, fatos e eventos”, destaca. Vale ressaltar que essa enfermidade também impacta a linguagem e percepção de mundo, provocando mudanças no comportamento, humor e personalidade dos pacientes.
O especialista também chama atenção para uma particularidade na herança genética da doença, o que chama de “uma exceção incomum”: “o fato de se ter um familiar com Alzheimer, via de regra, não aumenta seu risco de manifestá-la”.
Prevenção e diagnóstico precoce
Atualmente, não há nenhum tipo de tratamento capaz de prevenir ou retardar o processo neurodegenerativo do Alzheimer, mas existem estratégias para estimular o desenvolvimento cerebral que podem ajudar a abrandar os sintomas da doença, caso ela se manifeste. “Atividades como caça-palavras, palavras cruzadas, leitura e trabalhos manuais como crochê e tricô são considerados saudáveis para o cérebro e auxiliam na manutenção de uma boa reserva cognitiva”, recomenda o Neurologista.
O Dr. Danilo também reforça o valor da detecção precoce da doença, mesmo que ainda não seja possível curá-la. “O diagnóstico precoce é importante para que se tomem medidas que impeçam que causas concorrentes (doenças evitáveis, hábitos e rotinas inadequados) possam piorar os sintomas cognitivos. Além disso, há tratamentos que visam melhorar essas manifestações e garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente”.
Esperança para o futuro
Cerca de 100 mil novos casos da Doença de Alzheimer são diagnosticados por ano no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas e, de acordo com estimativas da Alzheimer’s Disease International, essa marca poderá ultrapassar os 130 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população. As estatísticas alarmantes caracterizam, nas palavras do ministério, “uma crise global de saúde que deve ser enfrentada”.
A ciência vem se empenhando na busca por tratamentos mais eficientes para a doença. O Dr. Danilo Jorge da Silva afirma que estamos vivendo uma “era dourada” para a pesquisa relacionada a enfermidades antes tidas como intratáveis ou incuráveis. “Terapias genéticas e imunobiológicas de ponta estão se tornando uma realidade cada vez mais acessível e próxima da população em geral”; e finaliza com uma mensagem otimista: “a perspectiva de novos tratamentos para o Alzheimer é bastante sólida a médio prazo”.