Como se conhecer através da alimentação

Você já se pegou comendo demais porque está ansiosa ou perdendo o apetite porque está tensa ou angustiada? Ou então comendo só pra fazer companhia para suas amigas, seu namorado ou sua mãe?

* Por Anelisa Rezende

Você já pensou em como se conhecer através da alimentação? Você já se pegou comendo demais porque está ansiosa ou perdendo o apetite porque está tensa ou angustiada? Ou então comendo só pra fazer companhia para suas amigas, seu namorado ou sua mãe? Já se pegou satisfeita, mas se obrigando a comer até raspar o prato pra não desperdiçar? E sentindo culpa porque comeu algo que nem estava com vontade, mas que acabou comendo porque ficou muito tempo sentindo fome ou se restringindo de algum alimento?

Pois é, sejam bem-vindas ao time que percebe que a alimentação não é só matemática, calorias, proteína, lactose, glúten, açúcar. Que percebe que como e pra que nós comemos pode ser mais importante do que comemos, isso pelo simples fato de sermos humanos e não máquinas.

Como ser saudável: já sabemos, porém, ficamos perdidos

Informações sobre como sermos saudáveis, do ponto de vista físico, nós já temos. A grande questão é que percebemos que tantas informações cruzadas acabam nos deixando ainda mais perdidos.  E como se conhecer através da alimentação, se tantas coisas externas influenciam? Já sabemos que se comermos mais comida de verdade no dia a dia e se evitarmos o consumo exagerado de açúcares, óleos refinados, sal, carnes vermelhas, álcool, refrigerantes, etc, nós teremos saúde física.

Agora trabalhar o bem estar mental e social aliado a isso é onde está o segredo de uma saúde completa (bem estar físico, mental e social), porque o mundo de hoje nos faz querer resolver tudo de uma vez, gerando ainda mais estresse e cobrança e mais uma vez refletindo na alimentação. Por isso vejo o quanto é importante respeitarmos nossas limitações, começarmos por onde é mais fácil, pois assim naturalmente os hábitos vão se transformando.

Autoconhecimento

Hoje em dia percebo o quanto nós buscamos o autoconhecimento por vários caminhos diferentes, como livros, palestras, vídeos no YouTube, yoga, terapias, etc. Desta forma eu me pergunto porque não fazemos isso também através de algo que fazemos várias vezes ao dia e em todas as fases
da vida: a alimentação! Através dela podemos entender melhor sobre consciência, escolhas e auto-responsabilidade, que são palavras muito mais gentis que restrições, exageros, proibições, etc.

Imagino, por exemplo, que quando falo em evitar o excesso de tais alimentos, vocês deve se perguntar: o que é excesso? Quanto o meu corpo precisa? E a resposta é a melhor e mais simples que existe: a resposta está dentro de você. Basta você se conectar com seu corpo e saber decifrar os sinais que ele te envia. Como muitas vezes estamos habituados a seguir regras e a mentalidade da dieta (controle), essa proposta pode gerar o medo do descontrole (comer tudo que quiser de forma exagerada), mas na verdade o que vai sendo construído são as escolhas conscientes, através de
ferramentas práticas e orientações gentis.

Por isso me considero uma nutricionista humanizada, que busca facilitar e ser suporte para que aprenda a reaprender sobre essa conexão consigo mesma e com o alimento, pois assim você saberá tudo que seu corpo precisa em cada momento, para evitar que chegue a um estágio de carências
nutricionais, excesso de peso e doenças que podem estar associadas também ao exagero alimentar (diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, etc).

Olhar para dentro

Nós sabemos que esse caminho é mais trabalhoso, pois olhar pra dentro é mais desafiador que seguir uma prescrição feita por outra pessoa, prática e simples, porém quando aprendemos o processo nos sentimos donas das próprias escolhas (autonomia) e ficamos livres pra comer e discernir o que é fome, saciedade e o melhor: a satisfação, que é comer exatamente o que deseja e não o que foi imposto ou escolhido sem consciência por qual seja o motivo. Por esses motivos, esse caminho é muito mais
respeitoso e sustentável.

Agora que você já sabe como se conhecer através da alimentação, clique aqui e leia também sobre transtornos alimentares.

O consumo problemático de álcool

O consumo problemático de álcool é mais comum que imaginamos. O seu uso é feito nos mais variados contextos, indo desde o religioso e ritualístico, até na celebração de eventos especiais, quanto em situações cotidianas.

* Por Dr. Leonardo Martins

O consumo problemático de álcool é mais comum que imaginamos. Você sabia que existem registros do consumo de álcool ao longo de milhares de anos da história da humanidade?

Você saberia dizer qual é o padrão de consumo que os estudos apontam como podendo ser considerado um consumo problemático?

Registros arqueológicos apontam que o consumo de bebidas alcoólicas está presente na história da humanidade há mais de 13 mil anos. A sua produção pode inclusive ter iniciado mesmo antes do desenvolvimento das primeiras técnicas agrícolas, necessárias ao cultivo de cereais presentes em
bebidas fermentadas.

Álcool presente em diversos contextos

Com diferentes apresentações, variando em ingredientes, gradação alcoólica, modos de produção e consumo, o álcool está presente na cultura de diversos povos. O seu uso é feito nos mais variados contextos, indo desde o religioso e ritualístico, passando pelo seu uso recreativo presente tanto
na celebração de eventos especiais, quanto em situações cotidianas.

Contudo, o uso de bebidas alcoólicas, em qualquer destes cenários, pode estar associado com episódios de intoxicação, apresentando riscos para a saúde física e mental, assim como consequências sociais relevantes.

O uso problemático de álcool pode ser caracterizado por aquele que está associado com riscos aumentados e prejuízos em qualquer área da vida. Quanto maior a frequência e maior a dose consumida, maior a exposição a fatores que podem levar a tais problemas. A despeito desta relação, elementos contextuais podem alterar a gravidade destas consequências, gerando em alguns casos, recomendações expressas de redução do consumo ou mesmo abstinência.

Riscos do consumo de álcool

O consumo de álcool durante a gravidez é um exemplo, uma vez que neste contexto, todo e qualquer consumo envolve risco para o bebê, sendo expressamente recomendado a não ingestão desta substância. Em um outro contexto, mesmo um único episódio de intoxicação, quando associado com
maiores riscos, pode inclusive envolver desfechos fatais, tais como no caso de acidentes automobilísticos oriundos da associação entre o consumo de álcool e a condução de veículos automotores.

Apesar destes contextos específicos serem muito importantes, evidências apontam de forma clara que o consumo de álcool, mesmo em doses consideradas baixas, não melhora nenhuma condição de saúde, sendo que o seu consumo problemático está relacionado com mais de 200 tipos de problemas de saúde. Neste grupo inclui-se quadros graves, como alguns tipo de câncer, além do desenvolvimento da própria dependência de álcool.

Álcool e saúde mental

Não só a nossa saúde física, mas também nosso bem-estar e saúde mental podem ser afetados pelo consumo problemático de álcool. Estudos consistentes apontam para problemas que muitas vezes nem imaginávamos.

Um exemplo comum, são os prejuízos com o sono, uma vez que o seu consumo prejudica a qualidade e as funções reparadoras do mesmo. O mito da automedicação também segue na mesma direção, já que estudos indicam que é errôneo considerar o uso de álcool como recurso para lidar com tensões do dia-a-dia, uma vez que o mesmo pode tornar-se um gatilho que conduz a experiências de maior tensão, pior humor, aumentando a chance de uma autoadministração futura.

A própria ressaca envolve um conjunto de prejuízos relacionados ao desempenho em tarefas que exigem tanto esforço físico como cognitivo.

Padrões de consumo considerados problemáticos

Mesmo que estejamos cada vez mais conscientes sobre os riscos associados com o consumo exagerado de algumas substâncias, podemos afirmar que o uso problemático de bebidas alcoólicas é amplamente negligenciado. De uma forma geral, tendemos a associar problemas relacionados ao seu
consumo apenas aos casos mais graves, especialmente àqueles relacionados à dependência.

Contudo, o que sabemos que a maior parte dos problemas mencionados aqui, têm seu risco aumentado ou surgem entre pessoas que não são dependentes, mas que fazem um consumo pesado de álcool.

Essas pessoas são também chamadas de usuários de risco e incluem desde pessoas que exageram nos finais de semana, até quem passa por anos bebendo em padrão pesado, mas que ainda não experimentou os prejuízos relacionados. Pensar que somente os casos mais graves correm risco, seria análogo a considerarmos que o consumo exagerado de açúcar pudesse ser um problema apenas para pessoas com diabetes ou com um quadro de obesidade.

Assim como prevenimos problemas de saúde ficando atentos à nossa alimentação e prática de atividades físicas, também podemos prevenir
problemas importantes ao estarmos atentos ao nosso consumo de álcool e seus riscos associados.

Quando procurar ajuda de um profissional

Você consome álcool ou convive com alguém que faz o seu consumo de forma problemática?

Quer saber mais sobre os riscos específicos relacionados à cada condição de saúde ou receber  orientações sobre como diminuir seu consumo ou parar de beber?

Recomendamos que caso tenha respondido sim para alguma destas perguntas, procure a ajuda de um profissional de saúde capacitado.

Ao longo dos anos, acumulamos um conjunto importante de evidências científicas que apoiam tratamentos e estratégias de prevenção para os diversos níveis de gravidade associados com o consumo de álcool, incluindo à própria dependência. O papel de um profissional qualificado que conheça essas diferentes estratégias é fundamental para o apoio à pessoa
que vem apresentando problemas ou que possui risco de apresentar no futuro.

Alguns recursos adicionais, apesar de não dispensarem a consulta de um profissional de saúde, podem até ser úteis para que você conheça mais sobre o seu consumo e tenha informações sobre tais problemas. Um exemplo são os sites de informações sobre o assunto desenvolvidos por grupos de
pesquisa, tais como o www.informalcool.org.br (UNIFESP/UFJF/UFPR) e o www.alcoolesaude.com.br desenvolvido por pesquisadores da UFJF.

Leita também sobre transtorno alimentar, clicando aqui.

FONTE: National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA).

Casswell, S. (2019). Will alcohol harm get the global response it deserves?. The Lancet, 394(10207), 1396-1397.

Liu, L., Wang, J., Rosenberg, D., Zhao, H., Lengyel, G., & Nadel, D. (2018). Fermented beverage and food storage in 13,000 y-old stone mortars at Raqefet Cave, Israel: Investigating Natufian ritual feasting. Journal of Archaeological Science: Reports, 21, 783-793.

Steward, J., & Oppenheim, L. A. (1953). Symposium: Did man once live by beer alone. Am Anthro, 55, 515-526.

Outubro Rosa e Saúde Mental: Qual a relação?

Saiba mais sobre a importância da Saúde Mental no diagnóstico do câncer de mama.

* Por Fernanda Barroso de Rezende.

Outubro Rosa e Saúde Mental: Qual a relação?

O câncer de mama é o segundo tipo que mais afeta o sexo feminino. E é também o tipo com maior prevalência de comorbidades psiquiátricas. Por isso, todos os anos acontece a campanha Outubro Rosa, que é o mês de conscientização e prevenção do câncer de mama.

O INCA e o Ministério da saúde lançaram a campanha Outubro Rosa 2019, que reforça três pilares estratégicos no controle da doença: prevenção primária, diagnóstico precoce e mamografia. 

Sintomas

Os principais sinais e sintomas da doença são: caroço endurecido, fixo e indolor, pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito e saída espontânea de líquido em um dos mamilos. Não há causa única, diversos agentes estão relacionados: envelhecimento, história familiar de câncer de mama, consumo de álcool e excesso de peso.

A prática de atividade de física e de alimentação saudável, com a manutenção do peso corporal, estão associados a menor risco de desenvolver câncer de mama. 

Diagnóstico

O diagnóstico de câncer pode ser acompanhado de transtornos psiquiátricos como ansiedade e depressão. Altera o modo de viver e pensar do paciente. Com o tempo, ao perceber que a doença pode ser controlada e a vida prolongada, muitos pacientes passam a aceitar melhor a possibilidade de continuidade da vida cotidiana e de realização de seus projetos pessoais. 

O bom relacionamento com familiares, boas habilidades e relações sociais, prática de atividade física, confiança em si mesmo e capacidade de procurar ajuda quando surgem dificuldades, são fatores de proteção para uma boa saúde mental. 

O cuidado com as mamas deve ser uma preocupação permanente. ‘Cada corpo tem uma história. O cuidado com as mamas faz parte dela’.

Hábitos saudáveis são fatores de proteção contra o câncer de mama e comorbidades psiquiátricas.

Fonte: INCA

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Precisamos falar sobre transtorno alimentar!

Os transtornos alimentares são transtornos psiquiátricos causados por alterações na autoimagem, ou seja, na forma como o indivíduo se vê, na sua relação com o próprio corpo e com a comida.

* Por Dr. Alexandre de Rezende.

Sim, precisamos falar sobre transtorno alimentar! Os transtornos alimentares são transtornos psiquiátricos causados por alterações na  autoimagem, ou seja, na forma como o indivíduo se vê, na sua relação com o próprio corpo e com a comida. Dentre os mais importantes podemos citar a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar.

Nos últimos anos, tem havido um aumento na ocorrência desses transtornos alimentares em nosso meio, fazendo com que dados atuais apontem que em torno de 7,8% das pessoas apresentam alguma dessas condições. Porém, os transtornos alimentares podem atingir 13% das adolescentes e, em geral, 80% das pessoas não recebem tratamento adequado. Dados internacionais indicam que, desde o início dos anos 2000 até hoje, as taxas de prevalência mais do que dobraram. As mulheres jovens são o grupo mais acometido, incidindo principalmente em profissões e atividades que tenham ligação com o corpo e a estética, como modelos, bailarinas e atrizes, mas também profissionais da moda, estudantes de psicologia e nutrição.

Os transtornos alimentares são doenças de etiologia multifatorial, ou seja, estão relacionadas com fatores psicológicos, tais como baixa autoestima, tendências ao perfeccionismo, dificuldades de expressar ou lidar com as emoções; também com fatores genéticos, alterações neuroendócrinas nos moduladores cerebrais da fome e saciedade; e fatores socioculturais, como a valorização exagerada e inadequada da magreza como padrão de beleza.

Anorexia nervosa:

A anorexia nervosa se caracteriza por uma importante distorção da imagem corporal, em que o paciente, embora com perda importante de peso, tem a convicção de estar gordo e apresenta um medo muito grande de engordar ainda mais.

Com isso, utiliza-se de estratégias de restrição alimentar como uma busca desenfreada da magreza, que nunca é alcançada. A anorexia nervosa é um dos transtornos psiquiátricos mais graves, cuja mortalidade pode atingir até 20% dos casos. Um dado importante é que, tendo em vista as alterações da autoimagem, os pacientes na maioria das vezes não reconhecem o problema, julgam que seu comportamento alimentar é normal, o que só dificulta a busca e a aceitação do tratamento.

A bulimia nervosa:

A bulimia nervosa, por sua vez, tem por características a presença de episódios recorrentes de compulsão alimentar. Essas ocorrências são definidas como a ingestão num curto período de tempo de uma quantidade exagerada de alimentos, mais do que seria esperado (fala-se do consumo de 1000 calorias num espaço de 2 horas). Há também descrita pelos pacientes uma sensação de falta de controle que leva a esses comportamentos de exagero alimentar.

Após esses episódios, o paciente se sente culpado e envergonhado, pois também há uma preocupação excessiva com o peso e forma corporal. Dessa maneira, o paciente adota as chamadas medidas compensatórias, tidas como inadequadas, que vão além da indução de vômitos (purgação), mas também englobam o uso de laxantes ou outros medicamentos com o intuito de eliminar o que fora comido, realização de jejuns prolongados e atividade física em excesso. Segundo os critérios diagnósticos, esses episódios compulsivos e compensatórios devem ocorrer pelo menos 1 vez por semana por pelo menos 3 meses. Por essa razão, o peso dos pacientes com bulimia nervosa é normal ou levemente aumentado.

Transtorno de compulsão alimentar:

Por fim, temos o transtorno de compulsão alimentar (conhecido pelas iniciais TCA), também definido como a presença de episódios compulsivos ocorrendo pelo menos 1 vez por semana durante 3 meses. No TCA não existem as medidas compensatórias, mas há uma série de comportamentos associados, a saber: comer mais rapidamente do que o normal; comer até se sentir desconfortavelmente cheio; comer grandes quantidades de alimentos na ausência de sensação física de fome; sentir-se culpado e comer sozinho pela vergonha do quanto se está comendo. Há uma grande associação de TCA com obesidade.

Cerca de metade das pessoas com tal transtorno está acima do peso. A prevalência de TCA na população geral é de 2%, em obesos é de 8%, e chega a 50 até 75% em indivíduos obesos graves (a chamada obesidade grau III).

O tratamento dos transtornos alimentares requer uma equipe multidisciplinar. O grande objetivo é tratar as complicações clínicas e psiquiátricas comórbidas, promover uma recuperação da autoimagem e melhora da autoestima e insatisfação com o corpo. E, acima de tudo, tornar a relação com a comida mais adequada. Para tanto, a presença e participação da família é fundamental.