O que é avaliação neuropsicológica?

Saiba o que é uma avaliação neuropsicológica.

* Por Sabrina Gomes

Você já ouviu falar em Avaliação Neuropsicológica? Neste texto, vamos explicar o que é a Avalição Neuropsicológica, como é realizada e quando ela é indicada.

O QUE É AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?

Primeiramente, é importante compreendermos que a neuropsicologia é um campo de conhecimento interessado em estudar a relação entre o funcionamento do cérebro e o comportamento humano. Ela se apoia, principalmente, em conhecimentos das neurociências e da psicologia, buscando contribuir para o tratamento de alterações cognitivas e comportamentais.

A Avaliação Neuropsicológica é um procedimento de investigação detalhado que tem como objetivo avaliar as funções cognitivas do indivíduo, tais como, atenção, memória, linguagem, entre outras. Além disso, o processo de avaliação também se concentra em aspectos sociais, emocionais e funcionais da pessoa.

A partir das informações colhidas, pode-se estabelecer o Perfil Neuropsicológico do paciente, identificando suas potencialidades e dificuldades. Estas informações são muito importantes para auxiliar no diagnóstico e no planejamento de um tratamento mais eficiente.

COMO É FEITA A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?

A Avaliação Neuropsicológica é solicitada quando há a necessidade de um diagnóstico clínico mais amplo. Nesses casos, a avaliação pode ser requerida por um psiquiatra ou neurologista, dependendo do caso, para auxiliar na identificação das causas de problemas enfrentados pela pessoa no cotidiano (por exemplo, desempenho acadêmico e/ou profissional abaixo do esperado, problemas ao fazer tarefas diárias habituais, déficit em habilidades sociais, entre outros).

Uma parte essencial da avaliação neuropsicológica é a administração de testes neuropsicológicos e questionários. Além disso, outros dois procedimentos são extremamente importantes: a observação e as entrevistas clínicas com diferentes informantes. A quantidade de sessões irá depender de cada pessoa e dos conteúdos avaliados. Ao final do processo, o (a) neuropsicólogo (a) emite um laudo neuropsicológico, que consiste em um documento com os resultados da avaliação. Este documento contém a síntese dos resultados encontrados, com recomendações pertinentes ao caso, visando promover o desenvolvimento do paciente e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida.

QUANDO É INDICADA?

A Avaliação Neuropsicológica é indicada, principalmente, quando há suspeita diagnóstica de transtornos psiquiátricos ou do neurodesenvolvimento. Por exemplo:

– Transtornos de Aprendizagem

– Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

– Demências

– Transtornos de Ansiedade

– Deficiência Intelectual

– Transtorno do Espectro Autista

Referência bibliográfica

Fuentes, D., Malloy-Diniz, L. F., de Camargo, C. H. P., & Cosenza, R. M. (2014). Neuropsicologia: Teoria e Prática. Artmed Editora.

Acompanhamento psicológico e cirurgia bariátrica

A obesidade é uma doença crônica e multifatorial que, atualmente, representa um grave problema de saúde pública, afeta todas as faixas etárias e está relacionada à redução na expectativa de vida, por causar diversos danos à saúde física e mental do indivíduo.

* Por Laís Pereira

Acompanhamento psicológico e cirurgia bariátrica

A obesidade é uma condição crônica e multifatorial que, atualmente, representa um grave problema de saúde pública, afeta todas as faixas etárias e está relacionada à redução na expectativa de vida, por causar diversos danos à saúde física e mental do indivíduo.

As pesquisas mostram que fatores psicológicos como estresse, ansiedade, depressão, transtorno da compulsão alimentar, alcoolismo, baixo repertório de habilidades sociais, baixa autoestima, entre outros, podem estar associados ao ganho excessivo de peso, interferem na adesão ao tratamento para emagrecimento, retroalimentam a obesidade e podem aparecer após a realização da cirurgia bariátrica. Além disso, a obesidade, em sua grande maioria, está associada a intenso sofrimento experimentado por conta de uma difícil relação com a alimentação e também por conta do preconceito social. Diante disso, podemos considerar que aspectos psicológicos e emocionais contribuem para o desenvolvimento e a manutenção da obesidade, interferem no tratamento e também podem ser consequências dessa condição na vida do indivíduo. Sendo assim, é fundamental e imprescindível que tais aspectos sejam considerados neste contexto e que psicólogos integrem as equipes multidisciplinares de tratamento da obesidade e do emagrecimento.

A cirurgia bariátrica é uma alternativa dentre os tipos de tratamento para obesidade, mas assim como todos os outros, não garante, por si só, a sua remissão completa. De acordo com a resolução 2131/2015 do Conselho Federal de Medicina, ela é indicada para pessoas com IMC >40 kg/m2 ou >35 kg/m2 e portadores de comorbidades que tenham passado por tratamento clínico prévio insatisfatório por, pelo menos, 2 anos e tenham acima de 18 anos. Além disso, é uma grande cirurgia que envolve riscos e a decisão por fazê-la deve ser muito consciente.

 

Papel do psicólogo na cirurgia bariátrica

O emagrecimento gerado pela cirurgia bariátrica engloba uma série de transformações que afetam as relações do indivíduo consigo e com os outros. Antes mesmo da realização do procedimento, é importante que o paciente tenha conhecimento de tais mudanças e vá para cirurgia sem nenhuma dúvida ou ambivalência.

Ao contrário do que muitos pensam, o psicólogo que realiza a avaliação para cirurgia bariátrica não tem o intuito de barrar o procedimento, mas sim de avaliar se o paciente está emocionalmente apto para a cirurgia, adequar as expectativas de um novo corpo elucidando as possibilidades reais e auxiliá-lo na compreensão de todos os aspectos envolvidos no pré e pós-operatório.

Fase pré-operatória

A fase pré-operatória vai possibilitar a compreensão dos aspectos psicológicos envolvidos na obesidade, aspectos que fazem parte da história de vida do paciente, que exercem uma função importante na sua vida e que, certamente, sofrerão grandes transformações com a cirurgia bariátrica. Por isso, é também uma fase de muitas orientações, autoconhecimento e esclarecimentos, oferecendo ao paciente um melhor nível de entendimento a respeito das mudanças que ocorrerão e se ele está de fato disposto a enfrentar. Caso seja identificada alguma distorção importante ou transtorno mental desajustado, é possível tratar e dar seguimento no processo da cirurgia bariátrica. Com a avaliação e o acompanhamento psicológico na fase pré-operatória bem conduzidos, é possível diminuir o desenvolvimento de transtornos mentais e sofrimento psíquico, bem como o agravamento daquele já existente antes da cirurgia.

Fase pós operatória

A fase pós-operatória é caracterizada pela vivência de todas as transformações imaginadas e orientadas, nesse momento o acompanhamento psicológico auxilia, principalmente, na adaptação. Adaptação aos novos hábitos alimentares e de atividade física, a perda de peso rápida e as mudanças corporais, as novas sensações experimentadas e também a ausência delas, entre outras adaptações, afinal é uma nova vida, uma vida fora da zona de conforto experimentada por ele nos últimos anos e até mesmo décadas. Também pode ocorrer a vivência do sentimento de arrependimento, especialmente nos primeiros dias pós-cirúrgicos que são bastante rigorosos e, portanto, o psicólogo poderá ajudá-lo no enfrentamento desses momentos iniciais. Além disso, mudanças sociais e nos relacionamentos acontecem devido ao aumento da autoestima e das mudanças de comportamento. Com o passar do tempo, o reganho de peso torna-se uma realidade e muitas vezes isso pode trazer angústias ao bariatricado, porém, através do acompanhamento multidisciplinar, é possível superar as dificuldades e manter o reganho dentro do esperado.

Acima de qualquer aspecto específico, o acompanhamento psicológico na cirurgia bariátrica visa trazer consciência e bem-estar ao paciente, ajudando-o a fazer as melhores escolhas para a sua vida.

Leia aqui sobre cirurgia bariátrica e o abuso de álcool.

Referências:

Chaves, L. & Navarro, A. C. (2011). Compulsão Alimentar, Obesidade e Emagrecimento. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, 5(27), 110-120.

Conselho Federal de Medicina (2015). Altera o anexo da Resolução CFM nº   1.942/10. Resolução n°2131, de 12 de novembro de 2015. Brasília.

Vasques, F., Martins, F. C. & Azevedo, A. P. (2004). Aspectos psiquiátricos do tratamento da obesidade. Revista de Psiquiatria Clínica, 31(4), 195-198.

Terapia Cognitivo-Comportamental baseada nos princípios ACT

Texto pelo Dr. Leonardo Martins, psicólogo da Clínica Rezende.

* Por Dr. Leonardo Martins

Terapia Cognitivo-Comportamental baseada nos princípios da Acceptance and Commitment Therapy (ACT).  

O que é a ACT

A ACT é uma abordagem que surgiu na década de 90. Apesar de recente, conta hoje com estudos científicos que demostram sua efetividade, sendo opção de primeira escolha para o tratamento de diversos transtornos mentais graves, incluindo aqueles relacionados com ansiedade, depressão, esquizofrenia e transtorno por uso de substâncias.

Além destes, estudos também apontam que esta abordagem é efetiva para ajudar pessoas que tiverem prejuízos em sua qualidade de vida fruto da limitação imposta por doenças crônicas, incluindo até mesmo o manejo da dor crônica.

Outros quadros

Diversos outros quadros também podem trabalhados através desta abordagem, tal como estresse no trabalho, ansiedade social, procrastinação, dentre outros eventos associados com desconforto e prejuízos em diversas ordens.

Seguindo uma vertente positiva, a ACT também tem evidências de que pode auxiliar pessoas que não possuem problemas ou transtornos mentais. Estudos demostram que a ACT pode ser útil no desenvolvimento de potencialidades, contribuindo para promoção do bem-estar e qualidade de vida, aprendizagem de novas habilidades, maior flexibilidade diante de desafios, além da busca por uma vida com mais sentido.

O acrônimo ACT significa ação em inglês, pois nosso trabalho é voltado para que nossos pacientes e clientes possam agir em consonância com seus valores, seguindo em direção ao que mais lhes importa.

Nossa busca pode ser resumida em fornecer os meios para que possamos “viver uma vida que possa valer a pena ser vivida”, mudando o que pode ser mudado e aprendendo a aceitar o que não controlamos, para seguirmos em frente.

Diversas emoções, sentimentos, pensamentos ou mesmos hábitos podem representar barreiras para que nossa ação não vá na direção do que importa. Na ACT aprendemos a identificar essas barreiras e a lidarmos de uma nova maneira com elas, buscando em seguida o compromisso com mudanças que sejam importantes de serem feitas.