A importância (e os cuidados) do marketing digital para profissionais de saúde

 Confira dicas para produzir um conteúdo ético e de qualidade nas redes sociais.

*Por Helen Lima, jornalista convidada da Clínica Rezende.

A importância (e os cuidados) do marketing digital para profissionais de saúde

 Confira dicas para produzir um conteúdo ético e de qualidade nas redes sociais.

 A população brasileira é altamente engajada nas redes sociais. Segundo levantamento da Comstore, somos o terceiro país que mais consome conteúdo nessas plataformas em todo o planeta. São mais de 131 milhões de pessoas conectadas, sendo o Youtube, Facebook e Instagram as redes mais acessadas. Os brasileiros utilizam esses meios para se relacionar, se informar e se entreter. Relatório feito pela Oxford Economics aponta que 85% dos usuários no país concordam que o YouTube impactou positivamente na saúde mental e bem-estar físico durante a pandemia.

Diante desse cenário de amplo alcance e possibilidades múltiplas de interação, profissionais de diversos segmentos, incluindo o de saúde, vislumbram nas redes sociais uma oportunidade de divulgar seu trabalho e se destacar no mercado. Tratam-se de canais de relacionamento, capazes de gerar vínculos e construir reputações. A seguir, separamos algumas dicas direcionadas para profissionais de saúde que querem iniciar as ações de marketing digital, considerando os cuidados e particularidades que envolvem essa área de atuação.

O que um profissional de saúde não deve fazer nas redes sociais

É importante verificar junto ao Conselho Profissional da sua região quais são as orientações específicas em relação às ações de publicidade no seu segmento. De forma geral, as entidades representativas do setor de saúde destacam que as redes sociais devem ser utilizadas, primordialmente, para divulgar informações de promoção à saúde e bem-estar das pessoas.

No caso dos médicos, a regulamentação determina que é proibido fazer ações promocionais, sorteios e divulgar valores de consultas e procedimentos. Também é considerado antiético se autodeclarar como o/a melhor ou a referência em sua especialidade.

A publicação no formato “antes e depois”, ainda que possua o consentimento do paciente, não é recomendada, pois sugere uma promessa de resultado que não pode ser garantida, já que diversas variáveis influenciam no prognóstico.

Consultar e diagnosticar pacientes, prescrever medicações e estimular a automedicação nas redes sociais também são atitudes que contrariam os preceitos éticos do setor.

Boas práticas de marketing digital para profissionais de saúde

Para iniciar um trabalho de divulgação nas redes sociais, o primeiro passo é definir em qual (ou quais) plataforma você deseja atuar. Para tomar essa decisão, leve em conta as características da plataforma e o perfil do seu paciente. O TikTok, por exemplo, é uma rede focada na publicação de vídeos e que se conecta bem com o público jovem; já o LinkedIn é a rede ideal para publicar textos e imagens referentes ao universo do trabalho. Considere ainda outras possibilidades de realizar o marketing digital além das redes sociais: postagens em blogs, criação de e-books e participação em podcasts são algumas alternativas para atrair pacientes e se diferenciar.

Voltando às redes sociais, os conteúdos que mais atraem as pessoas são atrelados a pelo menos uma das temáticas a seguir: curiosidade, identificação, novidade e informação. Profissionais de saúde podem realizar publicações que mostrem parte de sua rotina de trabalho, os bastidores de algumas tarefas e as curiosidades que quem não vivencia a área tem interesse em saber. Para divulgar informações úteis relacionadas à saúde e bem-estar, uma boa dica é compartilhar as respostas das dúvidas mais comuns que você recebe dos seus pacientes.

Os assuntos do momento, como notícias ou datas comemorativas, também podem ser fontes de inspiração para publicações nas redes sociais. Utilize esse tema para contextualizar seu post, acompanhado com alguma reflexão ou orientação relacionada à sua área de atuação.

Em termos de formato, é importante lembrar que as redes sociais são dinâmicas e a disputa por atenção é alta, portanto, evite publicar conteúdos muito extensos. Uma dica é organizar as informações em tópicos ou no formato de lista, em uma linguagem acessível para facilitar a assimilação pelo público. Ao final de suas postagens, abra sempre espaço para o diálogo. Estimule que seu seguidor comente ou responda a alguma pergunta, ampliando, assim, a possibilidade de vínculo.

Por fim, não abra mão da sua autenticidade. Não se deixe levar por “modinhas” ou “memes” que não combinam com sua personalidade, invista em conteúdos que representem, de fato, seu modo de trabalhar e seus valores. Assuma suas vulnerabilidades e compreenda que, no final do dia, o que todos buscamos nas redes sociais são oportunidades de identificação e relacionamento.

Como identificar a perda da funcionalidade da pessoa idosa?

Saiba de que forma você pode ajudá-la a manter a autoestima diante da dependência e falta de autonomia.

* Texto por Helen Lima, em entrevista à Dra. Natália Salgado, Psicogeriatra.

Como identificar a perda da funcionalidade da pessoa idosa?

 Saiba de que forma você pode ajudá-la a manter a autoestima diante da dependência e falta de autonomia.

Dificuldades para tomar decisões no dia a dia, insegurança à frente de situações corriqueiras, prejuízo na memória recente e esquivamento de interações sociais. Esses são alguns sinais que podem indicar a perda da autonomia, que é a capacidade do ser humano em se auto gerir e tomar decisões próprias, em uma pessoa na terceira idade. A Dra. Natália Salgado, psicogeriatra da Clínica Rezende, explica que a perda da funcionalidade da pessoa idosa ocorre quando há a falta de autonomia em conjunto com a dependência, quadro em que o indivíduo fica impossibilitado de executar tarefas do dia a dia.

A especialista conta que essa situação pode ser vivenciada de forma muito diversa pelo idoso e seus acompanhantes. Enquanto algumas famílias optam por levá-lo para morar na mesma casa, outras escolhem transferi-lo para uma casa de repouso. Independente da alternativa escolhida, ela recomenda que a pessoa mais velha seja estimulada a realizar as atividades que ela ainda dá conta de fazer de forma segura, ainda que em um outro ritmo. Confira alguns exemplos:

  • ajudar na limpeza;
  • guardar as compras;
  • higienizar alimentos;
  • arrumar o próprio quarto;
  • organizar o guarda-roupas.

“Marginalizar o idoso dos afazeres do dia a dia não é uma conduta adequada. É interessante inseri-lo de forma gradativa nessas tarefas, de forma que elas sejam prazerosas para ele”, orienta.

Queda na autoestima: porta de entrada para a ansiedade e depressão

 A partir do momento em que uma pessoa na terceira idade percebe que há prejuízos na sua capacidade de decisão, podem surgir sentimentos como impotência e perda de identidade, impactando diretamente o seu senso de auto realização e utilidade. De acordo com a Dra. Natália, esses pensamentos influenciam diretamente na autoestima e podem levar a um quadro de isolamento social, por insegurança e medo de errar. “Toda essa dinâmica mental é fator de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais, principalmente depressão e ansiedade”, alerta.

Para evitar o agravamento desse quadro, a especialista destaca que o primeiro passo é estabelecer o entendimento coletivo: todas as pessoas envolvidas no cuidado da pessoa idosa devem saber o que levou à perda de funcionalidade e o prognóstico precisa estar muito claro. “A Psicoeducação ajuda a lidar com as demandas que surgem no decorrer do tempo. É muito importante que todos os envolvidos se sintam integrantes do processo de cuidado, para que a empatia seja praticada”.

A Psicoeducação é uma abordagem terapêutica que busca desenvolver no paciente, assim como em seus familiares e cuidadores, uma ampliação do conhecimento sobre sua situação de saúde e todo o processo de tratamento. Segundo a psicogeriatra, essa abordagem ajuda na aceitação dessa situação, reduzindo frustrações, cobranças e culpas. “É importante dar espaço para uma nova realidade que faça sentido para todos os envolvidos no cuidado, buscar ativamente as potencialidades ainda presentes na pessoa idosa e usá-las como forma de incentivo”.

A Dra. Natália finaliza com mais uma dica de ouro: a troca de experiências. “Compartilhar angústias e medos com grupos de familiares e cuidadores com vivências semelhantes também é uma prática recomendada”.