Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras informações

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras informações. Saiba o que é TOC e também como atua no cenário de pandemia que estamos vivendo.

* Por Fabrício de Oliveira

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras informações. Vocês já ouviram falar sobre o assunto?

No atual contexto global, o medo de contaminação do novo coronavírus está de forma geral presente. Além de ameaçar nossa integridade física, a pandemia ameaça a nossa saúde emocional. Distinguir o sofrimento normal do sofrimento patológico se mostra ainda mais desafiador. Este texto vem como uma tentativa de ajudar nessa distinção.

TOC EM TEMPOS DE PANDEMIA

Atualmente uma pessoa pode passar grande parte do dia se preocupando com limpeza (pessoal e do ambiente) e se perguntar “Tenho TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) por limpeza?”. Entende-se como habitual pensar que é uma boa prática lavar as mãos ao chegar em casa. Isso é bem diferente de lavar as mãos inúmeras vezes e perder o controle de tal ato, de modo que persista no mesmo, apesar de já possuir ferimentos na pele decorrentes desse excesso.

Levando-se em conta a pandemia, talvez seja oportuno estarmos atentos ao conceito de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), pois nele os pensamentos intrusivos/obsessivos possuem espaço especial, sendo a obsessão de contaminação e sujeira um conteúdo característico. Outro grupo de sintomas refere-se aos rituais de limpeza e lavagem.

O QUE É TOC

Acho útil esclarecer o termo TOC. Trata-se de um transtorno neuropsiquiátrico que tem como principais características as obsessões e as compulsões. Compulsões são comportamentos repetitivos intencionais, geralmente em resposta a uma obsessão. Obsessões são eventos mentais (como pensamentos e imagens) que se apresentam de forma repetitiva ou persistente que vem à consciência contra a vontade do indivíduo.

É importante para o profissional de saúde mental fazer distinções para estabelecer o diagnóstico correto e consequentemente o tratamento correto. No entanto, a distinção do TOC entre outros transtornos (transtorno de ansiedade, do impulso, entre outros) pode ser complicada. Ainda, é muito comum a presença de mais de um transtorno ao mesmo tempo, ou seja, sintomas ansiosos e depressivos podem estar associados aos sintomas obsessivos compulsivos. As informações para a distinção entre patologias são importantes, mas mais importante é tentar entender o sofrimento emocional de uma forma integral e contextualizada. Diferentes indivíduos podem apresentar diferentes respostas a determinadas situações de estresses, indo da indiferença total ao medo incapacitante.

MEDO DE CONTAMINAÇÃO DENTRO E FORA DO TOC

Quais as diferenças entre o medo de contaminação dentro do TOC e o medo da contaminação fora do TOC? Vale ressaltar que nos dois casos citados o sofrimento emocional  pode ser intenso e talvez o mais importante seja saber quando procurar ajuda profissional.

Dentre o leque de ajuda estão os profissionais de saúde mental, sendo que a utilização de recursos terapêuticos (farmacológicos ou não farmacológicos) pode ser de grande valia.

Frequentemente ouvimos a seguinte frase: “A informação é o melhor remédio”. Acredito que uma informação colhida com um bom profissional possa ser um remédio mais seguro.

Obesidade e Coronavírus.

A Dra. Juliana, endocrinologista da Clínica Rezende, disponibilizou um texto sobre o assunto. Clique aqui.

* Por Juliana Costa

Você sabia que a obesidade é fator de risco para coronavírus?

No Brasil, mais da metade da população tem sobrepeso e a obesidade atinge um a cada cinco brasileiros, de acordo com dados da pesquisa publicada em 2019. A obesidade é considerada um fator de risco para diversas doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares e complicações pulmonares, doenças que também determinam um maior risco de desenvolver um quadro grave de COVID-19.

IMUNIDADE

A obesidade, hipertensão, diabetes ou qualquer doença que diminua a imunidade pode ser fator de risco para desenvolver forma grave de COVID-19. Se uma pessoa obesa tem a doença causada pelo novo coronavírus, seu corpo passa a lutar contra dois quadros diferentes. A obesidade , por si só,
causa um estado de inflamação crônica no corpo. Isso afeta o funcionamento de algumas células que têm a função de barreira protetora no nosso organismo . Além disso, o processo inflamatório crônico, causa uma redução da imunidade. Dessa forma, a gravidade da infecção por COVID – 19 pode ser maior para esse paciente.

A obesidade também pode prejudicar a capacidade respiratória, que é fortemente afetada em pacientes com a doença causada pelo novo coronavírus. Quando se expande, o pulmão se esforça muito para empurrar o peso do tórax de uma pessoa obesa, causando fadiga da musculatura respiratória. No mesmo sentido, o diafragma também precisa fazer uma força muito maior para vencer a pressão intra-abdominal.

Além de respeitarem as orientações de isolamento e higiene para evitar o vírus, as pessoas devem continuar se alimentando de forma saudável e se possível, praticando exercícios dentro de casa.
Ajuda a fortalecer a imunidade e a manter o melhor controle das comorbidades. Se você é obeso, também pode começar hoje. Minha recomendação é que você procure a orientação de profissionais que
estão atendendo online, via telemedicina, regulamentada recentemente pelo CFM.

A vida na hora

Você imaginou que em algum momento da sua vida você fosse ser orientada(o) a permanecer em casa por tempo indeterminado devido a uma pandemia? À ameaça (real) de um vírus?

* Por Vívian Hauck

Vou começar esse texto com um texto que não é meu. Num momento como o que estamos vivendo, preferi começar com poesia. Com vocês, “A vida na hora” de Wislawa Szymborska:

“A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.

Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.

De que trata a peça
devo adivinhar já em cena.

Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismos.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.

Não dá para retirar as palavras e reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado –
eis os efeitos deploráveis desta urgência.

Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.

Isso é justo – pergunto (com voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).

É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.”

 

Você imaginou que em algum momento da sua vida você fosse ser orientada(o) a permanecer em casa por tempo indeterminado devido a uma pandemia? À ameaça (real) de um vírus?

Um vírus.

Um vírus. Pequeno, invisível a olho nu.

Um vírus. Que veio lá da China. Que atravessou o mundo. Que chegou até aqui.

Um vírus. Que vem dar a prova de que não, não somos onipotentes.

Não podemos tudo e controlamos pouco (quase nada).

Repito: não podemos tudo e controlamos pouco (quase nada).

Há que se ter humildade perante o que pode O Vírus.

É só a partir desse e com esse reconhecimento que poderemos traçar o que podemos nós, então.

Aos que podem ficar em casa, fiquem. Aos que devem seguir trabalhando, coragem. A todos nós, humildade e compromisso social. Que nos cuidemos e cuidemos uns dos outros.

A realidade nos convoca, se impõe. Não houve ensaio e não haverá ensaio. Não há roteiro. Nós já estamos em cena, as cortinas já estão abertas.

A realidade é agora. Que façamos o melhor que pudermos, com responsabilidade.