Disfagia

Disfagia é a alteração da deglutição caracterizada pela dificuldade de levar o alimento ou saliva da boca ao estômago.

* Por Luciana Bacellar

O que é Disfagia?

Disfagia é a alteração da deglutição caracterizada pela dificuldade de levar o alimento ou saliva da boca ao estômago.

A deglutição normal requer uma atividade coordenada dos músculos da boca, faringe, laringe e esôfago, os quais são inervados pelo Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico. A coordenação entre os sistemas respiratórios e digestivos superiores durante a deglutição são essenciais para uma alimentação segura e eficiente.

Disfagia é um distúrbio de deglutição não considerado uma doença, e sim um sintoma de alguma doença de base. Trata-se de um sintoma que pode ser causado por várias doenças e se manifestar em qualquer idade.

Outros motivos:

  • Trauma, câncer, doença do sistema motor
  • Paralisia Cerebral
  • Demência
  • Doenças Neuromusculares
  • Síndromes Neurológicas
  • Comorbidades do processo do envelhecimento
  • Acidente vascular encefálico (AVE)
  • Acidente vascular cerebral (AVC)
  • Medicações, entre outros.

A deglutição é composta por cinco fases: a antecipatória, preparatória, oral, faríngea, e esofágica. A disfagia é definida como o comprometimento de uma ou mais dessas fases. Essas alterações, com prevalência de 16 a 22% na população acima dos 50 anos (Santoro 2008), podem levar a ocorrência de distúrbios psiquiátricos como ansiedade e depressão, bem como a complicações broncopneumônicas e nutricionais.

O envelhecimento não causa disfagia, mas idosos que apresentam doenças associadas como diabetes, hipertensão arterial sistêmica e doenças neurológicas apresentam maior probabilidade de ter disfagia. As fases da deglutição são afetadas com a idade, levando a mudanças no paladar, nas preferências alimentares, no prolongamento no estágio oral da deglutição, pela redução da força e mobilidade afetando a fase automática da deglutição.

Sintomas de Disfagia:

  • Dor ou incapacidade de mastigar ou engolir
  • Regurgitação nasal
  • Escape oral de alimentos
  • Comida parada na boca, ou faringe
  • Tosse ou engasgo (antes, durante ou após a deglutição)
  • Azia frequente
  • Rouquidão
  • Recusa alimentar.

Estes sinais citados acima podem provocar entrada de alimento no pulmão e causar pneumonia, desidratação e desnutrição.

O diagnóstico precoce e o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar pode evitar problemas mais sérios e promover melhor qualidade de vida.

Referências:

Artigo: Editorial II Disfagia Orofaríngeas panorama atual epidemiologia, opções terapêuticas e perspectivas futuras Patrícia Paulo Santoro(2008).

Disfagia: realidade atual e abrangência do problema. Pere Clavé 1, Reza Shaker 2, Cefac 10(2) 2008.

Livro: Disfagia Orofaríngeas. Volume l Ed. Pró Fono. Ana Maria Furkin, Célia Regina Queiroz Salviano Santini (2001).

Parentalidade positiva: Equilíbrio entre afeto e limites

A maneira como os pais educam os filhos é fundamental para o desenvolvimento social, cognitivo e psicológico de uma criança.

* Por Sabrina Gomes

PARENTALIDADE POSITIVA: EQUILÍBRIO ENTRE AFETO E LIMITES

A parentalidade competente tem sido intensamente discutida nos últimos anos. Isso porque a maneira como os pais educam os filhos é fundamental para o desenvolvimento social, cognitivo e psicológico de uma criança. Entretanto, devemos considerar que os filhos não nascem com manual de instrução e que ser pai/mãe é uma tarefa muito desafiadora e complexa. Sabendo disso, este texto foi elaborado com objetivo de apresentar informações importantes para a auxiliar na reflexão sobre o processo de educar.

ESTILOS E PRÁTICAS PARENTAIS

Pesquisas na área do desenvolvimento humano falam de estilos e práticas parentais. Práticas Parentais são as estratégias que os pais usam no cotidiano para disciplinar os filhos, como elogiar, orientar, bater ou gritar, entre outras. Estilo Parental é o nome que damos para o conjunto desses comportamentos, o que define o clima emocional familiar.

Os estudos apontam para quatro estilos parentais básicos, ou seja, quatro maneiras de se comportar como pai e como mãe. Um deles, o Estilo Participativo, é o mais positivo e capaz de facilitar o desenvolvimento de uma criança. Os outros, autoritário, permissivo e negligente, levam a dificuldades na relação entre pais e filhos e podem impactar negativamente o desenvolvimento das crianças e adolescentes. Veremos a seguir o que caracteriza cada estilo parental e os resultados de cada um para o desenvolvimento dos filhos.

QUAL É O SEU ESTILO PARENTAL?

  • Estilo Autoritário (muito limite e pouco afeto): pais autoritários são rígidos e controlam o comportamento das crianças com base em regras inflexíveis, priorizando a obediência e oferecendo pouco afeto. Como resultado, as crianças normalmente apresentam poucos problemas de comportamento, mas são mais submissas e inseguras, pois aprendem que devem se anular para serem amadas; em geral, o estilo autoritário faz com que as crianças apresentem baixa autoestima e altos índices de depressão, ansiedade e estresse.

 

  • Estilo Permissivo (pouco limite e muito afeto): pais permissivos são excessivamente tolerantes diante dos desejos e ações das crianças e não estabelecem regras claras e limites. Valorizam os sentimentos e opiniões dos filhos, mas deixam a autoridade de lado, geralmente por medo de dizer “não” e não serem mais amados pelos filhos. O resultado? No geral, as crianças apresentam pior desempenho nos estudos, baixa tolerância a frustrações e podem apresentar comportamentos antissociais. Também não desenvolvem senso de autoeficácia, isto é, acham que não são capazes de conquistar as coisas por si mesmas.

 

  • Estilo Negligente (pouco limite e pouco afeto): são pais que sempre atendem aos pedidos imediatos das crianças, mas não se comprometem com o papel de educar, deixando os filhos “soltos”. Podem ser pais muito ocupados e sem tempo para dedicar às tarefas de educar ou ainda, pais confusos e que não sabem como agir. Qual o resultado para a criança? Este estilo parental é o que traz piores resultados. As crianças apresentam os menores desempenhos em habilidades acadêmicas e sociais, baixa autoestima, estresse e ficam vulneráveis a desenvolver quadros de depressão. As crianças aprendem que não são importantes e não são amadas.

 

  • Estilo Participativo (muito limite e muito afeto): esse é o melhor estilo. Pais participativos monitoram as atitudes dos filhos, estabelecendo regras claras. Eles são capazes de corrigir as atitudes negativas dos filhos e gratificar as positivas. Elogiam, ajudam nas tarefas e orientam. Os resultados para as crianças são os melhores. Pesquisas mostram que essas crianças apresentam elevada autoestima, menores níveis de estresse e depressão e são mais otimistas e habilidosas.

VOCÊ TEM OS COMPORTAMENTOS DO ESTILO PARTICIPATIVO?

  • Você dedica tempo de qualidade para estar junto e se divertir com o seu filho?
  • Você consegue dizer “não” quando é necessário limitar o comportamento do seu filho e não ceder apenas para evitar comportamentos de birra ou de oposição?
  • Você busca elogiar e gratificar o seu filho quando ele se comporta de maneira adequada?
  • Você consegue apontar o comportamento inadequado do seu filho com autoridade e sem punições físicas ou verbais.

Diante de dificuldades para estabelecer regras claras e rotinas, pode ser importante buscar ajuda profissional para processo de orientação de pais. Esse processo de orientação ajudará a desenvolver estratégias assertivas e eficazes.

REFERÊNCIA

Weber, L. (2005). Eduque com carinho: para pais e filhos. Curitiba: Juruá.

Afinal, dieta funciona ou não?

Você pode pensar que sim, afinal você já deve ter feito uma dieta e conseguiu emagrecer, mas e depois?

* Por Felipe Barreto

Afinal, dieta funciona ou não?

Dieta funciona ou não? Você já parou para pensar que nunca se falou tanto em nutrição, dietas, e ainda assim o número de obesidade e doenças crônicas só aumenta? As recomendações: Faça dieta e se exercite mais não estão funcionando tão bem como esperávamos. Gostaria de abordar, exatamente sobre a prática de dietas restritivas como manejo da obesidade e da saúde de uma maneira geral.

Nesse contexto vou definir dieta como restrição alimentar, entendida como alterações restritivas, auto impostas, que mudam quantidade e/ou qualidade dos alimentos consumidos com intuito de controlar ou alterar o peso corporal.

Você pode pensar que sim, afinal você já deve ter feito uma dieta e conseguiu emagrecer, mas e depois? Por quanto tempo você conseguiu manter essa perda de peso? O fato de você, provavelmente, ter reganhado o peso perdido (ou mais) não tem a ver com força de vontade, tem a ver com a forma como o nosso corpo reage às dietas. Vou descrever 4 mecanismos que nosso corpo faz para se proteger da restrição.

  • Diminuição do metabolismo: Quando optamos por fazer uma dieta restritiva, nosso cérebro interpreta que estamos em uma situação de risco. O corpo começa a diminuir o metabolismo para “economizar” energia, uma vez que a quantidade de energia ingerida na dieta é menor do que a de costume.
  • Otimização dos estoques de gordura: Um mecanismo para garantir a integralidade do corpo é passar a estocar mais gordura, para que seja utilizada como fonte de energia caso a escassez de alimentos perdure.
  • Maiores chances de comer compulsivamente: Esse comer compulsivo pode ser entendido como uma adaptação biológica do nosso organismo em busca de energia, não tendo relação com falta de força de vontade. Existe uma variação na grelina (hormônio da fome) e da leptina (hormônio da saciedade), aumentando uma e reduzindo a outra, respectivamente.
  • Aumento no desejo pelos alimentos proibidos, obsessão por comida e piora no relacionamento com a comida: A prática de dieta restritiva aumenta o risco para o desenvolvimento de um transtorno alimentar.

É importante ressaltar que quando me refiro a não fazer dietas restritivas, não quero dizer que devemos comer tudo, de qualquer maneira, em exagero. Existem diversas maneiras mais saudáveis em lidar com a comida, que não seja a dieta. No próximo texto vou falar mais sobre uma dessas maneiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

TRIBOLE, E.;  RESCH, E. Intuitive eating: A revolutionary anti-diet approach. Fourth Edition. St. Martins Essentials. 2020

KEYS, A., BROZEK, J., HENSCHEL A., MICKELSEN O., TAYLOR H. L., The Biology of Human Starvation (2 volumes), University of Minnesota Press, 1950.

ALVARENGA, M. S. et al. Transtornos Alimentares e Nutrição: da prevenção ao tratamento. Manole, 2019.