Trama

Quando alguém adentra no consultório para falar de si, não adentra só…

* Por Vívian Hauck

“Tudo vive em mim. Tudo se entranha

Na minha tumultuada vida. E por isso

Não te enganas, homem, meu irmão,

Quando dizes na noite que só a mim me vejo.

Vendo-me a mim, a ti.”

– Trecho de ‘Poemas aos homens do nosso tempo – VI’ – Hilda Hilst

“Na vida psíquica do ser individual, o Outro é via de regra considerado enquanto modelo, objeto, auxiliador e adversário, e portanto a psicologia individual é também, desde o início, psicologia social, num sentido ampliado, mas inteiramente justificado.”

– Freud em Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921)

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Quando alguém adentra no consultório para falar de si, não adentra só.

Desde o nascimento, um bebê humano é imerso em uma língua, uma cultura, uma história. A história de sua família, contada na língua materna. A história de seu nome. A história de quem veio antes dele. A história de seu país, de sua cidade. A história fantasiada do que esperam dele, de quem será, de como será. Falam com ele e por ele antes que ele fale por si, e é só assim que pode – ele mesmo – passar a falar. Não há sujeito que se crie sozinho.

Atravessado de saída por essas histórias, este sujeito vai encontrando outros em seu caminho. Com alguns se identifica, outros passam despercebidos. Ama alguns, outros nem tanto. Participa de alguns grupos, luta contra outros. Se posiciona em alguns lugares, em outros se silencia, se apaga. E assim vai construindo a trama de relações que o acompanha e, mais que isso, que o constitui.

É em relação também que sofre. Sofre pelo que falha, sofre pelo amor não correspondido, sofre quando se decepciona com aquele que acreditava ser perfeito, sofre por tentar se distanciar de um ou de outro e não conseguir. Sofre na tentativa de suprir as expectativas de outrem, aquelas que estavam lá desde o berço.  Sofre repetidamente pelas vezes em que se viu ali, naquela mesma situação que sempre o faz sofrer. “Isso sempre acontece comigo”, diz.

Talvez em algum momento afortunado se pergunte afinal “E por que é que isso sempre acontece comigo?”, “E o que eu quero? Eu quero mesmo ser isso que desejaram para mim?”. Adentra ao consultório. Traz consigo sua história e as marcas de todas essas relações. E ali, de forma singular, se encontra com a possibilidade de assumir sua história, suas responsabilidades, seus desejos, sua alteridade, seus limites. O que será que é possível fazer a partir e com tudo isso que te construiu, que te fez chegar até aqui?

Pode parecer um tanto assustador, mas faço a aposta de que vale a pena a viagem.

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“Cada indivíduo é um componente de muitos grupos, tem múltiplos laços por identificação, e construiu seu ideal do Eu segundo os mais diversos modelos. Assim, cada indivíduo participa da alma de muitos grupos, daquela de sua raça, classe, comunidade de fé, nacionalidade etc., e pode também erguer-se além disso, atingindo um quê de independência e originalidade.”

– Freud em Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921)

O que é a Análise do Comportamento Aplicada ou ABA?

É uma ciência que busca compreender o ser humano através das inter relações que o individuo mantém com o seu ambiente.

* Por Carolina Conti

A Análise do Comportamento Aplicada mais conhecida por sua sigla em inglês ABA (Applied Behavior Analysis) é uma ciência que busca compreender o ser humano através das inter relações que o indivíduo mantém com o seu ambiente. Seu principal autor e pesquisador foi o psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner.

A unidade funcional da Análise do Comportamento Aplicada é a Tríplice Contingência, um conceito utilizado para descrever e analisar essas relações que o organismo mantem com seu ambiente.

Uma contingência é composta por 3 elementos:

a) A situação que antecede determinado comportamento (antecedente);

b) O comportamento que o organismo emite diante dessa situação (resposta);

c) Alterações no contexto decorrentes do comportamento do organismo (consequência). As consequências que determinado comportamento produziu no passado e  selecionaram esse comportamento, ou seja, influenciaram se o comportamento continua ou não ocorrendo.

O foco da intervenção dentro da teoria da Análise do Comportamento Aplicada é desenvolver novos repertórios, mais funcionais e saudáveis para aquele indivíduo, e não somente diminuir os comportamentos problemas. Esses novos repertórios variam de acordo com o contexto de vida, as demandas e as reservas comportamentais individuais.

ABA não é um método ou um pacote fechado, é uma ciência que visa a investigação e intervenção planejada e programada a partir de uma avaliação do repertório de cada paciente.

É muito conhecida e difundida no tratamento de indivíduos com Transtorno de Espectro Autista (TEA), entretanto pode ser aplicada com diversas populações e em diferentes contextos. Dessa forma, quando falamos de comportamento humano estamos falando de ABA.

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