Neste final de ano a Clínica Rezende resolveu preparar uma surpresa…

Passamos por um ano difícil e, por isso, gostaríamos de agradecer a todos os profissionais da Clínica Rezende, que fizeram com que os dias fossem mais leves por aqui.

Passamos por um ano difícil e, por isso, gostaríamos de agradecer a todos os profissionais da Clínica Rezende, que fizeram com que os dias fossem mais leves por aqui. Essa é a mensagem do Dr. Alexandre de Rezende para toda a equipe: Aline, Anelisa, Diana, Eliza, Fabrício, Fernanda, Juliana, Laís, Leonardo, Natália, Roseli, Sabrina e Vívian. E também a todos os amigos e pacientes da Clínica Rezende! 💙

Nesses tempos difíceis,Quando as portas se fecharam e a solidão invadiu nossas moradas, pude contar com a presença da sua escuta. Quando as luzes se apagaram e o medo se impôs sem compaixão, eu sabia dos seus olhos a me dizer todas as palavras. Quando o silêncio gritou seus fantasmas e a dor tomou posse do nosso peito, a sua voz me trouxe coragem. Nesses tempos de solidão, de medo, de silêncio, de dor, Você foi a presença de uma mão que me trouxe conforto e afago. Nesses tempos ainda difíceis, Quero que o silêncio se rompa e a minha voz se construa num obrigado. Agora que os olhos marejam de esperança, Quero gravar em você toda a minha gratidão. Porque a gratidão é assim: Tecida do fio nobre e frágil da marca que você deixou em mim. E que o futuro costure nossos caminhos juntos novamente!

Texto: Dr. Alexandre de Rezende

Vídeo: @maxwellcosta

 

Pandemia de medo e covid-19: impacto na Saúde Mental e possíveis estratégias.

Para entender as repercussões psicológicas e psiquiátricas de uma pandemia, as emoções envolvidas, como medo e raiva, devem ser consideradas e observadas.

* Por Fernanda Rezende

“PANDEMIC FEAR” AND COVID-19: MENTAL HEALTH BURDEN AND STRATEGIES.

Para entender as repercussões psicológicas e psiquiátricas de uma pandemia, as emoções envolvidas, como medo e raiva, devem ser consideradas e observadas. O medo é um mecanismo de defesa animal adaptável que é fundamental para a sobrevivência e envolve vários processos biológicos de preparação para uma resposta a eventos potencialmente ameaçadores. No entanto, quando é crônico ou desproporcional, torna-se prejudicial e pode ser um componente essencial no desenvolvimento de vários transtornos psiquiátricos. Em uma pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e intensifica os sintomas daqueles com transtornos psiquiátricos pré-existentes.

Durante as epidemias, o número de pessoas cuja saúde mental é afetada tende a ser maior que o número de pessoas afetadas pela infecção. Tragédias anteriores mostram que as implicações para a saúde mental podem durar mais tempo e ter maior prevalência que a própria epidemia e que os impactos psicossociais e econômicos podem ser incalculáveis se considerarmos sua ressonância em diferentes aspectos.

Outro estudo relatou que pacientes infectados com COVID-19 (ou suspeita de infecção) podem sofrer intensas reações emocionais e comportamentais, como medo, tédio, solidão, ansiedade, insônia ou raiva, como já foi relatado em situações semelhantes no passado. Tais condições podem evoluir para transtornos, sejam depressivos, ansiedade (incluindo ataques de pânico e estresse pós-traumático), psicóticos ou paranoides, e podem até levar ao suicídio. Essas manifestações podem ser especialmente prevalentes em pacientes em quarentena, cujo sofrimento psicológico tende a ser maior. Em alguns casos, a incerteza sobre infecção e morte ou sobre infectar familiares e amigos pode potencializar estados mentais disfóricos.
Mesmo entre pacientes com sintomas comuns de gripe, o estresse e o medo devido à semelhança das condições podem gerar sofrimento mental e piorar os sintomas psiquiátricos.

Embora alguns protocolos tenham sido estabelecidos, a maioria dos profissionais de saúde que trabalha em unidades de isolamento e hospitais não é treinada para prestar assistência em saúde mental durante pandemias, nem recebe atendimento especializado.

O fornecimento de primeiros socorros psicológicos é um componente de assistência essencial para populações vítimas de emergências e desastres, mas não existem protocolos ou diretrizes universais eficazes para as práticas de apoio psicossocial.

Especificamente para esse novo cenário da COVID-19, Xiang et al. Sugere que três fatores principais sejam considerados ao desenvolver estratégias de saúde mental:

  • Equipes multidisciplinares de saúde mental (incluindo psiquiatras, enfermeiros psiquiátricos, psicólogos clínicos e outros profissionais de saúde mental);
  • Comunicação clara envolvendo atualizações regulares e precisas sobre o surto de COVID-19;
  • Estabelecimento de serviços seguros de aconselhamento psicológico (por
    exemplo, via dispositivos ou aplicativos eletrônicos).

Por fim, é extremamente necessário implementar políticas públicas de saúde mental em conjunto com estratégias de resposta a epidemias e pandemias antes, durante e após o evento. Recentemente a OMS e o Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) publicaram uma série de recomendações psicossociais e de saúde mental. Isso está de acordo com os dados longitudinais da OMS que demonstram que os fatores psicológicos estão diretamente relacionados às principais causas de morbimortalidade no mundo.

Referência Bibliográfica:
ORNEL, F. et al. Pandemia de medo e COVID-19: Impacto na Saúde Mental e
possíveis estratégias. Debates em psiquiatria, Rio de Janeiro. N 02, p. (12-17),
Abril – junho 2020.

Sofrimento emocional na gestação

Transtornos e sintomas psiquiátricos são frequentes, especialmente, no primeiro e no terceiro trimestres de gestação e nos primeiros 30 dias de puerpério.

* Por Dr. Fabrício de Oliveira

Sofrimento emocional na gestação

Transtornos e sintomas psiquiátricos são frequentes, especialmente, no primeiro e no terceiro trimestres de gestação e nos primeiros 30 dias de puerpério. Os fatores envolvidos na alta prevalência dizem respeito às diversas dimensões da gravidez e da maternidade. Além de alterações hormonais, que provocam transformações no comportamento e no psiquismo, gravidez e maternidade implicam várias mudanças na inserção social. Outros fatores como poucos recursos materiais, alta demanda ocupacional, responsabilidades domésticas intensas e relações familiares conflituosas podem piorar a situação.

A ponderação relativa aos riscos da exposição às medicações versus o impacto de uma doença não tratada nos resultados obstétricos e no desenvolvimento infantil tornam-se um grande dilema para o clínico e para a paciente. O que ambos precisam levar em conta é que não há escolha livre de risco.

As reações da gestante estão vinculadas a alterações metabólicas, principalmente no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), que de modo peculiar podem influenciar o feto. Sua exposição a um ambiente uterino desfavorável tem sido associada ao aumento significativo de doenças na idade infantil e adulta, fenômeno denominado programação fetal.

Transtornos depressivos

Até 70% das pacientes têm sintomas depressivos durante a gravidez, sendo que de 10 a 16% preenchem critérios para o diagnóstico de depressão.

Os transtornos do humor do puerpério dividem-se, classicamente, em quadros de depressão mais leve, chamados de disforia do pós-parto e depressão. Disforia pós-parto (puerperal blues) é um fenômeno extremamente comum e considerado fisiológico por alguns autores. Até 85% das puérperas descrevem algum grau de tristeza ou humor depressivo nos primeiros dias do pós-parto. Essa incidência diminui a partir do décimo dia de puerpério. Normalmente, esses sintomas depressivos são leves, acompanhados de labilidade emocional, irritabilidade, tensão e sentimentos de inadequação. Não chegam a comprometer o funcionamento social ou a relação da mãe com o recém-nascido. A remissão espontânea dos sintomas sugere que não há necessidade de tratamento médico. A persistência do humor depressivo deve ser encarada como uma possível depressão maior, o que necessita de avaliação especializada e tratamento adequado.

Lamentavelmente, sintomas e sinais francamente depressivos durante a gravidez muitas vezes não são adequadamente percebidos e avaliados. Essa desvalorização de manifestações clínicas depressivas por parte das próprias gestantes, familiares e médicos tem relação com o mito de que a gestação deva ser necessariamente um período de bem-estar mental. Neste contexto cultural, muitas gestantes sentem-se culpadas por não estarem felizes e com vergonha de pedirem ajuda.

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a paciente com depressão na gestação apresenta uma gravidez de alto risco. No entanto, somente cerca de 14% das grávidas com depressão realizam algum tipo de tratamento.

A depressão da gestação está associada a um maior risco de: crescimento intrauterino restrito; pré-eclâmpsia; DM gestacional; prematuridade; baixo peso ao nascer; escores de Apgar mais baixos; prejuízos no desenvolvimento infantil (cognitivos, sociais, afetivos); dificuldades na amamentação; vínculo inseguro entre mãe e criança; depressão pós-natal; uso materno de álcool, tabaco e outras drogas; abortamento; e suicídio materno.

Transtorno bipolar perinatal

Independentemente da terapia medicamentosa, o TB na gestação está associado a maiores riscos de: uso de álcool, tabaco e outras drogas; malformações congênitas (p. ex., microcefalia); prematuridade; baixo peso ao nascer; placenta prévia; hemorragias; prejuízos no desenvolvimento infantil (cognitivos, sociais, afetivos). Portanto, a manutenção ou mesmo o início de tratamento farmacológico de prevenção à recorrência de TB durante o período perinatal é uma conduta pertinente.

Transtorno de ansiedade generalizada perinatal

A prevalência do transtorno de ansiedade generalizada é em torno de 2% a 6% na população geral; a prevalência mínima é de 8,5% na gravidez e 4,4% no pós-parto.

Estudos mostram que a ansiedade durante a gestação é fator de risco independente para trabalho de parto prematuro e depressão pós-parto. Outras consequências são baixo peso ao nascer, maior necessidade de analgésicos durante o parto e dificuldade de amamentar

Deve-se considerar que episódios psiquiátricos não tratados estão associados à maior probabilidade de importantes intercorrências obstétricas, maternas, neonatais e puerperais, com implicações negativas para o desenvolvimento da criança e para as relações familiares. Portanto, na ausência de uma alternativa terapêutica apropriada, evitar o uso pertinente de medicamento psiquiátrico como meio de garantir gravidez ou amamentação livres de riscos é uma estratégia contestável.